Encontre um sócio com objetivos iguais e habilidades diferentes

Parceria deve ser formalizada em um contrato que defina as atribuições de cada empresário

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Yara Guerchenzon
São Paulo

Ter alguém com quem dividir as responsabilidades e debater as decisões sobre a empresa pode ajudar a fazer o negócio crescer. 

Para garantir que a relação com o sócio transcorra de forma saudável até nos momentos mais críticos, é preciso escolher alguém com objetivos em comum e habilidades complementares e definir funções claras para cada um, afirmam especialistas na área.

Três homens de camisetas pretas aparecem sorrindo para retrato em grupo. Ao fundo, está um balcão e estante com bebidas
Os sócios Gabriel Prieto (centro), Thyago Lemos (esq.)e Filipe Fernandes (dir.) na Holy Burger, em São Paulo - Lucas Seixas/Folhapress

O empresário Gabriel Prieto, 40, é sócio de Thyago Lemos, 33, e de Filipe Fernandes, 34, na hamburgueria Holy Burger e no restaurante Fôrno, ambos na Vila Buarque, região central de São Paulo. Os três já eram amigos antes de embarcarem nos empreendimentos e definiram funções específicas na estrutura societária, para evitar atritos.

Cada um tem seu papel bem definido. Quando as áreas se cruzam, procuramos resolver os assuntos juntos. Cada um respeita as atribuições do outro, e isso é fundamental para termos êxito”, afirma Prieto.

A estratégia é semelhante à adotada pelos três sócios da Casalille, loja de tecidos de decoração e papéis de parede que fica em Pinheiros, na zona oeste paulistana. 

Mari Capeletti, 55, é diretora comercial e de marketing, Meire Costa, 50, ocupa o cargo de diretora de importação e Ary Simões, 67, atua como diretor financeiro.

“As funções são bem divididas, mas, ao mesmo tempo, compartilhamos todas as decisões. Um dos aspectos positivos de ter um sócio é justamente que você não encara sozinho todas as responsabilidades”, afirma Capeletti. 

Uma boa divisão de responsabilidades e atribuições evita que uma das partes se sinta sobrecarregada. 

“É comum uma sociedade chegar ao fim porque um se sente esgotado”, afirma Patrícia Zuccari, consultora de negócios do Sebrae. 

Além disso, a comunicação deve fluir bem, com transparência e liberdade para falar o que cada um precisa melhorar. “Isso é vital na condução do negócio. Tudo deve ser falado, não colocado pra debaixo do tapete”, diz Zuccari. 

O cabeleireiro Eron Araújo, 48, dono do salão Mimo Beleza, em Moema, na zona sul de São Paulo, diz que as divergências com as sócias Gabriela Mello Haas, 36, e Alessandra Couto, 40, fazem parte da gestão do negócio. 

“Sempre vai existir a incompatibilidade de ideias e, nesse caso, alguém tem que ceder e levar isso como aprendizado”, afirma.

O importante é que os objetivos para o empreendimento sejam os mesmos, diz Zuccari. 

Já as habilidades dos sócios devem ser diferentes e complementares. Assim, por exemplo, se um dos empresários for bom com números e planilhas, vale buscar um sócio que entenda melhor de gestão de pessoas e marketing. Assim, os erros são mitigados, em vez de potencializados, diz Paulo Guilherme Pato Vila, do Empretec, serviço voltado a empreendedores.

Outra recomendação de Pato Vila é uma análise minuciosa do histórico do potencial parceiro de negócio. “Deve-se conferir quem é a pessoa em termos legais, se tem problemas jurídicos e, inclusive, criminais.

Cheque se ela já esteve em outras sociedades e descubra por quais motivos deixou o negócio.”

Definida a parceria, é importante criar um contrato societário que deixe tudo bem definido, desde as atribuições de cada um no dia a dia da empresa até situações que envolvam a compra e venda da parte do outro. 

“O documento deve prever até mesmo a morte de um dos sócios, de que forma esse assunto deve ser acertado com os familiares”, diz Zuccari, do Sebrae. Ela recomenda ainda contratar um contador e um advogado para auxiliar no contrato. 

A porcentagem de participação de cada sócio na empresa deve ser calculada com base não apenas no aporte financeiro feito por cada parte, mas também no tempo que cada um dedicará ao crescimento do negócio, afirma Pato Vila. 

Essa definição deve ser, contudo, flexível, para se adaptar às diferentes fases da empresa. “O processo é dinâmico e é preciso, muitas vezes, fazer algo a mais do que foi combinado para o negócio ir pra frente e crescer. Isso é natural”, diz o consultor. 

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