Não seria adequado ter pessoa próxima ao governo na direção da Vale, diz ministro

Para ele, isso tiraria legitimidade para cobranças em relação à empresa

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Brasília

O ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) afirmou nesta sexta-feira (26) que não vê como adequado uma pessoa próxima ao governo na direção da mineradora Vale. Para ele, isso tiraria legitimidade para cobranças em relação à empresa.

As declarações são dadas após movimentos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para colocar um aliado no comando da empresa. O presidente já tentou emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega como CEO da companhia, mas teve que recuar em meio a resistências dos acionistas privados.

O presidente Lula, acompanhado do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (de gravata vermelha), participa de cerimônia de assinatura de medida provisória das energias renováveis e da redução dos impactos tarifários, no Palácio do Planalto. - Pedro Ladeira/Pedro Ladeira-09.abr.2024/Folhapress

"Muitas vezes se especula sobre a participação ou não, ou o interesse ou não do governo de ter alguém próximo do governo na direção da Vale. Não é a posição que defendo", afirmou em entrevista à CNN.

"Entendo que isso não seria adequado, porque tiraria de nós a legitimidade para cobrar da Vale, e faremos de forma vigorosa. Temos que separar a escolha da direção disso", afirmou, em questionamento também sobre o nome de Dario Durigan, atual secretário-executivo da Fazenda, para liderar a empresa.

O ministro disse que o nome ideal reuniria duas qualidades, tanto a de alguém técnico e entendedor do assunto como o de uma pessoa que entende o papel da Vale no setor mineral.

Na véspera, o ministro havia dito que, desde que ficou decidida a saída do presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, em março deste ano, a companhia ficou acéfala e "sem alguém com autoridade" para tratar de assuntos que são relevantes ao interesse nacional.

A Vale é um assunto de interesse de Lula, interessado em movimentar a economia nacional. Conforme mostrou a Folha em abril, o governo estuda mudar o arcabouço legal da mineração para forçar empresas do setor a explorarem, de fato, suas unidades produtivas.

O diagnóstico é que há milhares de minas paradas pelo país e que a medida em análise poderia movimentar um volume de recursos na economia nacional comparável aos investimentos anuais da Petrobras.

De acordo com números levantados pelo governo e obtidos pela Folha, 25% das mais de 14 mil concessões de lavra concedidas às empresas estão paralisadas, pela falta de início da exploração ou por suspensão das atividades.

Na entrevista, Silveira falou ainda que tem confiança em um acordo com a Eletrobras para que representantes do governo tenham assento no conselho da empresa. Segundo ele, o ideal é que sejam quatro posições, mas o tema está em negociação e precisa de um consenso.

O ministro também criticou a política de juros do Banco Central, dizendo ser injustificado manter a Selic (taxa básica) em mais de 10% ao ano. Ele mencionou o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.

"Vamos ter alegria de ver o Roberto Campos daqui a poucos dias saindo do BC e substituído por alguém que tenha alinhamento mínimo. Claro, respeitadas as questões da governança, questões técnicas e objetivas, mas que não vai fazer uma política completamente controversa do ponto de vista objetivo nesse patamar de hoje", afirmou.

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