Designer de calçados feitos à mão usa rede social para atrair clientes

Outra alternativa para divulgação de produtos são as feiras de artesanato

Luiz Cintra
São Paulo

O primeiro passo para os artesãos que querem transformar o hobby em negócio é buscar canais de divulgação que tenham custos baixos —como as redes sociais e o boca a boca.

Lia Ribeiro, dona da marca de calçados femininos artesanais Laiá, diz que sua ferramenta de divulgação e captação de clientes é o Instagram, onde tem 20 mil seguidores.

Formada em letras, Lia se aproximou do universo da moda e foi gerente da Simultânea, loja de vestuário e calçados femininos na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo. 

Na mesma rua, Lia mantém hoje um ponto de 40 metros quadrados. A produção, manual, é terceirizada.
Como gerente da loja, em 2006, criou sua primeira sandália. Fez 20 pares com um sapateiro profissional —e assim nasceu a Laiá.

Decidida a enveredar para o mundo da criação e desenvolvimento de produtos, Lia fez pós-graduação em design na unidade paulistana do IED (Istituto Europeo di Design). “Desde o início a minha marca tem um carro-chefe, as sapatilhas com um desenho bem atemporal”, diz Lia.

Lia Ribeiro, dona da marca de calçados femininos artesanais Laiá
Lia Ribeiro, dona da marca de calçados femininos artesanais Laiá - Keiny Andrade/Folhapress

Após sair da loja, vendeu durante um ano suas criações na base da divulgação boca a boca, levando o mostruário em uma mala. Trabalhando em casa, também criou itens para marcas consolidadas.

Com a experiência acumulada de três anos de vendas na Simultânea, tomou coragem para abrir o seu ponto, onde está há cinco anos. Desde então triplicou suas vendas. Ela não revela o faturamento.

“Fui corajosa, mas já tinha o meu produto testado e uma procura pelos meus calçados”, diz Lia, que vê uma tendência de valorização dos produtos feitos à mão.

Hoje com duas vendedoras, Lia pretende abrir nos próximos meses um site com ecommerce. Também exporta há alguns anos parte de sua produção para uma loja em Miami.

“Agora estou encarando o ecommerce como uma segunda loja. E, segundo o meu consultor financeiro, as vendas podem dobrar”, diz Lia.

Feiras de artesanato são outra alternativa para divulgação de produtos.

Com mais de dez anos na produção de flores artificiais e multicoloridas, broches e outros adereços, feitos em arame adornado com miçangas, a psicóloga Bea Bergamin por cinco anos, de 2017 a 2012, comercializou seus produtos em uma feira aos domingos na praça Omaguás, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.

Sua maior dificuldade era chegar a um preço justo —a referência para seu trabalho era o preço cobrado fora do país, principalmente na Itália, de difícil adaptação ao mercado brasileiro. Na praça Omaguás, encontrou um público disposto a pagar um pouco mais pelo seu artesanato.

Segundo especialistas em empreendedorismo, artesãos encontram dificuldades na hora de ganhar escala e transformar a produção manual em um negócio financeiramente sustentável. Faltam capital e tempo, em geral dedicado à criação, produção, compra de matérias-primas e relação com os clientes.

Um primeiro passo para profissionalizar o negócio é buscar instituições de apoio e fomento, como Sebrae ou Apex, para quem busca exportar, ou, no caso dos empreendedores de São Paulo, a Sutaco, braço do governo paulista de apoio ao artesanato.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.