Serviços de banho, tosa, consulta e terapia vão até a casinha do cachorro

Custo para começar negócio em ponto fixo encoraja empreendedores a apostar em atendimento domiciliar

Marcos Paulo Rocha, dono da Mister Groom
Marcos Paulo Rocha, dono da Mister Groom - Rafael Hupsel/Folhapress
Tatiana Vaz
São Paulo

Falta de tempo e aumento da presença de animais de estimação nos lares brasileiros fazem com que acupuntura, banho e atendimento veterinário migrem de clínicas e lojas para onde os bichos se sentem mais confortáveis: suas residências.

“Sempre houve atendimento em domicílio de alguns serviços, mas a velocidade com que essa opção cresce nos últimos anos é impressionante”, diz Nelo Marracini Neto, vice-presidente de comércio e serviços do Instituto Pet Brasil.

O número potencial de clientes é grande. Calcula-se que o Brasil tenha hoje 52 milhões de cães, 22 milhões de gatos e 18 milhões de peixes, a terceira maior população animal do mundo atrás de Estados Unidos e China, de acordo com a empresa de pesquisa Euromonitor.

O setor movimenta R$ 20,37 bilhões por ano, valor que engloba alimentos, produtos veterinários, serviços e itens de higiene e beleza, segundo a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação).

O custo e a concorrência grande para começar um negócio do zero em um ponto comercial fixo encorajam novos empreendedores a apostar nas entregas em casa.

Marcos Paulo Rocha, 35, trabalhava com banho e tosa de animais em um petshop na zona sul de São Paulo. 

Ele alugava um espaço na loja e ficava com uma porcentagem do valor dos serviços que prestava, até oito meses atrás. Então, resolveu montar seu negócio, mas de maneira móvel, para atender melhor clientes e acabar com o custo do aluguel.

“Investi R$ 95 mil na compra e na adaptação de uma van em um banho e tosa móvel. Assim consigo atender pessoas de vários bairros e economizo 30% com o custo fixo mensal que antes precisava desembolsar para ter um lugar fixo”, conta o dono da Mister Groom.

Atualmente, o empresário atende 40 clientes por semana, a maioria cães, por preços que vão de R$ 50 a R$ 300 conforme a localização da residência, tipo de pelo e porte do animal atendido.

Formado em análise de sistema, Rocha trabalha no ramo há quatro anos e diz acreditar que há ainda muito espaço para crescer. Tanto que seus planos incluem adicionar outros serviços ao cardápio. “Quem sabe até abrir comércio online especializado, com roupas, brinquedos e coleiras.”

Ao notar essa demanda que cresce vertiginosamente, o casal de veterinários Juliana Fragoso de Araújo, 29, e César Martins de Souza, 31, que são especializados em cardiologia e ultrassonografia, também resolveu montar neste ano uma empresa móvel para realizar exames e consultas na casa dos bichos.

“Muitos donos preferem que seus pets tenham um atendimento tranquilo em casa”, diz César. O plano deles é acrescentar outras especialidades e exames no cardápio de ofertas da empresa Vetmobile por meio de parcerias com outros profissionais do ramo.

Embora o serviço em casa reduza custos, ainda é necessário investir. Segundo o consultor especializado no setor Jefferson Braga, da PetConsult, para ser bem-sucedido nesse mercado é preciso treinamento constante da equipe.

Outra possibilidade de negócios na área é facilitar a localização desses serviços. Foi o que fez Robert Dannenberg, 54, que criou a Pet Booking, marketplace que reúne serviços próximos ao cliente para animais de estimação.

Atualmente, quase 30 mil usuários e 17 mil petshops estão cadastrados no sistema, pelo qual é possível agendar consultas, banhos, passeios e acupuntura em domicílio.

Robert teve a ideia de criar a empresa no final de 2015, quando teve um problema pessoal com seus cachorros.

“Na noite de uma sexta notei que tinha esquecido de agendar o banho de meus cães para o sábado. Busquei pelo serviço de última hora na internet e, sem encontrar, decidi que investiria em algo que resolvesse meu problema e de outras pessoas”, conta ele.

Com um investimento de R$ 3,5 milhões, montou a empresa, que faz a intermediação entre as duas pontas —consumidor e lojista— e cobra uma taxa fixa de R$ 2,99 por cada transação fechada.

“Nada é cobrado dos consumidores. Eles pagam o mesmo pelo serviço no endereço físico ou no site. A vantagem é a comodidade de organizar tudo de casa”, afirma o empresário.
 

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