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Talatona, o enclave dos ricos em Angola
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AGNALDO BRITO
ENVIADO ESPECIAL A ANGOLA
Barra da Tijuca, Alphaville, corredor da avenida Engº Luiz Carlos Berrini. Talatona é uma mistura disso tudo e é também o enclave dos ricos e dos novos ricos na região de Luanda Sul, área nobre da capital angolana.
O projeto surgiu em meados da década de 90, mas ganhou fôlego a partir de 2002, quando Angola encerrou o período de conflitos armados.
Talatona fica a 17 quilômetros do centro de Luanda, e é formada basicamente por uma área de prédios comerciais e de condomínios residenciais (verticais e horizontais), de altíssimo padrão.
Um apartamento ou uma casa na região podem custar US$ 1,5 milhão, em alguns casos os preços superam os US$ 2 milhões e há ofertas ainda mais caras, com valores que superam os US$ 5 milhões.
É o maior exemplo do surgimento de uma classe muito rica e despreocupada com o excessivo custo de vida do país. Luanda, apesar de todas as carências que ainda possui (e não são poucas), se converteu numa cidade muito cara, graças ao fluxo abundante de dólares que ingressam na economia por força do petróleo na capital mais cara do mundo. Um aluguel de um apartamento de 100 a 130 metros quadrados pode facilmente atingir preços de US$ 5 mil a US$ 10 mil por mês.
A criação desse enclave teve participação ativa do Brasil. A CNO (Construtora Norberto Odebrecht) foi uma das principais responsáveis pela criação desse novo espaço urbano dentro da capital. Foi a construtora brasileira que, em parceria com capitais angolanos, ergueu o único shopping de Luanda, o Belas Shopping. Ali, redes brasileiras como a Pastelândia (controlada pela Build Brasil) ou a Nobel abriram lojas em busca de uma classe média emergente. Inaugurado em 2008, o shopping já está em expansão.
A criação de Talatona só foi possível após a conclusão de uma ligação viária entre o Centro e a região Sul. As avenidas Samba e 21 de Janeiro interligam as duas áreas. A Odebrecht foi a encarregada do governo angolano para construir as duas vias. A Avenida Samba já foi concluída e se converteu no cartão de visitas do Grupo Odebrecht em Angola.
Nem a construção em plena guerra civil da Usina Hidrelétrica de Capanda, na província de Malange, a cerca de 400 quilômetros da capital, deu tamanha visibilidade local ao grupo brasileiro. A Odebrecht é a maior contratante privada de Angola, tem em seus quadros 20 mil empregados, 1,7 mil de expatriados brasileiros.
A obra viária resolveu parte de um problema de saneamento e de macro-drenagem nas vias de ligação entre o Centro e a região Sul de Luanda.
Mas o trânsito caótico ainda torna o trajeto de pouco mais de 17 quilômetros numa jornada longa e penosa nos horários de pico. O espaço converteu-se num ponto de encontro dos angolanos e em uma via que marca a transição de uma velha Luanda criada pelos portugueses para abrigar não mais de 500 mil habitantes, para outra maior e mais rica que tem o desafio de abrigar alguns dos 7 milhões de habitantes que tenham condições de pagar muito caro.
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