Fitness investe em aula remota e alternativas à musculação

Tecnologia é caminho encontrado por pequenos para se destacarem em mercado dominado por redes

Felipe Barth Castro em uma unidade da academia Tecfit na zona sul de São Paulo
Felipe Barth Castro em uma unidade da academia Tecfit na zona sul de São Paulo - Rafael Hupsel/ Folhapress
 

A área de condicionamento físico é apontada pelo Sebrae como uma das mais promissoras para negócios novos. 

Para se dar bem nesse mercado do corpo e buscar destaque entre as grandes redes, pequenas academias apostam em inovação e tecnologia.

O administrador de empresas Felipe Barth Castro, 38, abriu no ano passado, em São Paulo, a primeira unidade da TecFit no Brasil, com a  promessa de oferecer condicionamento físico a partir da tecnologia de eletroestimulação muscular, graças a  uma máquina produzida na Hungria. Trata-se de uma academia sem halteres ou outros equipamentos tradicionais de musculação.

“A ideia é atrair pessoas sedentárias, na faixa entre 30 e 55 anos, que querem melhorar a capacidade física e alegam não ter tempo para fazer exercícios. Os treinamentos são personalizados”, diz Castro.

A rede conta hoje com 15 unidades em nove cidades —entre elas Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba e Goiânia. A previsão é inaugurar mais uma academia na capital paulista até o fim do mês.

A expansão do negócio para outras cidades além de São Paulo tem sido feita por meio de licenciamento da marca. O plano é chegar ao final de janeiro de 2019 com 20 unidades e atingir 40 até o fim de 2019.

Com cerca de 3.000 clientes, a Tecfit teve um faturamento de R$ 1,7 milhão em seu primeiro ano. Em 2018, a meta é faturar R$ 5 milhões nas unidades próprias e um total de R$ 15 milhões para a rede, de acordo com o empresário.

Para abrir uma unidade da rede, o investimento varia de R$ 600 mil a R$ 800 mil, incluindo reforma e equipamentos. O retorno médio do investimento é em 18 meses.

Como Felipe, o administrador Matheus Beirão, 37, também viu na tecnologia uma forma de empreender com condicionamento físico. Em 2016, montou a Queima Diária, plataforma de aulas de ginástica por vídeo, com escritório em Belo Horizonte.

Por uma assinatura de R$ 29,90 ao mês, o cliente pode acessar um conteúdo com mais de 300 videoaulas. São treinamentos para emagrecer, ganhar massa magra, praticar ioga, dança. Tudo é produzido em um estúdio próprio da empresa.

“Nem sempre as pessoas têm tempo para fazer academia. Também existem aquelas que não gostam do ambiente. Então, basta um celular, um computador ou uma smart TV para acessar os conteúdos”, diz Mariana Eyer, gerente de operações da empresa.

Atualmente, a plataforma tem cerca de 130 mil usuários brasileiros, além de clientes que utilizam o serviço em mais de 90 países. 

Até o fim do ano, a expectativa é chegar a 155 mil usuários, e a meta é bater 1 milhão de assinantes até 2021, diz Mariana. A startup não divulga faturamento, mas diz esperar mais do que quadruplicar a receita em 2019.

A empresa Personal in Box também nasceu com o objetivo de levar a academia para a casa das pessoas. Criada pelo educador físico Diego Leite de Barros, 36, e mais dois sócios, a startup está em operação desde março de 2017.

Trata-se de personal trainer a distância: chega à casa do cliente uma caixa com produtos e instruções para três meses de atividade física. O assinante também recebe vídeos explicando a rotina de exercícios pelo celular. A assinatura do serviço custa R$ 150 mensais por um período mínimo de três meses.

“Ter um personal trainer é sonho de muitos, mas realidade de poucos. Daí surgiu a ideia de oferecer um planejamento individualizado, que considere necessidades e características do usuário, mesmo a distância”, afirma Barros.

Além da venda direta ao consumidor, o modelo de negócios inclui atendimento corporativo. Nesse caso, o serviço é oferecido aos funcionários de empresas como um programa de qualidade de vida.

Depois de seis meses de operação, a empresa chamou a atenção da aceleradora Health Angels, que fez um investimento de R$ 200 mil. Com os recursos, a Personal in Box está desenvolvendo o negócio no formato de aplicativo.

Pelo modelo atual, a empresa atende hoje a cerca de 245 clientes no Brasil e em países como Estados Unidos, Canadá e Suíça. Neste ano, a previsão é faturar R$ 493 mil, crescimento de 75% em relação a 2017. 

“Para 2018, temos grande expectativa com a ferramenta mobile e esperamos dar um salto significativo no tamanho da operação”, diz Barros.

Quem pretende ingressar no ramo precisa buscar um nicho que está sendo mal atendido, afirma Thiago Bueno Ferraz, gerente do Sebrae-SP. O mercado tem mudado bastante nos últimos anos, com novas oportunidades para os empreendedores, afirma.

“Se olharmos para trás, as academias foram expandindo para os bairros. Depois surgiram as voltadas para nichos. Em seguida, veio o cross fit. Mais recentemente, os negócios de personal trainer com acompanhamento a distância. A expectativa de vida está aumentando, e isso tem sido favorável para o setor”, diz.

De acordo com o especialista, se o plano for abrir uma academia com estrutura tecnológica, é preciso se preparar para o custo mais alto com equipamentos.

No caso de negócios digitais, deve ser considerado um investimento maior em marketing. Em ambos, é importante pesquisar concorrentes, fornecedores e clientes e participar de feiras e eventos ligados à área, recomenda Ferraz.

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