Descrição de chapéu Coronavírus

Parado, setor de academias debate saídas para apoiar pequenos

Governos determinaram o fechamento dos espaços para ajudar a conter a expansão do coronavírus

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São Paulo

Ainda é cedo para calcular o tamanho do prejuízo que a pandemia de coronavírus vai trazer para o mercado de academias no país.

Anderson Lopez, 38, da Hiit20, rede de academias com aulas de treinos rápidos e de alta intensidade
Anderson Lopez, 38, da Hiit20, rede de academias com aulas de treinos rápidos e de alta intensidade - Lucas Seixas/Folhapress

Na última semana, governos estaduais determinaram o fechamento dos espaços para ajudar a conter a expansão do vírus. Em São Paulo, os estabelecimentos devem ficar sem funcionar até 30 de abril.

"Mais de 80% das academias do Brasil são micro ou pequenas empresas, que dependem necessariamente do pleno funcionamento de suas atividades para se manter", diz o ex-nadador Gustavo Borges, que é presidente da Associação Brasileira de Academias.

A entidade montou um grupo para debater soluções e possíveis caminhos de apoio ao pequeno empresário do setor. A primeira ação será pleitear apoio federal para suspender o pagamento de impostos e de parcelas de programas de recuperação fiscal.

"Não acredito que a pandemia altere a dinâmica do setor a longo prazo, mas o mercado está paralisado no país todo e não existe uma previsão para que isso mude", diz Rubens Massa, professor do centro de empreendedorismo e novos negócios da FGV.

Durante esse período de crise, os empresários estão tentando manter o vínculo com alunos, mesmo a distância.

Eliane Morais, 54, é dona há dois anos e meio de uma franquia da Team Nogueira, especializada em muay thai, arte marcial originária da Tailândia. A academia fica na Chácara Santo Antônio, na zona sul de São Paulo.

Eliane teve que fechar as portas na quarta-feira (18). Ela decidiu dar férias a todos seus funcionários e começou a criar conteúdos digitais com dicas e aulas para os alunos manterem vínculo com o estabelecimento. Até o momento, nenhum dos 500 alunos cancelou o plano.

Quando a situação desse mercado se normalizar, a tendência é que academias que apostam em nichos —como o de Eliane— cresçam. Entram nesse grupo os estúdios de spinning ou de treinos de alta intensidade, por exemplo. Já os estabelecimentos tradicionais, com musculação e uma grade ampla de aulas, devem perder espaço.

O sucesso das grandes empresas no ramo —caso do grupo Bio Ritmo, que oferece tanto opções de baixo custo quanto endereços com atendimento personalizado— não tem afetado o sucesso de empreendimentos pequenos, de acordo com Geraldo Henrique, especialista em competitividade do Sebrae.

A busca por saúde e bem-estar impulsiona o setor de uma forma geral.

"O empreendedor tem a opção de optar por uma franquia, que já traz a competência de gestão e os efeitos de pertencer a uma rede, com um modelo de administração claro e testado, ou seguir pelo seu próprio caminho", diz Massa. "De qualquer forma, é necessário estar focado em um grupo específico."

Segundo o especialista, negócios próprios custam, em média, de R$ 500 mil a R$ 600 mil, cerca de 40% menos do que uma franquia de marcas mais conhecidas.

Academias filiadas à Associação Brasileira de Franchising (ABF) têm opções de negócios que vão de R$ 57 mil a R$ 5,3 milhões para a abertura de uma unidade.

Anderson Lopez Reis, 38, que não conhecia o segmento de esporte e sempre atuou no mercado financeiro, optou por entrar no setor abrindo uma franquia da Hiit20, que foca emagrecimento com treinos de alta intensidade.

A academia, que funciona desde 2018, exigiu um investimento de R$ 100 mil e tem um tíquete médio de R$ 150. Para ampliar o faturamento, a ideia é aumentar a média das mensalidades, mas não ter mais do que 200 alunos —hoje, são cerca de 165. Isso porque, para manter o público, ele afirma que é necessário manter alto o padrão de atendimento.

Massa alerta que, para quem quer entrar nesse mercado, é fundamental ter um capital de giro capaz de sustentar os primeiros meses. "Dificilmente o negócio entra no azul em menos de um ano. A taxa de retorno médio é de 36 meses."

Outro ponto importante é a busca constante por alunos, que, muitas vezes, não renovam seus contratos. Além disso, é preciso estar preparado para atualizar os equipamentos, diz Beto Filho, presidente da ABF no Rio de Janeiro.

"Se você não abriu as portas, o ideal é observar o cenário e pensar que dificilmente antes de três meses as pessoas vão retomar sua rotina", diz Massa.

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