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Petrobras estuda retomar refino e petroquímica no antigo Comperj

Projeto que foi alvo da Lava Jato havia sido desidratado pelas gestões anteriores da estatal

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Rio de Janeiro

A Petrobras estuda retomar investimentos em refino e petroquímica no Polo Gaslub, projeto que nasceu como Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), localizado em Itaboraí, na região metropolitana da capital fluminense.

Alvo das investigações da Operação Lava Jato, o projeto foi desidratado por gestões anteriores da estatal: inicialmente projetado para abrigar uma refinaria e um polo petroquímico, hoje recebe aportes apenas em uma unidade de tratamento de gás natural.

A retomada dos investimentos no local é parte de estudos para ampliar a capacidade de refino no país, com foco em diesel produzido a partir da mistura de petróleo com óleos vegetais, também conhecido como diesel verde.

Sede do Comperj em Itaboraí (RJ) - Ricardo Borges - 05.mar.2015/Folhapress

Os estudos para a ampliação do parque de refino foram divulgados primeiro pelo jornal "O Globo" e confirmados pela estatal em comunicado ao mercado nesta segunda-feira (17). A empresa ressalta, porém, que são estudos preliminares, que dependem de avaliação da governança interna.

A companhia já havia separado em seu último plano estratégico US$ 600 milhões para a produção de combustíveis mais sustentáveis nas refinarias de Cubatão (SP), Paulínia (SP), Duque de Caxias (RJ) e do Paraná.

Agora, inclui o Polo Gaslub e as refinarias de Betim (MG) e de Pernambuco (Rnest), também pivô da Lava Jato e que retornou ao plano de investimentos da Petrobras em 2021, após tentativa fracassada de venda - a ideia é finalmente concluir a unidade, que opera com metade de sua capacidade.

O investimento em diesel com adição de óleos vegetais é parte dos pilares do primeiro rascunho estratégico da companhia sob o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), lançado no fim de março.

Entre as propostas que definirão os investimentos futuros, está a "ênfase na adequação e aprimoramento do parque atual de refino por meio do ganho de eficiência e conjugação de matérias-primas de matriz renovável no desenvolvimento de processos industriais resilientes e produtos sustentáveis".

A Petrobras ainda não detalhou, porém, quanto gastará nesse segmento. O mercado espera que parte do orçamento seja anunciado ainda este mês, como parte de uma estratégia para direcionar parcela dos dividendos da empresa para investimentos.

Na região do antigo Comperj há hoje obras para a conclusão da unidade de tratamento de gás que receberá a produção dos maiores campos do pré-sal através de um sistema de gasodutos batizado de Rota 3.

As obras da refinaria estão paradas desde 2015 e o polo petroquímico nunca saiu do papel. O projeto foi lançado com estardalhaço no segundo governo Lula, em 2008, com previsão de início de operações em 2012 e gastos de US$ 6,5 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões, ao câmbio da época).

Em 2021, a Petrobras e o governo do Rio de Janeiro lançaram um programa para tentar atrair empresas para a área do complexo, que tem 43 mil quilômetros quadrados, com expectativa de até R$ 15 bilhões em investimentos, mas também não houve grande avanço.

No comunicado desta segunda, a Petrobras diz que avalia novas plantas dedicadas à produção de diesel com matéria-prima 100% sustentável, que chama de diesel R100, na Rnest e no Polo Gaslub. Essas instalações são conhecidas como biorrefinarias.

Diz também que o Polo Gaslub "poderá ter ampliação de escopo para produzir produtos petroquímicos de segunda geração", admitindo pela primeira vez após a suspensão do projeto a possibilidade de voltar a investir em unidades petroquímicas no projeto.

A Petrobras não dá maiores detalhes, mas a FUP (Federação Única dos Petroleiros) estima que as novas unidades de diesel verde na Rnest e no Comperj possam começar a operar em 2028. A primeira unidade para produzir diesel 100% renovável da empresa deve começar a operar em 2026 na refinaria de Cubatão.

A retomada dos investimentos em refino é promessa de campanha de Lula e representa uma guinada em relação à estratégia da companhia nos governos Bolsonaro e Michel Temer, quando o foco era restringir a atuação neste segmento à região Sudeste, vendendo unidades no resto do país.

A empresa, porém, conseguiu vender apenas as refinarias da Bahia e do Amazonas e um polo de produção de xisto no Paraná. Comprador da refinaria baiana, o fundo árabe Mubadala anunciou investimento de R$ 12 bilhões em uma planta de diesel verde na unidade.

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