Depois de quebrar duas vezes, ex-gerente de banco se dá bem com rede de franquias

Empreendedor usou dinheiro da venda de sua casa para investir e teve retorno em 6 meses

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Cristiane Teixeira
São Paulo

Quem vê os resultados que Luciano Fiorotto Junior, 61, atinge com seus seis quiosques da franquia Nutty Bavarian em Curitiba não imagina os percalços pelos quais o ex-gerente de banco passou antes de entrar nesse ramo.

Luciano sempre teve vontade de ser dono do próprio negócio, mas passou 17 anos fazendo carreira em um banco, onde chegou à posição de gerente. 

Quando surgiu a oportunidade de aderir a um programa de demissão voluntária, em 1995, ele decidiu arriscar. Investiu o dinheiro da rescisão em uma fábrica de suco de laranja e, depois, em outra de pão de queijo. Não deu certo.

O seu maior erro, diz ele, foi ter entrado nos negócios sem planejamento. Queria tanto empreender que se juntou a sócios sem antes definir as responsabilidades e funções de cada um. 

Saiu das duas empreitadas sem nada. Luciano e sua família, que até então viviam em Vitória (ES), mudaram-se para Curitiba (PR). 

Ele teve então a ideia de abrir em um shopping da cidade um quiosque da rede americana especializadas em castanhas, que à época estava começando as operações no Brasil.

Para isso, precisou investir uma parte do dinheiro que recebeu quando vendeu a casa em que morava em Vitória —cerca de R$ 150 mil reais em valores atuais. A esposa, Denize Fiorotto, 64, apoiou, mas com uma única condição: "Sem sócios". 

"Em seis meses, todo o capital investido voltou", afirma Luciano, que se encontrou como empreendedor no sistema de franchising. “A franqueadora nos dá suporte, fornece informações para estruturar o negócio, ajuda na escolha do ponto e desenvolve ações de marketing."

O empresário Luciano Fiorotto Junior entre seu filho, Rodrigo, e a esposa, Denize
O empresário Luciano Fiorotto Junior entre seu filho, Rodrigo, e a esposa, Denize - Arquivo pessoal

Nos dois anos seguintes, Luciano inaugurou mais duas unidades —em outro shopping e no Aeroporto Internacional Afonso Pena.

Por anos, o empresário bateu recordes de faturamento da rede. Até que, uma década depois, uma ampliação do terminal aéreo causou uma alteração na circulação de pessoas, o que diminuiu muito o movimento na banca de castanhas.

Ao perceber isso, Luciano estudou os novos fluxos de passageiro e investiu em mais dois quiosques nas áreas de maior movimento. A taxa de lucratividade caiu, mas o saldo ficou favorável.

Nos 22 anos desde a inauguração do primeiro ponto de venda, os filhos também foram se envolvendo. Hoje, o mais velho, Rodrigo, 33, se prepara para assumir os negócios. 

A caçula, Bárbara, 28, não se envolve diretamente na gestão, mas participa do conselho, montado com a ajuda de um especialista em sucessões familiares. “Quando se trata de abrir ou não um novo quiosque, por exemplo, é o conselho quem manda”, explica o administrador.

Um supervisor monitora as unidades constantemente, enquanto pai e filho as visitam uma vez por semana. Ao contrário do que muitos pensam, não basta investir na franquia e terceirizar o dia a dia. “Eu verifico tudo com o olho do dono, é diferente. Sou muito crítico, enxergo coisas que os outros não veem”, afirma Luciano.

Para a sucessão, Rodrigo fez vários cursos no Sebrae, e conta com a mentoria de um consultor de gestão. O pai explica: “Hoje temos condições financeiras que nos permitem essa formação individualizada. Mas, para quem não tem, há muitos cursos e conteúdos na internet.”

Apesar de já aposentado, Luciano ainda reluta em diminuir o ritmo. “Minha veia empreendedora vive me cutucando. Vejo oportunidades e fico inquieto.”

FICHA DO EMPREENDEDOR

Negócio: franquias de castanhas Nutty Bavarian

Começo: 1998

Investimento inicial: cerca de R$ 150 mil (valores de hoje)

Origem do capital para iniciar: venda da casa própria

Número de unidades: 6

Onde: em shoppings de Curitiba e no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais (PR)

Número de funcionários: 18

Faturamento: a franqueadora não permite a divulgação

O que um empreendedor deve ter: “Persistência. Não desistir. Planejar, pensar estrategicamente e à frente. Manter-se atualizado, buscando informações em estudos, palestras e conversas informais. Gostar e dominar o que se faz”

O mais difícil de empreender: “As quedas, as derrotas – mas elas conduzem ao aprendizado. Empreender exige muito esforço físico e mental, longas horas de trabalho, inclusive nos finais de semana. Quem está acostumado com salário, férias e 13º precisa ter reserva financeira considerável e se preparar psicologicamente, já que todo começo, além de difícil, gera enorme expectativa por obtenção de resultado”

Maior erro: “Entrar em uma sociedade com terceiros sem definir em contrato a função de cada um. Muitas vezes estamos cegos, muito envolvidos emocionalmente, e deixamos de fazer uma análise racional”

FICHA DA FRANQUIA

Rede de 130 quiosques franqueados da Nutty Bavarian, fundada em 1996

Investimento inicial por unidade: R$ 99 mil, incluindo o quiosque montado e capital de giro

Faturamento médio mensal: R$ 32 mil

Prazo de retorno: de 12 a 18 meses

Lucratividade: de 12% a 15%

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