Veja como será a nova Tiffany da 5ª Avenida, a loja de 'Bonequinha de Luxo'

Depois de uma reforma que durou quase quatro anos, a famosa joalheria em Manhattan está pronta para reabrir sob nova direção

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Alex Vadukul
Nova York | The New York Times

Durante quase quatro anos, a loja principal da Tiffany & Co., na esquina da Quinta Avenida com a Rua 57 Leste, esteve envolta em andaimes enquanto passava por uma reforma completa. Nos dias anteriores à reinauguração, marcada para 28 de abril, um vice-presidente executivo da Tiffany, Alexandre Arnault, e o CEO da empresa, Anthony Ledru, monitoravam os preparativos finais enquanto sussurravam um para o outro em francês.

As vitrines brilhavam com peças Tiffany –pulseiras com pequenos corações, braceletes Bone Cuffs de Elsa Peretti e colares de Paloma Picasso. Telas digitais ao redor da sala mostravam uma animação de um pássaro incrustado de diamantes voando sobre Nova York.

"Fizemos muitas perguntas a nós mesmos ao entrar nisso", disse Ledru, 50. "Vamos mudar o tom geral? Respeitar a tradição? Decidimos fazer as duas coisas."

Ele gesticulou em direção ao pássaro digitalizado, notando que era inspirado num desenho do famoso joalheiro da Tiffany, Jean Schlumberger.

"Existe aquela tensão: modernidade e legado", disse ele.

Alexandre Arnault, vice-presidente executivo da Tiffany, na recém-reformada loja principal da Tiffany & Company em Nova York - NYT

Muita coisa mudou na Tiffany's desde que a reforma começou. Principalmente a propriedade da empresa. Em 2021, após negociações difíceis, a LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton adquiriu a Tiffany por cerca de US$ 16 bilhões. A venda foi um dos maiores negócios já realizados no mundo do luxo, bem como a aquisição de marca americana mais significativa da LVMH até o momento.

Com efeito, a joalheria passou a ser propriedade de Bernard Arnault, o fundador, ex-presidente e maior acionista da LVMH, de 74 anos, que recentemente destronou Elon Musk como a pessoa mais rica do mundo, segundo o Índice de Bilionários Bloomberg. Durante três décadas, ele construiu um reino de mais de 75 marcas, incluindo Dior, Celine, TAG Heuer, Bulgari, Fendi, Dom Pérignon e Sephora.

Enquanto os trabalhadores da construção agiam no andar térreo, na semana passada, um dos cinco filhos de Arnault, Alexandre Arnault, 30, estava perto do local onde seria instalada a pintura "Equals Pi", de Jean-Michel Basquiat. Com um tom de azul semelhante à cor característica da Tiffany, a pintura apareceu com destaque na campanha publicitária "About Love" da marca em 2021, estrelada por Jay-Z e Beyoncé.

"Quando as pessoas entrarem pela Quinta Avenida, verão o Basquiat", disse Alexandre Arnault, que vestia um terno Dior e tênis Loro Piana. "É uma parte importante da marca Tiffany agora."

Alto e magro, Arnault, responsável por grande parte da visão criativa da Tiffany, foi um dos arquitetos da campanha "About Love". O uso do Basquiat gerou um pouco de controvérsia quando um ex-assistente do artista insistiu que ele não pretendeu fazer nenhuma homenagem à marca.

Mas isso não importava muito do ponto de vista do marketing: o nome Tiffany estava nos noticiários há dias, sinalizando que não pertencia mais apenas à época em que Holly Golightly (interpretada por Audrey Hepburn) admirava as vitrines de sua loja principal no filme de 1960 "Bonequinha de Luxo". A nova Tiffany, a Tiffany LVMH, mostrava-se como uma marca que também podia ser disruptiva e viral.

Em meio a especulações sobre qual dos filhos de Arnault sucederá ao fundador da LVMH, Alexandre foi encarregado de supervisionar a reforma da loja Tiffany, que a empresa chama de Landmark (marco histórico). Antes de se mudar de Paris para Nova York há dois anos para mergulhar no projeto, ele revigorou a empresa de bagagens Rimowa, outra marca da LVMH, por meio de colaborações com Virgil Abloh e Supreme.

Ledru, o CEO da Tiffany, que nasceu na região da Bretanha e foi criado em Lille, na França, é um veterano da indústria de luxo que trabalhou para Louis Vuitton, Harry Winston e Cartier. Quando uma gota de sangue apareceu em seu queixo naquela tarde, resultado de um corte ao barbear, um publicitário correu para buscar um guardanapo.

"Este não é apenas mais um carro-chefe", disse Ledru. "Para nós, a Landmark é agora o farol da marca."

A reinauguração deixou a fachada do prédio intocada, e o relógio da estátua de Atlas continua acima de sua porta de entrada, mas restou pouco mais. A Landmark representa claramente o desejo da LVMH de imprimir seu DNA na empresa, que foi fundada em 1837 por Charles Lewis Tiffany e John B. Young.

A loja matriz da Tiffany foi inaugurada na Quinta Avenida em 1940. Quando a reforma visceral começou, em 2019, ela se mudou para o antigo local da Niketown, ao lado. A Landmark foi projetada pelo arquiteto Peter Marino, e seus dez andares estão repletos de obras de artistas como Damien Hirst, Jenny Holzer, Richard Prince e Rashid Johnson. Os equipamentos atrativos incluem um restaurante Daniel Boulud, o Blue Box Cafe, que serve uma refeição "Breakfast at Tiffany", e uma sala de "experiência Audrey Hepburn" que apresenta uma réplica de seu vestido preto Givenchy da cena inicial do filme –a LVMH adquiriu a Givenchy em 1988.

"As pessoas se identificam muito com ela quando se trata da Tiffany", disse Arnault. "Então, quisemos lhe fazer uma homenagem."

Audrey Hepburn vestida de Givenchy com seu café e um croissant na vitrine da Tiffany no filme "Bonequinha de Luxo" - Reprodução

Enquanto davam uma volta pelo prédio com o repórter, os dois executivos subiram uma escada ondulante forrada de espelhos, inspirada nos designs de Peretti. O terceiro andar é especializado em alianças de casamento e noivado, o quarto em ouro e diamantes, o quinto em prata e o sexto em acessórios para a casa. O sétimo andar inclui um departamento da Patek Philippe e uma oficina de joias.

Ledru descreveu as nuances envolvidas no projeto de cada andar, enquanto Arnault se desviou do tour de imprensa, inspecionando as salas laterais e tirando fotos com seu telefone.

Mais cedo, os dois executivos haviam dado uma entrevista mais formal, sentados num sofá verde numa sala forrada de livros. Conservadora e discreta em sua abordagem de relações públicas, a LVMH não revelou o custo de construção da Landmark. Um publicitário, que participou da entrevista, disse de antemão que perguntas sobre a sucessão da LVMH estavam barradas. No entanto, Arnault e Ledru responderam a algumas perguntas importantes.

Aos 30 anos, Arnault sentia algum "calor" para cumprir sua missão para a família?

"Estou suando?", disse ele. "Não. Porque estou rodeado dos melhores profissionais que poderíamos ter."

Na véspera da inauguração da Landmark, eles estavam preocupados com a possibilidade de uma recessão?

"Há altos e baixos, mas uma coisa típica dos Estados Unidos é que eles retornam fortes", disse Ledru. "Nova York está muito mais forte agora do que no ano passado e no ano anterior. Não quero ser excessivamente confiante, mas estamos felizes por finalmente abrir nossas portas."

Depois que os dois terminaram a visita à Landmark, foram ao terraço no oitavo andar do prédio. Ficaram na brisa fresca da primavera enquanto apreciavam a vista da Quinta Avenida.

"Nada mal, hem?", disse Ledru.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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