Empresária cria curso para quem quer fisgar marido rico

Escola da Elite dá dicas de beleza e etiqueta para mulher em busca de ascensão social

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Mulher loira segura xícara de café. Ao fundo, árvores desfocadas
A empresária americana Jennifer Lobo, criadora da Escola da Elite, em um café na zona sul de São Paul - Danilo Verpa/Folhapress
 
São Paulo

Não quer mais sair com caras normais e está em busca do sucesso ao lado de homens ricos?, pergunta o site da Escola da Elite. Pois, diz a empresa, apenas sete passos separam qualquer mulher de uma vida de luxo ao lado de um marido milionário.

Lançada neste ano, a escola vende um curso online que se propõe a dar um bê-á-bá para quem quer “dominar a arte da ascensão social”. Com aulas de etiqueta e networking, entrega, em vez de um diploma, armas para fazer com que um homem patrocine a vida da interessada.

O negócio é parte de uma lista de empreendimentos de Jennifer Lobo, 31, todos voltados para relacionamentos nos quais a profundidade do bolso é um atributo importante. 

Autora do livro “Como Conquistar um Homem Rico”, lançou em 2015 o Meu Patrocínio, primeira plataforma brasileira de relacionamentos de tipo “sugar” —nos quais uma pessoa endinheirada (“sugar daddy”) encontra outra que não quer se preocupar com as contas (“sugar baby”).

Jennifer nasceu nos Estados Unidos e veio ao Brasil, terra natal de seus pais, em 2012, para ficar alguns meses. Notou, à época, que não existia no país uma plataforma dessas e, sem experiência prévia, resolveu empreender.

“Já tinha isso no mundo inteiro, só aqui, não”, diz ela, num sotaque americano forte.

Com mais de 1 milhão de cadastrados, o site promove, na sua opinião, uma relação mutualista: eles querem uma mulher para cortejar, elas querem mimos. As expectativas são abertas, o acordo é feito e não há decepções, diz.

Somados aos desgastes do dia a dia, problemas financeiros podem acabar com um casamento. As empresas de Jennifer querem tirar a questão do caminho: de cara, sabe-se que ele cuidará das contas.

Para ela, é questão de lógica. Em média, mulheres ganham menos que homens e ainda por cima gastam mais —com cabelo, maquiagem, cremes. “E você quer dividir a conta? Isso é justo?”

A Escola da Elite nasceu como desdobramento do Meu Patrocínio. Num curso para caçadoras de marido em Nova York, Jennifer conheceu a sueca Anna Bey, dona de um blog para mulheres que gostam de luxo. Deu match.

Jennifer sugeriu a Anna: por que não montar um curso com as dicas que ela dava em seu site? A primeira já tinha, no Meu Patrocínio, uma base de mulheres focadas em ascender socialmente, que poderiam querer pagar pelas aulas. É esse conteúdo que chegou ao Brasil.

Por R$ 500, as alunas veem vídeos legendados em que Anna fala sobre como conhecer e conquistar um milionário. São sete módulos, com até duas horas de duração cada um.

A aula introdutória, vista pela reportagem, tem um elemento de autoajuda: a crença de que tudo é alcançável se o desejo for forte o bastante.

Como lição de casa do primeiro vídeo, a aluna deve refletir sobre como seria capaz de alinhar sua vibração à dos ricos e se poderia mudar carreira e casa para ficar mais perto de pessoas sofisticadas.

Em seu livro, Jennifer dá outras dicas mais fáceis de seguir, como montar um mural com imagens de seus sonhos (por exemplo, uma foto de Kate Middleton com a sua cabeça colada por cima) e olhar para ele todos os dias.

Há módulos que ensinam a mulher a parecer mais elegante gastando pouco (malhe vendo vídeos na internet e escolha bons tecidos em lojas populares), dicas de hobbies (ir à ópera, jogar golfe, colecionar antiguidades) e de finanças (se tiver de escolher entre uma bolsa Chanel e a mensalidade da faculdade, opte pela segunda).

A ideia de Jennifer é ampliar a nova empresa com outros cursos, dessa vez criados para o Brasil. “Os homens de fora são diferentes”, diz ela. Não descarta, no futuro, investir no público masculino.

Mas, se ensinar a fisgar um companheiro abastado é um negócio, para a empresária, praticar o que ela ensina não deve ser encarado como empreendedorismo pelas alunas, diz, rindo. “Não acho que relacionamento é um trabalho.”

Ela ressalta que é preciso amor para que o casamento funcione. Homens, segundo diz, não querem levar o golpe do baú, mas gostam de prover e de se sentirem importantes —dica: no fim de um dia estressante, peça para o marido abrir um pote de vidro.

Em gerações anteriores, para arrumar uma namorada era comum que eles investissem em flores, poemas, presentes, cartas de amor.

“Agora é muito mais cool um homem que não faz nada. E você vai para a cama com ele. Isso é empoderamento da mulher?”, pergunta. “Desculpe, acho muito mais romântico e legal o jeito de antigamente, da época da minha avó.”

Se a mulher quer enriquecer com o próprio esforço, beleza. Ela mesma diz não querer parar de trabalhar. Mas o site e o curso dão as ferramentas para quem não vê problema em querer, sim, um homem com dinheiro que a banque. 

“Feminismo é poder escolher a vida que se quer, e ter a oportunidade de fazer isso sem ser julgada”, afirma.

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