Bolsa atinge ponto mais alto desde 2021 impulsionada por Vale; dólar cai a R$ 4,85

Otimismo sobre Fed pesa contra moeda americana, que termina o dia em queda de mais de 1%

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São Paulo

A Bolsa brasileira registrava forte alta e operava acima dos 126 mil pontos nesta segunda-feira (20) impulsionada pela subida do petróleo e do minério de ferro no exterior, que beneficiou as ações da Vale, a maior do Ibovespa.

No fechamento desta segunda, o índice subiu 0,95%, aos 125.957 pontos, enquanto os papéis da Vale avançavam 2,45%.

A sessão desta segunda, no entanto, teve volume reduzido por conta do feriado do Dia da Consciência Negra em diversas cidades do Brasil, incluindo São Paulo.

Já o dólar recuou 1,10% e terminou o dia cotado a R$ 4,851, impactado pelas apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve, banco central americano, nos Estados Unidos, após dados fracos sobre a economia do país, em especial indicadores de inflação, divulgados na semana passada.

"A queda resultante das taxas dos Estados Unidos e a fuga dos portos seguros para os ativos de risco abalaram o dólar", disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury. "Os mercados já eliminaram qualquer chance de aumentos adicionais por parte do Fed, e agora esperam que o primeiro corte nas taxas de juros ocorra em maio de 2024."

O movimento do dólar ao longo da sessão acompanhou a fragilidade da divisa norte-americana no exterior, O índice da divisa americana frente a uma cesta de pares fortes recuava cerca de 0,50% no fim da tarde desta segunda-feira, em linha com nova baixa nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, os chamados "treasuries".

Mulher segura notas de dólares em frente a uma calculadora
Negociações desta segunda devem ser menores em virtude do feriado em seis Estados, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro - Dado Ruvic/Reuters

Ao mesmo tempo que justificam o fim das altas de juros, os dados também não acenderam o alerta para uma recessão na maior economia do mundo, uma notícia duplamente positiva para o apetite por risco global.

Juros mais baixos nos Estados Unidos costumam favorecer divisas de países com retornos mais elevados, como o Brasil.

"Continuamos a pensar que (ativos de) risco serão melhor negociados no final do ano e que o topo dos juros dos EUA já está aqui", avaliou o Citi em relatório a clientes nesta segunda-feira.

Nesta semana, o Fed deve divulgar a ata de sua última reunião de política monetária, trazendo mais informações sobre as próximas decisões de juros do país.

No Brasil, "o debate sobre a meta fiscal de 2024 deve continuar gerando ruído sobre o mercado de câmbio, embora acreditemos que estes já tenham sido parcialmente digeridos", disse Moutinho, referindo-se a críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao objetivo estabelecido por sua equipe econômica de zerar o déficit primário no ano que vem.

Parte do governo e parlamentares chegaram a defender um afrouxamento do alvo com menções a possíveis metas de déficit de 0,25% ou 0,50% do PIB para o ano. Nos últimos dias, porém, membros do governo afirmaram que a meta de déficit zero em 2024 não será alterada, enfatizando a defesa pela aprovação de medidas que ampliem a arrecadação.

"Vemos espaço para o real continuar com a performance, com um ambiente mais construtivo para os eventos de risco [no exterior] nos próximos dias", completou Moutinho.

No cenário doméstico, também houve a divulgação do boletim Focus, que mostrou que analistas reduziram suas projeções de inflação para este ano para 4,55%, ante 4,59% na semana anterior, o que contribuiu para o ambiente de negócios.

"Vemos uma queda nas projeções de inflação já para este ano. O cenário está bem positivo para a queda da inflação, em especial pelo arrefecimento no núcleo [que . Se não fosse o cenário externo, o BC até poderia cogitar um aumento no ritmo dos cortes de juros", afirma Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos.

Com Reuters

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