Descrição de chapéu inflação petrobras

Economistas aumentam projeções para inflação de 2024 após reajustes da Petrobras

Previsões para IPCA ficam mais distantes de 4% com provável impacto da gasolina e do gás de botijão

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Rio de Janeiro

Economistas elevaram projeções para a inflação brasileira no acumulado deste ano, após a Petrobras anunciar nesta segunda-feira (8) aumentos nos preços da gasolina e do gás de botijão, o GLP.

Com as revisões para cima, as estimativas para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ficaram um pouco mais distantes do patamar de 4% nos 12 meses até dezembro.

Frentista abastece carro em posto de combustíveis em Perdizes, zona oeste de São Paulo
Frentista abastece carro em posto de combustíveis em Perdizes, zona oeste de São Paulo - Danilo Verpa -1º.mar.2023/Folhapress

Conforme o anúncio da Petrobras, o preço médio da gasolina subirá R$ 0,20 por litro nas refinarias a partir desta terça (9), enquanto o aumento no valor do gás de botijão de 13 quilos será de R$ 3,10 para as distribuidoras.

Após a decisão da estatal, a Ativa Investimentos elevou sua projeção para o IPCA de 2024: de 4% para 4,2%.

"Estimamos que a elevação chegará aos consumidores na segunda quinzena de julho, com primeiro impacto no IPCA fechado desse mesmo mês", aponta relatório assinado por Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa.

Outra instituição que aumentou sua projeção para o índice foi a Warren Investimentos. Segundo Andréa Angelo, estrategista de inflação da casa, a perspectiva para o IPCA deste ano saiu de 4,1% para 4,28%.

O economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), também revisou sua previsão: de 4,1% para 4,2%.

Segundo Braz, o impacto no IPCA tende a ser dividido entre os meses de julho (0,08 ponto percentual) e agosto (0,05 ponto percentual).

O economista pondera que o cenário pode mudar caso a empresa promova novas alterações nos preços nas refinarias, para cima ou para baixo, até o final do ano.

"Pode ser que o real volte a se valorizar, e que isso ajude a rever para baixo os preços daqui a alguns meses. Ou pode ser que a situação permaneça ruim, sendo agravada por um futuro aumento do petróleo, o que pode trazer novo aumento de preços em 2024", diz.

O pesquisador afirma que, antes do anúncio da Petrobras, havia reduzido a estimativa para o IPCA, de 4,2% para 4,1%, já que a inflação da alimentação havia subido menos do que o esperado. Porém, com a alta dos combustíveis nas refinarias, a perspectiva retornou para o patamar de 4,2% nesta segunda.

A gasolina é o principal subitem do IPCA, entre os 377 bens e serviços pesquisados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em maio, o peso do combustível na composição do índice foi de 5,08%. Enquanto isso, o do gás de botijão ficou em 1,23%. Foi o 19º maior da pesquisa.

Além dos impactos diretos para o consumidor, o reajuste dos preços da Petrobras também pode gerar efeitos indiretos na inflação, lembra Braz. A gasolina é, por exemplo, um dos insumos usados na frota de veículos de empresas e no transporte de passageiros.

O IPCA serve como referência para a meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central), cujo centro é de 3% em 2024. A tolerância é de 1,5 ponto percentual para menos ou para mais.

Logo, a meta será cumprida se o IPCA ficar no intervalo de 1,5% (piso) a 4,5% (teto) no acumulado até dezembro. Por ora, apesar do aumento, as previsões da maioria dos analistas seguem abaixo do teto.

Antes do anúncio da Petrobras, o BC divulgou nesta segunda a nova edição do boletim Focus, que traz estimativas do mercado financeiro para indicadores como o IPCA.

Conforme o documento, a mediana das projeções para o índice de inflação subiu pela nona semana consecutiva. Passou de 4% para 4,02%.

As revisões para cima ocorreram em meio a incertezas sobre a política fiscal do governo e a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que contribuíram para a alta do dólar. A elevação da moeda americana pressiona diferentes preços no Brasil.

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