Consumo com propósito é principal tendência para 2020, diz consultoria

Serviços para combater estresse no trabalho e voltados para idosos também estão em alta

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Andrea Vialli
São Paulo

O consumidor está disposto a adotar hábitos de consumo mais engajados em aspectos sociais e ambientais, ao mesmo tempo em que busca estratégias para aliviar as pressões da vida moderna e das mídias sociais. Essas são algumas das tendências de consumo para 2020 mapeadas pela consultoria Trendwatching, que tem escritórios em seis países.

Das cinco principais propensões de consumo, três estão ligadas a esse anseio por comprar com propósito: a “pressão verde”, na qual a sustentabilidade começa a se impor não como status, mas como mecanismo para aliviar a culpa; o “burnout”, em que os negócios podem ajudar os consumidores a lidar com sua saúde mental; e a “mídia civil”, segundo a qual interações nas redes serão pautadas por conexões com maior significado.

Mais dois movimentos fortes apontados pela consultoria estão ligados à tecnologia. Um é batizado de “avatares das marcas” e refere-se à promoção, pelas empresas, de personagens criados digitalmente; o outro é o “design metamórfico”, com produtos e serviços que se modificam na medida em que mudam as expectativas do consumidor.

“O consumo se tornou mais político ao longo da última década, e isso se reflete na busca por inovações em produtos e serviços que tragam impactos positivos para a sociedade”, afirma Livia Fioretti, analista da Trendwatching para a América Latina.

O burnout, que em 2019 foi reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma síndrome crônica ligada ao trabalho, é outra forte tendência apontada pelo relatório da Trendwatching. O estilo de vida no qual os trabalhadores nunca se desligam do trabalho é um dos responsáveis pela explosão da síndrome —só no Brasil, estima-se que o burnout afete um terço dos trabalhadores.

Em 2020, os consumidores devem dar atenção a marcas e produtos que os ajudem a resgatar a saúde mental e a combater o esgotamento. Da mesma forma, as empresas precisam se preocupar com os impactos da doença entre seus funcionários. “É preciso estar preparado para um futuro onde a saúde mental de sua força de trabalho será tão importante quanto a cadeia de fornecedores”, diz o relatório.

O escritório de tendências Observatório de Sinais, com sede em São Paulo, também aponta a área de saúde mental como uma das grandes oportunidades de negócios para 2020, para empresas de todos os portes. 

Há espaço para inovações digitais —como a oferta de atendimento terapêutico online—, para a produção de objetos que ajudem a lidar com o estresse do cotidiano para a adoção de causas pelas empresas, caso do Setembro Amarelo, que é o mês de prevenção ao suicídio. 

De acordo com o sociólogo Dario Caldas, diretor do Observatório de Sinais, as tendências em saúde mental são um desdobramento do movimento pelo bem-estar (wellness) que se consolidou ao longo da última década.

“Surgem oportunidades em áreas como o bem-estar sexual e espiritual e a indústria do sono; no segmento de alimentação, a bola da vez é o veganismo, tendência que se conecta tanto com bem-estar quanto com sustentabilidade”, diz Caldas.

Na prática, isso se traduz em produtos sexuais sendo vendidos não em sex shops, mas em farmácias, supermercados e lojas de cosméticos. 

Na indústria do sono, são apostas de negócios aplicativos e acessórios para dormir bem, além de espaços criados para tirar uma soneca.

No campo do bem-estar espiritual, a tendência é misturar práticas espirituais com rituais de saúde, como massagens e terapias corporais. 

O veganismo traz oportunidades na área de alimentação —vide o ‘boom’ dos hambúrgueres vegetais— e também nos segmentos de vestuário e mobília, com produtos livres de matérias-primas animais. Exemplo disso é a linha de sofás veganos lançada este ano pelo designer francês Philippe Starck, que trouxe como inovação sustentável o “couro de maçã”, tecido desenvolvido a partir da fruta.

O Sebrae lista como tendências para a nova década a “economia prateada”, que são os produtos e serviços voltados para pessoas acima de 60 anos. “Em duas décadas, esse grupo saltará de 14% para 25% da população brasileira, demandando serviços e conveniências”, diz Wilson Poit, diretor superintendente do Sebrae-SP. 

Outras direções para os negócios que seguem em alta são alimentação saudável, com destaque para alimentos sem glúten e sem lactose, comida feita em casa e marmitas fitness; negócios em lavanderia; microfranquias; e negócios ligados a economia circular, como reciclagem e recuperação de resíduos, brechós e peças de segunda mão. 

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