Demanda por itens para pets e entrega de flores cresce na crise do coronavírus

Venda de fraldas e tapetes higiênicos para animais de estimação bate recorde

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São Paulo

São Paulo Enquanto a maioria das empresas sofre os efeitos da quarentena causada pela disseminação do novo coronavírus, que veta o funcionamento de serviços não essenciais, alguns nichos se beneficiam das novas demandas geradas pelo confinamento.

Como as pessoas veem menos os parentes e amigos, a entrega de flores é um deles.
A Giuliana Flores, fundada há 30 anos, viu um boom em seu número de pedidos. Desde que a quarentena começou, faz 2.600 entregas por dia. Antes do isolamento, esse número ficava em 1.100.

“Mesmo sem poder sair de casa, as pessoas precisam presentear os amigos. Uns fazem aniversário, outros estão tristes pela situação e precisam de carinho”, diz o fundador Clovis Souza, 49. Além das flores, seu carro-chefe, a empresa também entrega chocolates, semijoias e outros presentes.

Estoque da Giuliana Flores, em São Caetano do Sul (SP)
Estoque da Giuliana Flores, em São Caetano do Sul (SP) - Divulgação

Para dar conta da demanda, com equipe reduzida, Souza instaurou jornadas de 12 horas de trabalho seguidas de 36 horas de descanso. Só 14 funcionários, todos na montagem dos arranjos, estão trabalhando presencialmente. Ao todo, são 220 empregados.

Apesar do sucesso da companhia, que tem 20 anos de expertise na venda online (90% de seu faturamento vem daí), o setor de flores sofre com o cancelamento de eventos como casamentos e formaturas.

“Fizemos algumas promoções para tentar ajudar os produtores. Baixamos o preço de alguns produtos para ganhar em volume e eles conseguirem vender mais”, afirma.

Na quarentena, muitas pessoas deixaram de sair para passear com seus animais de estimação. A Dog’s Care, fábrica de produtos de higiene descartáveis para pets, teve o melhor mês de sua história.

“Produzimos cerca de 1,5 milhão de peças mensalmente. Com a crise do coronavírus, aumentamos o número em 20%. Trabalhamos inclusive de sábados”, afirma Ana Carolina Vaz, 41, sócia.

A marca, que vende para grandes redes de petshop, viu a demanda por tapetes higiênicos aumentar 30% e a de fraldas descartáveis crescer cerca de 20%.

Mesmo quem ainda leva seu pet para passear tem um novo hábito. A demanda para um produto de banho a seco da Dog’s Care, que higieniza as patas dos animais e mata fungos e bactérias, dobrou.

A empresa, fundada em 2006, tem 40 funcionários. Com mais gente trabalhando em casa, a procura por soluções que auxiliam no home office também cresceu.

A Iungo, que vende serviço de PABX em nuvem (solução de telefonia que permite direcionar ligações feitas a um número para qualquer aparelho), cresceu 35% no mês passado, no qual atraiu quase 300 novos clientes.

O serviço permite que funcionários consigam atender ligações direcionadas a seu ramal em casa, levando o telefone do trabalho e conectando-o a uma rede de banda larga, ou mesmo em seus celulares, por meio de um aplicativo.

Cristiano Ikari, 46, sócio da empresa, acha que o momento de home office forçado pode trazer uma mudança para a cultura corporativa.

“O empresário que conseguir rodar bem sua companhia com home office vai pensar se vale a pena o custo físico de um escritório e o do deslocamento do trabalhador para manter uma operação 100% presencial”, diz.

A empresa recebe via planos mensais. Cada ramal custa R$ 80 e, em média, seus clientes têm de 8 a 10 deles. Apesar do crescimento, Ikari diz que a crise também o afeta. É que a inadimplência aumentou em março. “Mas ainda ficamos no azul.”

Já a Vee Benefícios está com 30 vagas abertas em plena crise. A empresa, que dá aos usuários flexibilidade para escolher como usam benefícios recebidos por seus empregadores, viu a demanda por seus serviços aumentar.

A companhia cresceu 23% em número de clientes e 60% em faturamento em março. Com as pessoas ficando mais em casa, empregadores (seus clientes) procuraram a Vee para dar aos funcionários a gestão dos benefícios.

“Isso ajuda quem está em casa e não pode usar o vale refeição, por exemplo, porque restaurantes estão fechados, aí pode usar a verba para fazer compras no mercado via vale alimentação”, diz Raphael Machioni, 27, fundador.

O uso do primeiro caiu 41% no mês de março; o do segundo cresceu 82%.

A empresa, que começou em 2016, tem 110 clientes (30 angariados no mês passado) e faturou R$ 440 mil em 2019. Pretendia chegar a R$ 1,5 milhão em 2020, mas, com o aumento da demanda, calcula que deve alcançar R$ 2,7 milhões no fim do ano.

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