Descrição de chapéu Banco Central

BC volta a intervir no câmbio e realiza segundo leilão do dia

Autarquia vendeu 15 mil contratos de swap cambial no início da tarde, para evitar grandes oscilações

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São Paulo

O BC (Banco Central) voltou a intervir no câmbio nesta sexta-feira (30), dessa vez em leilão adicional de 30 mil contratos de swap cambial no início da tarde.

Do total disponível, estimado em US$ 1,5 bilhão, foram vendidos 15.300 contratos de swap —o equivalente a US$ 765 milhões.

Esta foi a segunda operação extra realizada pelo BC nesta sexta, visando a injeção de recursos novos no sistema. Pela manhã, a autarquia vendeu US$ 1,5 bilhão no mercado de dólares à vista, marcando três intervenções do BC no mercado de câmbio desde o início do atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No swap cambial, a autarquia faz uma espécie de venda de dólares no mercado de futuros, como forma de assegurar que há oferta para atender à demanda pela moeda. Trata-se de um instrumento de controle da cotação, para evitar grandes flutuações e disfuncionalidades.

Notas de dólares; BC também vendeu US$ 1,5 bilhão no mercado de dólares à vista - Rick Wilking /Reuters

Na prática, os leilões visam estimular a circulação de dólares no país, seguindo a lei da oferta e demanda: quanto mais disponível, menor o preço.

De acordo com Gabriel Meira, especialista em câmbio e sócio da Valor Investimentos, o BC trabalha com dados internos que são desconhecidos para o mercado e pode ter notado um fluxo de compras de dólar fora do comum nesta sexta.

A autarquia, então, "entendeu que o preço estava descorrelacionado do ideal e colocou dólares em leilão como forma de diminuir a cotação, protegendo o poder de compra da moeda", explica.

O BC anunciou a operação no início da tarde, e ela ocorreu entre 12h50 e 13h desta sexta-feira, dia de formação da Ptax —uma taxa de câmbio que serve de base para a liquidação de contratos futuros, elaborada sempre no último dia útil do mês.

A disparada do dólar nos últimos dias levou às duas intervenções no câmbio. A mais recente operação nesses termos ocorreu em dezembro de 2021, no valor total de US$ 500 milhões. Já a última venda de dólar à vista aconteceu em abril de 2022, com valor de US$ 571 milhões.

O leilão pela manhã ainda atendeu ao rebalanceamento de um dos principais índices de referência para investidores que aplicam em Bolsas internacionais, chamado MSCI (sigla para Morgan Stanley Capital International).

A alta da moeda, porém, não foi contida após a primeira intervenção do BC, com pressão dos dados de inflação dos Estados Unidos e cautela diante dos riscos fiscais do país, em dia de envio do Projeto de Lei do Orçamento de 2025 ao Congresso Nacional.

A divisa começou o dia em queda de 0,81%, mas virou para alta de mais de 1% ao término do leilão, às 9h35. Os dados do PCE (índice de preços de despesas de consumo pessoal, na sigla em inglês) foram divulgados às 9h30.

Diante da disparada, fez-se necessário o segundo leilão, diz Meira. "O dólar mexe diretamente com a inflação do país, e quase 90% do que consumimos está atrelado à moeda. Quase tudo que é transportado no Brasil é via caminhões, movidos a combustíveis ligados ao petróleo, que é contado em dólar. Quando o dólar sobe, a gasolina sobe e, por consequência, os alimentos também."

Para evitar que a valorização do dólar impactasse a inflação, explica ele, foram feitos os leilões. Com a venda dos contratos de swap, a moeda desacelerou alta a 0,30%, cotada a R$ 5,639 na venda por volta das 13h45.

Nesta manhã, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a autarquia fará mais intervenções no câmbio se necessário, ressaltando que a moeda é flutuante e que as atuações acontecem em momentos de disfuncionalidade no mercado.

"A gente está tendo um movimento de fluxo atípico por um rebalanceamento de um índice... Cabe ao BC mapear qual o tamanho desse desbalanceamento, quanto precisa para suprir esse fluxo que é atípico, e a gente também está olhando a diferença do que a gente entende que é um descolamento muito grande dos fundamentos, às vezes por critério de liquidez, às vezes por ruídos de curto prazo", disse, em evento promovido pela XP Investimentos.

Dirigentes do BC —notadamente Campos Neto e Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e indicado à presidência da autarquia a partir de 2025— já falavam de intervenção no mercado de câmbio há alguns dias.

"Possivelmente algum fluxo muito forte de compras em dólares pode ter indicado ao BC que era a hora de intervir", diz Meira.

Com Reuters

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