Ter uma marca própria é saída para atletas profissionais e amadores

Plataformas facilitam a criação de loja online e viabilizam autopatrocínio

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Fernanda Lacerda
São Paulo

Atletas recorrem à criação de marcas para reduzir sua dependência de patrocinadores. Ao emprestar seu nome a produtos como roupas e canecas, conseguem uma fonte alternativa de renda, além de dar uma cara para a sua torcida.

O automobilismo não é um esporte barato, diz a pilota Bia Figueiredo, 34. Até 2012, ela contou com apoio para organizar sua carreira, mas desde então tem se virado sozinha.

Primeira mulher a vencer na Firestone Indy Lights e a única a ganhar a Fórmula Renault, Figueiredo tem sua própria marca de produtos, faz ações junto a outras empresas nas redes sociais, dá palestras e, no ano passado, virou investidora do aplicativo de transporte Lady Driver.

“Essa parte financeira do automobilismo é desafiadora para homens e mulheres. Até me beneficiei em certos momentos por ser mulher, porque era diferente”, diz.

A pilota contratou uma agência de relações públicas para auxiliá-la no marketing e uma consultoria jurídica para as questões relativas ao investimento no aplicativo.

Como está grávida e, portanto, fora das pistas até novembro, se dedica agora à sua carreira de empreendedora mais de perto.

Seus produtos, como camisetas e miniaturas de carros de corrida, ficam a cargo da Atletas de Marca, ecommerce especializado em criar marcas para esportistas.

A empresa surgiu na esteira dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, de acordo com Junior Rossi, que é fundador e diretor de criação.

“A gente sabia que os patrocínios seriam reduzidos. Visualizando esse cenário, convidamos os atletas para fazer parte de um ecommerce onde todos podem divulgar seus produtos. Nós fazemos tudo e eles ficam com um percentual”, afirma ele.

Além de Figueiredo, fazem parte da plataforma outros 12 atletas, entre eles o nadador paralímpico Daniel Dias, 31.

Dias conta que decidiu criar uma marca para profissionalizar ainda mais sua imagem e sua carreira. Seu papel é “promover a marca o máximo possível”, utilizando suas redes sociais, materiais institucionais e eventos.

A gestão dos produtos em si é dividida com a agência Belivre e a Atletas de Marca. O paratleta diz que o retorno ainda é intangível, embora positivo.

“Ainda não tive nenhum negócio fechado com patrocinadores por conta da marca, mas ela transmite mais credibilidade e seriedade para o meu trabalho.”

Foi por causa de Bia Figueiredo que Marco Ricciardi, 53, chegou até o site Atletas de Marca. Em busca de uma miniatura do carro de corrida da pilota para comprar para o filho, que corre de kart, descobriu que a criança poderia também ter uma marca.

Apesar de Valentino ter apenas 9 anos, o empresário afirma que achou importante já criar uma marca para ajudar o filho, dado que a carreira no automobilismo não é fácil nem barata. Ele comprou um dos planos da nova frente da Atletas de Marca, chamada Futuro.

A Atleta Futuro permite que o interessado adquira um pacote, que vai do bronze ao ouro, com preços de R$ 13,90 a R$ 119,90 mensais, para criar sua página no ecommerce. A cada item vendido, o atleta fica com um percentual de até 25% do valor.

A ideia, diz Rossi, é atingir a pessoa que nunca imaginou ganhar nada com o esporte, oferecendo uma forma de autopatrocínio.

“O amador é aquele atleta que quer uma ajuda de custo para trocar de tênis, trocar a corda da raquete, ou aquele que uma passagem já ajuda para ir numa competição”, afirma.

Até agora, cem pessoas já se cadastraram na plataforma. Segundo Rossi, o perfil é principalmente de crianças e adultos amadores.

Entre os últimos, destaca-se a corredora Janaína Garrot, 32. A artista plástica aproveitou que havia vencido a Maratona com Arte, concurso cultural que resultou na exposição de uma aquarela pintada por ela no Rio de Janeiro —um tênis gigante—, para vender produtos com a imagem.

Com o sucesso, criou outras artes para estampar seus produtos e, em três meses, já vendeu o equivalente a R$ 6.000 em itens pelo ecommerce.

“Sou arquiteta de formação, mas na crise saí do mercado e não consegui me recolocar. De início, o rendimento das vendas no site era para ajudar nas contas mesmo, mas agora que as coisas estão melhorando, pretendo usar para a minha primeira viagem de prova”, diz Garrot.

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