Descrição de chapéu aeroportos

Aeroporto de Guarulhos alerta sobre atraso em terminal de cargas, e setor vê problema crônico

Anac e Receita acompanham o caso; segundo concessionária, volume de mercadorias teve alta súbita e operação foi reforçada

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São Paulo

Maior complexo logístico aeroportuário do Brasil, o terminal de cargas do aeroporto internacional de Guarulhos vem sofrendo acúmulo de mercadorias no armazém de importação, gargalo que já tem sido tratado no setor como um problema crônico.

No fim de agosto, a concessionária GRU Airport enviou um comunicado aos transportadores e importadores avisando que o recebimento de importações teve um salto no mês e que, por isso, "o tempo de recebimento e de entrega pode sofrer atrasos".

Imagem mostra uma placa com o nome do terminal de cargas de guarulhos à frente de uma série de corredores com cargas armazenadas na vertical
Terminal de cargas de Guarulhos - Divulgação

Episódios semelhantes se repetem desde o ano passado, e o caso tem sido acompanhado por órgãos como a Receita Federal e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Segundo a Receita, em uma reunião realizada com o Ministério Público em agosto, a concessionária se comprometeu a apresentar e implementar medidas concretas nos próximos dias para normalizar a situação até uma solução definitiva, que passará obrigatoriamente pelo aumento de funcionários e áreas para o tratamento das cargas movimentadas no aeroporto.

Se o problema não for resolvido, pode haver multas e medidas de controle de capacidade.

"A Receita Federal tem buscado a convergência entre todos os envolvidos na questão para que uma solução duradoura e definitiva seja alcançada", afirma o órgão. "Cabe ressaltar que caso os esforços envidados para as correções necessárias não logrem o devido e esperado êxito, a Receita Federal não se furtará em tomar medidas mais duras previstas na legislação, que vão de punições pecuniárias a sanções em relação a capacidade de volumes a serem tratados no aeroporto."

Procurada pela Folha, a GRU Airport nega a dificuldade, diz que a operação está funcionando normalmente e sem gargalos operacionais.

"A concessionária informa que registra em agosto de 2024 um volume maior de cargas do que o habitual para o mês. Este aumento súbito, motivado pelos desafios na cadeia logística global e pelo aumento de voos, levou a um reforço da operação no terminal de cargas", diz a empresa em nota.

De acordo com o comunicado enviado pela concessionária a clientes no dia 22 de agosto, a média diária de recebimento no mês já estava 8% superior a julho e 28% superior ao mesmo mês do ano passado.

O balanço mais recente divulgado pela concessionária, com os dados de junho, aponta 42,3 mil toneladas de cargas internacionais movimentadas em seus terminais logísticos no mês, sendo 23,7 mil toneladas de itens importados e 18,6 mil toneladas de exportações.

Procurada pela reportagem, a Anac diz, em nota, que monitora a situação "para garantir que o funcionamento do setor seja mantido e que o aumento no volume de cargas importadas recebidas não prejudique os consumidores".

Em maio, a agência disse que estava acompanhando "com preocupação os reiterados episódios de problemas na prestação de serviços pelo terminal". Desta vez, o órgão afirma que ainda não recebeu reclamações de dificuldades ou atrasos significativos por parte dos agentes logísticos. Diz também que o comunicado enviado pela concessionária aos clientes em agosto sinaliza uma busca de alternativas para reduzir o volume de cargas recebidas.

Por ora, uma solução proposta é ajudar a dar fluxo por meio das entregas aos finais de semana. O aeroporto afirma que sua operação é ininterrupta.

A ideia de entregar aos sábados e domingos não resolve o gargalo, que já se tornou crônico, na opinião de Felipe Vieira, da FV Advogados, escritório que representa a Abclia (Associação Brasileira dos Centros Logísticos e Industriais Aduaneiros).

"Eles têm que liberar a carga em 24 horas. Se virar a noite, eles levam para o armazém, aí muda a tabela e incide a cobrança da armazenagem. Para eles, vale a pena, porque eles vão receber mais. A demora na entrega da carga os beneficia", diz Vieira.

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