Chá para revelar sexo do bebê movimenta setor de festas infantis

Comemoração importada dos EUA é tendência com mesversário e minieventos

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Julia Zinn, Luana Davidsohn e Marina Zinn, da Confeitaria da Luana, em São Paulo
Julia Zinn, Luana Davidsohn e Marina Zinn, da Confeitaria da Luana, em São Paulo - Gabriel Cabral/Folhapress
São Paulo

Azul ou rosa. Pelo menos nas festas de chá de revelação é assim: uma cor ou outra anuncia a pais e convidados se o bebê que está a caminho é menino ou menina.

A moda, importada dos Estados Unidos, tem aquecido o segmento de festas infantis nos últimos dois anos. E, a todo momento, surge um jeito novo de revelar o sexo da criança —com bolo, balão, fumaça colorida e até reação química na água.

No ramo das festas infantis, inovar é essencial para não ser ultrapassado pela concorrência, diz Ariadne Mecate, consultora do Sebrae-SP. “Hoje é o chá de revelação, amanhã já é outra coisa”, afirma.

A especialista recomenda procurar referências em redes sociais de imagens, como Pinterest e Instagram, e entrar em grupos de mães no Facebook e no WhatsApp para ter novas ideias.

Foi, assim, pesquisando tendências na internet que a publicitária Marina Zinn, 34, sócia da Confeitaria da Luana, descobriu, em 2013, o “gender cupcake”, um bolinho que ganha recheio rosa ou azul dependendo do gênero do bebê. 

Quem prepara o doce sabe antes dos pais se a criança é menino ou menina. No dia, os convidados mordem os cupcakes ao mesmo tempo e descobrem o sexo juntos.

“Vi isso em vídeos e achei o máximo”, diz Marina. Ela produziu os bolinhos e anunciou a novidade. Mas, durante três anos, nenhuma unidade foi vendida. Em 2016, apareceram os primeiros compradores. No ano seguinte, os pedidos estouraram. 

Hoje, a preferência dos pais é por bolos, não mais por cupcakes. Por semana, a confeitaria, que ela comanda com a irmã, Julia, e a mãe, Luana, recebe, em média, três encomendas do tipo —a versão para dez pessoas custa por volta de R$ 200.

Segundo Marina, estar sempre em busca de tendências e saber traduzi-las para o mercado brasileiro é essencial para o crescimento da empresa, que teve faturamento de R$ 2,5 milhões no ano passado.

A confeitaria já apostou em outra moda: o “mesversário”, comemoração de cada mês de vida do bebê até ele completar um ano. Os pais podem comprar os bolos avulsos ou fechar um pacote. O serviço custa, em média, R$ 1.980 e dá direito a 12 bolos temáticos. 

Em geral, essas festas mensais são intimistas, só para a família e amigos próximos. As comemorações caseiras, estilo “faça você mesmo”, também são tendência no setor. 

A administradora Aline Cândido, 31, montou uma empresa de decoração em 2012. Dois anos atrás, percebeu que havia um público que buscava balões para festas pequenas. 

Como ela não podia deixar de fazer eventos grandes para atender essa demanda, teve a ideia de abrir sua própria loja, a Aline Balões, em Campinas, no interior de São Paulo. 

O espaço faz vendas avulsas e personaliza balões. Para chá de revelação, ela produz versões com possíveis nomes do bebê —“Enzo ou Valentina?”, por exemplo. Outra opção é a caixa-supresa, que, quando aberta, libera bexigas de uma cor ou da outra. 

A decoradora Bruna Tilli, 35, também sentiu a necessidade de se adaptar à procura por cerimônias em casa. “Ninguém está querendo investir tanto dinheiro em uma decoração. A tendência agora são as reuniões mais feitas pelos próprios pais”, afirma ela.

Há dois anos, Bruna inaugurou a Tilli Decor, loja de aluguel de itens decorativos e móveis para festas, em Campinas.

Os pais vão até lá e falam o que desejam. Então, Bruna faz a decoração de uma mesa e fotografa. Antes do evento, eles retiram as peças na loja e reproduzem o projeto. Segundo ela, os ambientes com grandes mesas retangulares saíram de cena. Estão em alta composições com móveis menores, com diferentes alturas.

A empresa faz de 30 a 40 locações por semana —30% delas são para chá de revelação. Os valores mais contratados variam de R$ 250 a R$ 500 e uma montagem mais completa pode chegar a R$ 800.

Com serviços complementares, Bruna e Aline trabalham em parceria. No começo de março, a Aline Balões inaugurou um quiosque dentro da Tilli Decor. E, assim, uma indica o trabalho da outra.

“Sem bons parceiros, eu não estaria no mercado até hoje”, diz a decoradora Shirley Toledo, 40, que faz, em média, oito festas por mês na região da Grande São Paulo.

Segundo ela, além das indicações, trabalhar sempre com os mesmos fornecedores ajuda, pois dá qualidade ao serviço e agiliza o cálculo dos orçamentos para os clientes.

“Quando comecei, eu achava que tinha que fazer tudo: encher balão, enrolar brigadeiro. Depois vi que é mais vantajoso quando cada um trabalha dentro da sua especialidade”, afirma.

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