Plataformas conectam atleta iniciante a técnicos, clubes e até psicólogos

Negócios ajudam esportistas em começo de carreira a ganhar visibilidade

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São Paulo

Com o objetivo de ajudar esportistas amadores, empresas oferecem plataformas que os conectam a treinadores, coaches, olheiros, clubes e até psicólogos.

A proposta dos negócios é atuar como ponte entre os que querem oportunidades de profissionalização ou ajuda para melhorar seu desempenho e quem pode ajudá-los.

Uma das empresas é a Atletas Now, de São Paulo. Em sua plataforma, que pode ser acessada via mobile ou desktop (não há aplicativo), praticantes de 84 modalidades, do hipismo ao tiro esportivo, podem se cadastrar e buscar profissionais de 23 áreas, de jornalistas a nutricionistas. Clubes também participam.

“Nosso diferencial é não focar só uma modalidade. Há uma boa divisão dos esportes, mas o que mais tem é quem quer ser jogador de futebol”, diz José Pedro Mello, 21, fundador. A plataforma tem 25 mil atletas e mil profissionais de outras áreas cadastrados.

José Pedro Mello, 21, fundador da Atletas Now, na sede da empresa, em São Paulo
José Pedro Mello, 21, fundador da Atletas Now, na sede da empresa, em São Paulo - Lucas Seixas/Folhapress

O serviço funciona como uma rede social. As duas partes colocam informações sobre si e podem encontrar quem lhes interessa.

Além da conexão, também oferece ajuda de custo de R$ 250 a alguns perfis que se destacam na plataforma —os critérios são ter uma página completa, com bastante informação, e engajamento.
“Tem uma menina do jiu-jítsu que usou a ajuda para se inscrever numa competição e a venceu”, diz Mello.

Por ora, a empresa se monetiza por meio de anúncios. Os usuários não pagam. Em abril, a startup deve lançar uma opção na qual será possível ter acesso a mais serviços pagando mensalidade. Um aplicativo também está no horizonte.

A Atletas Now foi fundada em 2019 e emprega sete pessoas. Segundo Mello, a expectativa é ter 200 mil atletas cadastrados até o fim do ano.

Já a Olheiros, também paulista, se concentra no futebol. A companhia busca unir quem quer jogar profissionalmente, que posta seus vídeos na plataforma, a profissionais especializados em encontrar talentos.

“Eu tentei ser jogador, passei por alguns clubes e sentia falta de algo que aumentasse minha visibilidade”, diz Wallace Victor da Silva, 24, fundador.

Para divulgar a marca, a companhia também faz peneiras com a presença desses profissionais. Até agora, já foram duas. Da última, em dezembro, três garotos foram convidados a fazer testes no São Paulo e um no Ceará.

Em outra ponta do negócio, a empresa faz parcerias com escolas particulares para que bons jogadores obtenham bolsas de estudo. Especificamente nessa área, a Olheiros pretende expandir os negócios para outros esportes.

Como lida com menores de idade, Wallace faz questão de dizer que tem contato contínuo com os responsáveis pelos jogadores e só aceita olheiros cadastrados a clubes.

Há cerca de 3.000 atletas no aplicativo, que foi fundado em 2018. Por ora, a empresa opera com a ajuda de um patrocinador e não cobra nada dos usuários, mas pretende lançar uma versão na qual haverá a opção de ter acesso a benefícios com o pagamento de uma assinatura.

Outra startup que trabalha só com futebol é a Tero, do Rio. Na plataforma, os jogadores inserem seus currículos e fazem alguns testes táticos, nos quais veem cenas de uma partida e respondem o que fariam. O atleta também pode conectar seu treino à plataforma, que consegue monitorar suas atividades físicas.

Do outro lado, treinadores independentes, que querem vender seus serviços, avaliam o desempenho dos atletas.

“Com isso conseguimos um primeiro filtro que direciona o jogador para oportunidades. É melhor que uma peneira, que é uma disputa muito heterogênea, com gente boa e ruim jogando junto”, diz Bruno Pessoa, 28, fundador.

A Tero também tem parceria com universidades e colégios americanos, para onde já enviou atletas, e com a La Liga, organizadora do Campeonato Espanhol.

“O mercado do esporte amador ainda é muito mal explorado no Brasil. Temos 1.200 clubes registrados na CBF; na França, com muito menos população, há 18 mil na federação. E o campeonato tem muito mais divisões”, diz Pessoa.

A Tero, fundada em 2018, tem dez funcionários e 45 mil atletas cadastrados. Pretende fechar o ano com 500 mil. O foco da empresa, por ora, é aumentar sua base de inscritos.

Para Wilson Borges, consultor do Sebrae-SP, quem quiser investir numa sports tech (startups do setor esportivo) deve ficar atento aos nichos de mercado dentro da área.

“É um mercado gigantesco. Existem muitos esportes, e o praticante de cada um deles precisa de algo específico”.

Ele cita como exemplos de nicho uma companhia que aluga produtos para mergulho e outra que hospeda corredores que viajam para provas fora de suas cidades.

No caso das empresas que conectam atletas a olheiros ou treinadores, Borges recomenda também um escrutínio amplo desses profissionais.

“Quando você intermedeia a conexão entre pessoas, tem que ter uma política de segurança boa, porque é corresponsável se algo acontecer”.

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