Vendedores de experiências ganham mercado no universo corporativo

Equipes profissionais são premiadas com passeio de balão, salto de paraquedas e viagem em foguete

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São Paulo

Para motivar funcionários sem gastar muito, empresas brasileiras estão premiando equipes com experiências —de uma massagem a um salto de paraquedas.

Essa demanda impulsiona negócios que atuam no mercado de vivências. No último ano, companhias do setor cresceram ao menos 30%. 

 Jorge Nahas, dono da empresa O Melhor da Vida, em São Paulo
Jorge Nahas, dono da empresa O Melhor da Vida, em São Paulo - Lucas Seixas/Folhapress

Uma delas é a Viva! Experiências, fundada em 2009. Nos primeiros nove meses deste ano, a marca dobrou de tamanho em relação ao mesmo período de 2018, afirma Andre Susskind, diretor-executivo. A empresa oferece mais de 2.000 atividades no Brasil e no exterior. 

Segundo Edna Bedani, diretora da ABRH-SP (Associação Brasileira de Recursos Humanos São Paulo), a tendência é que esse tipo de negócio continue crescendo. 

“A instabilidade econômica dos últimos anos diminuiu o faturamento de muitas companhias. Elas sabem que precisam incentivar e engajar o trabalhador para alcançar resultados e buscam formas diferentes de bonificação”, afirma Edna.

Premiar um funcionário com um voucher para realizar uma atividade pesa menos no caixa porque é algo isolado, que não é incorporado na folha salarial. 

Nos pacotes oferecidos pela Viva!, os contratantes podem pagar de R$ 9 por hora num aluguel de bicicleta a R$ 15 mil por uma viagem de cinco dias a Paris ou Lisboa.

A empresa vende experiências para pessoas físicas também —até 2014, esse público representava a maior parte das vendas. Naquele ano, porém, a companhia detectou uma demanda corporativa e voltou seus esforços para esse mercado. Hoje, aproximadamente 95% das vendas são para escritórios.

Na opinião de Susskind, empresários perceberam que oferecer esse serviço pode ser mais vantajoso do que dar uma bonificação financeira.

“Quando o prêmio é em dinheiro, o funcionário paga contas e logo esquece. A experiência fica na memória. As corporações entendem que isso aumenta a felicidade dos colaboradores, que, consequentemente, produzem mais”, afirma Susskind. 

Os premiados normalmente são empregados que alcançam metas ou mantêm um bom desempenho por anos. 

Eles recebem vouchers com pontos que podem ser usados em uma atividade ou várias. Segundo Susskind, o sistema também aumenta o engajamento do funcionário porque muitos estabelecem a atividade como objetivo.

O lucro da Viva! vem da venda em escala. Por meio de parcerias com prestadores de serviços, os empresários conseguem descontos nas atividades. Em alguns casos, o preço de um programa chega a ser 20% menor do que o cobrado pelo parceiro, que em contrapartida ganha novos clientes. A Viva! fica com 10% a 50% do valor final das vendas.

Sharon Werblowsky, diretora da Immaginare, na sede da empresa, em São Paulo
Sharon Werblowsky, diretora da Immaginare, na sede da empresa, em São Paulo - Lucas Seixas/Folhapress

Criada em 2004, a marca O Melhor da Vida também vem registrando crescimento nos últimos anos. Em 2019, a expectativa é faturar R$ 10 milhões, com aumento de 50% em relação ao ano passado.

A companhia tem um menu com mais de 3.500 vivências. Uma delas é uma viagem de quase duas horas em um foguete em direção ao espaço, percorrendo um trajeto de 100 quilômetros acima do nível do mar.

Trata-se de uma super premiação levando em conta que o programa custa cerca de US$ 250 mil (R$ 1 milhão).

Jorge Nahas, fundador da O Melhor da Vida, diz que até hoje a experiência foi vendida uma única vez. 

A americana Virgin Galactic, responsável pela atividade, levou um executivo de uma montadora que opera no Brasil. Em maio deste ano, o funcionário passou por um treinamento nos Estados Unidos para se adaptar às condições dentro do foguete.

Assim como na Viva!, na companhia de Nahas a maior parte das vendas também é para empresas. As atividades mais populares são degustações de vinhos, charutos e uísques, recomendadas para unir equipes e quebrar o gelo entre pessoas no início da carreira.

“Em uma fusão de companhias, por exemplo, indicamos o workshop de cerveja para mostrar que o lúpulo e o malte juntos formam elemento mais elaborado. Associamos isso à ideia de que o trabalho em equipe resulta em produtos e resultados melhores”, diz Nahas.

O objetivo é trabalhar em parceria com os clientes. “Funcionamos como um braço do RH e do marketing. Se as empresas tivessem que fazer esse trabalho, teriam de ter uma equipe muito maior”, afirma Sharon Werblowsky, diretora da Immaginare.

A Immaginare pertence ao grupo da agência de turismo Freeway Viagens e combina um leque de atividades que podem ser realizadas em diversas cidades do Brasil e fora do país, incluindo viagens com passagens aéreas, transfers e hospedagem.

O negócio fatura R$ 600 mil por mês e estima um crescimento de 30% neste ano em relação a 2018.

O coordenador administrativo da construtora Top Suítes, Marcos Vinicius de Oliveira, ganhou de um amigo em 2017 uma dessas experiências: ele foi jantar no Terraço Itália, restaurante que fica no topo de edifício no centro de São Paulo. 

Ele gostou tanto que, naquela noite, decidiu levar para seus superiores a ideia de oferecer vivências como forma de estímulo para os colegas.

A construtora acabou adotando a política de incentivo. O investimento mensal com os pacotes de atividades varia de R$ 3.000 a R$ 5.000.

O benefício vem estimulando a competição interna entre os funcionários, que disputam prêmios maiores. 
“Após a implantação crescemos 20% no mercado”, afirma Oliveira.

Passeio de balão em Boituva oferecido pela Aeromagic Ballons, vendido pela Viva! Experiências
Passeio de balão em Boituva oferecido pela Aeromagic Ballons, vendido pela Viva! Experiências - Divulgação
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