Descrição de chapéu STF

Novato na Faria Lima, banqueiro de 40 anos chama atenção por aquisições em série e festa com Alok

Presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro também é comentado por CDB turbinado e eventos com ministros do STF

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São Paulo

Novato na Faria Lima, Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, tem atraído atenção do mercado financeiro desde que comprou 80% do projeto Fasano Itaim, que reúne hotel, torre residencial e restaurantes, no fim de 2022. Neste ano, ele voltou a surpreender o setor com a aquisição do Banco Voiter e do Will Bank.

Considerado por seus pares mais experientes como um jovem de empreendedorismo agressivo, o mineiro de 40 anos, que assumiu o controle do Banco Máxima em 2019 e o rebatizou como Master em 2021, quer elevar a meta de crescimento da instituição.

Segundo a empresa, a meta de R$ 5 bilhões em patrimônio líquido será alcançada até dezembro, um ano antes do previsto. O novo objetivo é chegar a R$ 10 bilhões em 2026 —em 2018, o patamar girava em torno de R$ 30 milhões, segundo a instituição.

Seu nome também repercute no noticiário pela realização de eventos luxuosos, que incluem conferências com ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) no exterior e a festa de 15 anos da filha com show do DJ Alok.

O banqueiro aparece sentado em uma cadeira com o microfone na mão. o fundo é azul e tem a logomarca do grupo Esfera
Daniel Vorcaro, do Banco Master, durante debate em evento organizado pelo grupo Esfera Brasil, em São Paulo - Rubens Cavallari - 22.abr.24/Folhapress

Recentemente, a instituição voltou à pauta quando a Caixa Asset tirou o cargo de três funcionários que se opuseram à compra de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master. O trio de gestores questionou a capacidade de pagamento do Master e argumentou que a operação poderia gerar risco reputacional para a estatal.

Maurício Quadrado, sócio de Vorcaro no Master, foi citado em delação noticiada em 2018 que relatou suposto pagamento de propina para viabilizar uma operação do FGTS, gerido pela Caixa.

"Essa delação que aventou essa hipótese já foi arquivada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, inclusive com parecer favorável do Ministério Público Federal, órgão responsável por formalizar acusações criminais", diz Hugo Leonardo, advogado de Quadrado.

Vorcaro refuta o parecer dos gestores da Caixa. "Instituições sérias auditam o banco e atestam a sua capacidade, a sua realidade de números. E contra números não há argumentos", diz o presidente do Master.

O banqueiro também enfrenta processo na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que apura irregularidades em um fundo de investimento imobiliário fechado, chamado Brazil Realty.

De acordo com órgão da CVM, as falhas "a princípio, poderiam ser tratadas como falta de diligência dos envolvidos, entretanto, com o aprofundamento das investigações, verificou-se a natureza fraudulenta, em tese, das operações".

Um dos imóveis envolvidos teria sido sobreavaliado em R$ 56 milhões em laudo considerado irregular, supostamente pago com R$ 5.000 em espécie.

Entre os acusados estão Daniel Vorcaro, como responsável pelo antigo Máxima, que comprou cotas do fundo, e seu pai Henrique, como responsável pela Milo, que também investiu no Brazil Realty.

Ainda conforme o processo, as cotas foram revendidas no mercado secundário e alguns dos compradores eram fundos que tinham Regimes de Previdência Social como cotistas, "que, em última linha, absorveriam os prejuízos".

Vorcaro nega qualquer irregularidade, afirma que é natural que instituições financeiras tenham processos na CVM e que seus familiares, como cotistas, não tinham responsabilidade fiduciária sobre o Brazil Realty.

Segundo o Master, não houve qualquer indício de prejuízo a terceiros. "O banco aguarda o julgamento do mérito como improcedente ou a aprovação da proposta de acordo em termo de compromisso."

Antes de ingressar no Master, Vorcaro trabalhou por oito anos na empresa de seu pai, o Grupo Multipar, como diretor financeiro e presidente. A companhia do setor imobiliário sediada em Belo Horizonte atua na gestão, aquisição e venda de ativos imobiliários e empresariais.

Quando Daniel Vorcaro adquiriu uma participação minoritária do banco, em 2017, a instituição, fundada nos anos 1970, era mais conhecida por atuar na concessão de crédito imobiliário.

Em 2021, o Máxima passa a se chamar Master, nome que foi sugerido pelo filho de Vorcaro, na época, com dez anos de idade, segundo o banqueiro.

"Contratamos empresas de marketing, mas foi meu filho, que num sábado de manhã me viu num telefonema com essas agências e me trouxe um papelzinho escrito Master, que representa excelência", conta Vorcaro.

A mudança de nome ajudou a distanciar o banco do histórico de crise que, antes da entrada de Vorcaro, colocou a instituição abaixo do limite da regra de capital exigida pelo Banco Central.

Renomeada, a instituição passou a focar o crédito para empresas e o crédito consignado. Nessa linha, o banco já tem 2 milhões de clientes via Credcesta, negócio voltado a servidores públicos, aposentados e pensionistas, incorporado ao Master por seu sócio Augusto Lima, casado com a ex-ministra Flávia Péres (Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro), que também foi deputada federal do DF pelo PL.

O banco também diversificou seus produtos com a aquisição da seguradora Kovr.

CDBs RENTÁVEIS

Outro assunto que tem dado fama ao Master são os seus CDBs. Segundo pesquisa realizada pelo buscador de investimentos Yubb no dia 8 de agosto, eles são os mais rentáveis do mercado.

Considerando a rentabilidade média de títulos a partir de R$ 1.000, com vencimentos até 5 anos e indexados ao CDI, os CDBs do Master rendem 122,7% do CDI, enquanto os de bancos pequenos pagam 115,8% do CDI e de bancos médios, 111,5% do CDI.

Bernardo Pascowitch, CEO da Yubb, afirma que bancos menores possuem um risco de crédito superior ao de bancos maiores, o que os leva a pagar mais na captação.

"As rentabilidades também são frequentemente usadas como estratégia de marketing para captar clientes e abrir contas, ainda que estejam descoladas das médias do mercado", diz Pascowitch.

De acordo com Vorcaro, a rentabilidade ofertada pelo Master é fruto do desempenho do banco.

A empresa informou ter, em junho deste ano, um patrimônio líquido de R$ 4,2 bilhões. Já o lucro líquido do primeiro semestre deste ano saltou 72% em relação ao mesmo período de 2023, para R$ 501 milhões, com um ROE (indicador que mede a rentabilidade de bancos) de 32,2%, acima da média do setor.

O Master conta ainda com participações em diversas companhias. São 47,5% na varejista de moda Veste, 50% na Befly, de turismo, 20% na Oncoclínicas e 20% na Ulbra (Universidade Luterana do Brasil). A estratégia é colaborar ativamente na gestão dos negócios, muitas vezes endividados, capitaliza-los e desenvolvê-los e, depois, revendê-los.

Recentemente, a instituição formou um comitê estratégico do qual fez parte Ricardo Lewandowski no intervalo entre sua aposentadoria no STF e o atual comando do Ministério da Justiça. Hoje, Henrique Meirelles ocupa a cadeira dele no comitê, que conta ainda com o também ex-presidente do BC Gustavo Loyola e o ex-secretário-executivo do BC Geraldo Magella.

Desde a repaginação do Master, é mais comum ver o banqueiro circulando e subindo ao palco nos eventos que reúnem grandes empresários e autoridades.

Em 2022, seu nome começou a repercutir nesse contexto quando o site Metrópoles publicou que Vorcaro havia custeado um banquete para ministros do STF no Fasano em Nova York durante a programação de um evento do Lide, de João Doria, na cidade.

Neste ano, o Master bancou parte de um fórum jurídico organizado pelo grupo privado Voto, em Londres, com a presença do ministro Gilmar Mendes, que é relator de um recurso do banco sobre questão tributária na corte.

Vorcaro defende a participação do banco nesses encontros e diz que eventos institucionais e democráticos entre os setores público e privado são salutares.

Seu nome não reverbera apenas no mercado financeiro. Há um ano, a festa de 15 anos de sua filha virou assunto de rede social com relatos de que a celebração teria custado mais de R$ 15 milhões –com atrações como os DJ Dennis e Alok– e de que o empresário asfaltou uma via pública que dá acesso ao condomínio de luxo onde promoveu a festa, na mansão da família, em Nova Lima (MG).

Além dos negócios do banco, Vorcaro está investindo R$ 300 milhões na SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Atlético-MG, o que lhe rendeu 27% de participação.

O empresário reconhece que existe um burburinho em torno de seu nome e do banco, o que, segundo ele, é o olhar da concorrência, na esteira de seu crescimento.

"Estamos em um mercado concentrado, difícil, simplesmente tentando o nosso lugar ao sol, indo atrás de investidor. Não tem nenhum ato que alguém possa imputar, que tenha sido feito com uma atitude errada."

RAIO-X DANIEL VORCARO, 40

Hoje presidente do Banco Master, iniciou sua carreira na empresa de processamento de dados (SBTEC) e, depois, trabalhou por 8 anos no negócio de seu pai, o Grupo Multipar, do ramo imobiliário. Em 2019, ele assumiu o controle do banco, onde já investia desde 2017, e foi o responsável por reenquadrar a instituição nas regras de capital exigidas pelo Banco Central. Vorcaro também tem participações no projeto Fasano Itaim e na SAF do Atlético-MG.

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