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29/01/2011 - 10h17

Brasil anuncia em Davos o ano da moderação

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CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

A palavra "moderação" foi a marca da apresentação do governo Dilma Rousseff à sociedade dos grandes executivos globais, reunida em Davos para o encontro anual do Fórum Econômico Mundial.

"Agora é o momento de moderar nossas despesas, o consumo, o crédito ao consumo, moderar as despesas do governo", disse Luciano Coutinho, presidente do BNDES, para uma plateia surpreendentemente modesta se se considerar o encanto que o Brasil desperta ultimamente na comunidade de negócios global.

Tanto encanto que o único não brasileiro à mesa, Vikram Pandit, executivo-chefe do Citi, até exagerou: "O Brasil tem a confiança do mundo".

Para reforçar a ideia de moderação, Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, disse que, embora a inflação não seja "um enorme problema", o BC vai apertar a política monetária.
Tem-se que a apresentação inaugural da gestão Dilma foi menos exuberante que os discursos que o presidente Lula fez nas duas vezes em que esteve em Davos.

MILAGRE

É natural que assim seja. Afinal, Moisés Naím, o moderador, venezuelano que é pesquisador do Instituto Carnegie para a Paz Internacional, comparou uma sessão sobre o Brasil que ele também presidira em 1999 com o quadro de 2010 para dizer que "o progresso [brasileiro] foi próximo de milagroso".

De fato, em 1999, enquanto ocorria o encontro de Davos, o real derretia a ponto de haver até corrida aos bancos.

Agora, o real não derrete, valoriza-se demais.

Tombini, em sua fala, estabeleceu outra diferença com a exuberância da gestão anterior. Atribuiu a solidez da situação econômica à "moldura política" adotada nos "últimos 10 ou 11 anos", período que cobre a fase final do governo FHC, que, para Lula, havia deixado apenas uma "herança maldita".

O tamanho da "moderação" anunciada por Coutinho pode ser medido pelos números que ele próprio mencionou a respeito do banco: em 2009, por causa da crise que se iniciara no ano anterior, o BNDES fez investimentos extras equivalentes a 2,5% do PIB.

Agora, haverá o que Coutinho chamou de "estabilidade" nos investimentos do banco, o que significa que não crescerão ante 2010.

Pandit, depois de derramar elogios à gestão da economia brasileira, disse que o grande desafio agora é atrair investimentos externos para aproveitar "a bênção" representada pelos recursos naturais do país e para atender à crescente classe média.

OPORTUNIDADES

O banqueiro acredita que há muita gente louca para investir nas oportunidades crescentes oferecidas pelo Brasil, mas que é preciso "transformar o financiamento de curto prazo em financiamento de longo prazo".

É uma alusão ao fato de que boa parte do capital que entra no Brasil o faz só para aproveitar os juros altos.

Coutinho, economista tido como nacionalista, não hesitou em retrucar: "Estou absolutamente em sintonia com o que Pandit disse".

Ou seja, o desafio que se apresenta para o BNDES é o de financiar projetos de longo prazo. Sua meta é aumentar a proporção de formação de capital em relação ao PIB de 19% para 23% ou 24%.

O entusiasmo com o país e com a América Latina é tanto que o Fórum Econômico Mundial quer transformar a reunião de 2012 no "ano da América Latina" em Davos.

Seria uma maneira de vender o bordão que começou a ser cantado neste ano, segundo o qual esta será "a década da América Latina".

+ sobre o Forum de Davos

 

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