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Fed aumenta juros dos EUA em 0,25 ponto e sinaliza pausa no ciclo de altas

Powell diz, no entanto, que ainda é cedo para afirmar que novos aumentos não ocorrerão mais

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Howard Schneider Ann Saphir
Washington | Reuters

O Fed (Federal Reserve, o banco central americano) elevou nesta quarta-feira (3) a taxa de juros em 0,25 ponto percentual e sinalizou que deve pausar os aumentos, dando tempo às autoridades para avaliar as consequências das recentes falências de bancos, aguardar a resolução de um impasse político sobre o teto da dívida dos Estados Unidos e monitorar o curso da inflação.

A decisão unânime elevou a taxa de juros de referência do banco central dos EUA para a faixa de 5,00% a 5,25%, no décimo aumento consecutivo do Fed em um ciclo iniciado em março de 2022.

Em uma mudança de postura, o banco central não diz mais que "antecipa" que novas elevações de juros serão necessárias, apenas que observará os dados recebidos para determinar se mais aumentos "podem ser apropriados".

Fachada do Federal Reserve, em Washington. Acima da primeira viga, está uma escultura de águia-de-cabeça-branca, símbolo nacional dos EUA.
Fachada do Federal Reserve, em Washington - Jonathan Ernst/Reuters

O novo posicionamento, no entanto, não garante que o Fed manterá os juros estáveis em sua próxima reunião, em junho —o comunicado da instituição destacou que "a inflação permanece elevada" e a expansão do emprego ainda "está em ritmo robusto".

Em entrevista a jornalistas após a divulgação da decisão, o presidente do banco central americano, Jerome Powell, disse que ainda considera que a alta de preços está em patamar muito elevado e que as pressões continuam a ser motivo de preocupação.

Diante desse cenário, Powell disse que é muito cedo para dizer que o ciclo de alta dos juros acabou. "Estamos preparados para fazer mais" incrementos nas taxas se necessário, disse.

Não houve uma decisão de pausar os aumentos de juros na reunião do Fed de junho, e o que acontece a seguir com os custos de empréstimos é uma decisão que será tomada a cada a reunião, afirmou Powell.

"Para mim, a chave foi a mudança de uma única palavra, dizendo que eles determinarão se futuros aumentos serão necessários, enquanto da última vez eles disseram estar antecipando que novos aumentos de juros seriam necessários", disse Sam Stovall, estrategista-chefe de investimentos da CFRA Research em Nova York.

"Com a palavra 'determinar' no lugar de 'antecipar', estão essencialmente dizendo aos mercados que o Fed está agora em pausa."

Os juros nos EUA estão agora praticamente no mesmo nível em que estavam às vésperas da crise financeira de 2008, e no patamar que uma série de autoridades do banco central projetou, em março, que seria adequado para levar a inflação de volta à meta de 2% —menos da metade do patamar em que a taxa se encontra atualmente.

O crescimento continua modesto, mas "os desdobramentos recentes provavelmente resultarão em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas e pesarão na atividade econômica, nas contratações e na inflação", disse o Fed.

Os riscos em torno das recentes falências de vários bancos dos EUA e do impasse sobre o limite da dívida no Congresso americano ampliaram o senso de cautela da autoridade monetária sobre tentar subir mais os juros.

A mudança se refletiu nos preços futuros das taxas de juros do país, refletindo uma ampla expectativa de que não haverá novos aumentos de juros em nenhuma das próximas duas reuniões do Fed.

As ações, por sua vez, mostravam ganhos modestos, enquanto os rendimentos dos títulos americanos permaneciam mais baixos na sessão. O dólar enfraquecia em relação a uma cesta de moedas de parceiros comerciais.

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