Empresas recorrem a startups para melhorar alimentação da equipe

Chat com nutricionistas permite que usuários mandem fotos de suas refeições para avaliação

Tatiana Vaz
São Paulo

Sem ter como controlar os aumentos no valor de convênios médicos, empresas pensam em formas de diminuir o número de sinistros, investindo em programas de bem-estar para funcionários

Essa tendência abre uma oportunidade para startups que atuam na área de saúde.

“Em vez de criar um programa de nutrição do zero, é mais eficiente para as companhias contratar uma empresa especializada”, afirma Igor Piquet, diretor da Endeavor Brasil, instituto que apoia o empreendedorismo.

Carolina Dassie, fundadora da Hisnek, em sua casa em São Paulo
Carolina Dassie, fundadora da Hisnek, em sua casa em São Paulo - Adriano Vizoni/Folhapress

A startup N2B, por exemplo, tem seus serviços oferecidos como benefício por oito companhias, para cerca de 9.500 funcionários. 

A empresa criou um aplicativo no qual as pessoas podem detalhar seus hábitos alimentares e de exercícios físicos, definir metas e tirar dúvidas.

Um dos recursos é o chat com nutricionistas. Os usuários tiram fotos de suas refeições e enviam pelo sistema para que o registro seja avaliado, de segunda a sábado, pelas profissionais de plantão.

“Há profissionais que postam 11 refeições por dia e, a partir do histórico, são indicados cardápios personalizados”, diz Luisa Cusnir, 31, fundadora da empresa.

Luisa criou a N2B com o sócio Cesar Aquiles Terrin, 34, para atender os funcionários de uma corretora de seguros que tinham na época. Com os pedidos de clientes e não clientes da corretora, perceberam o potencial do negócio.

Hoje, a startup faz parte da incubadora de healthtechs do Hospital Israelita Albert Einstein e participou de um programa do Google para usar inteligência artificial no processamento de dados coletados pelo sistema.

A Hisnek, também na área da alimentação, foi criada quando a economista Carolina Dassie, 34, notou os lanches nada saudáveis que as pessoas costumavam fazer entre as refeições.

“Eu via que o grande problema era o lanche da tarde. Tinha uma série de coisas que atrapalhava [as pessoas]: falta de opção, vontade e tempo.”

Ela deixou o mercado financeiro e começou a empreender, em 2014. O objetivo era criar um clube de assinaturas de lanches de baixa caloria para pessoas físicas.

Não demorou para que as caixas com 22 ou 11 lanches sem gordura e sódio passassem a ser compradas por empresas. A empresária desenhou o SnackCorp para que a contratante pague uma taxa mensal e os colaboradores da empresa assinem as caixas com produtos que sairiam 30% mais caros se comprados em mercados. 

Já a startup GoGood, criada pelo ex-atleta Bruno Rodrigues, 30, se inspira em jogos para motivar funcionários de empresas. A plataforma integra aplicativos para monitorar a saúde das pessoas e propõe competições com prêmios para equipes que cumprirem metas. “É uma maneira de estimular o cuidado da saúde de todos”, diz.

Desde sua criação, em 2016, a empresa já recebeu mais de R$ 1,5 milhão em aportes. Hoje, conta com uma equipe de 12 funcionários, da qual fazem parte médicos que ajudam a criar as diretrizes de saúde traduzidas em tecnologia para o sistema. Os especialistas apontam quais índices ou hábitos podem, por exemplo, trazer riscos de diabetes e doenças cardíacas.

“Os dados individuais não são passados à empresa e apenas cada pessoa tem acesso ao seu histórico”, diz Bruno.

Bruno Rodrigues, criador da startup GoGood
Bruno Rodrigues, criador da startup GoGood - Divulgação
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