O que serviços essenciais devem fazer para operar sem riscos nem prejuízos

Além de reforçar a higiene, é preciso divulgar medidas para conquistar a confiança dos clientes

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São Paulo

Adotar práticas que levam comodidade ao cliente e demonstram cuidados com a higiene podem ajudar os negócios de setores considerados essenciais, que continuam abertos na pandemia, a passar pela crise sem prejuízos.

“O conforto já era um fator de escolha. Agora, isso se ampliou porque o consumidor está receoso de sair de casa”, diz Cesar Rissete, gerente de competitividade do Sebrae.

O chef Igor Witer, do restaurante Vicoboim, em Higienópolis, que adotou medidas de precaução com ajuda de uma empresa de nutrição  
O chef Igor Witer, do restaurante Vicoboim, em Higienópolis, que adotou medidas de precaução com ajuda de uma empresa de nutrição   - Keiny Andrade/Folhapress


Mesmo que as empresas possam manter as portas abertas neste momento, apostar nas entregas em domicílio é fundamental para aumentar a segurança da operação e potencializar as vendas.

Durante o período de quarentena, a fatia de faturamento vinda do delivery no pet shop Sempre Juntos Pet, em Brasília, cresceu para 50% —antes da Covid-19, beirava 15%.

Além de entregar itens como ração, remédios e brinquedos, o negócio também leva e busca os animais que vão fazer banho ou tosa —o serviço de táxi se tornou gratuito durante o isolamento social.

“No começo, os clientes estavam assustados. Quando demonstramos nossos cuidados na entrega, eles se sentiram mais confortáveis em enviar os animais para a loja”, diz Gabriela Ziegler, 34, proprietária.

A higienização do espaço foi triplicada, o pet shop passou a fazer apenas um banho por hora e a oferecer serviço de drive-thru, levando produtos ao carro do cliente.

Com o consumidor em casa, alguns setores enfrentam queda porque serviços antes terceirizados estão sendo absorvidos pelos clientes, afirma Rissete, do Sebrae.

A diminuição do movimento foi sentida nas três lojas da franquia de lavanderia 5àsec da empresária Caroline Rembowski, 36, que viu os pedidos caírem de 1000 peças por semana para cerca de 600.

Lavanderias são consideradas serviço essencial de limpeza no estado de São Paulo.

Com a quarentena, a demanda de roupas sociais, que eram o cerne do negócio, deu lugar à de roupas de cama e itens para passar. O delivery, que antes respondia por 50% dos pedidos, agora é responsável por 95% —e passou a ser gratuito durante a pandemia.

“Claro que isso representa um custo a mais. Mas sabemos que é importante trazer esse tipo de comodidade na crise. Com essa operação, a gente consegue ao menos pagar as contas”, diz Caroline.

Procedimentos de segurança precisam ser seguidos à risca e devem ser comunicados aos consumidores que, neste momento, podem estar com uma sensação de insegurança, afirma Rissete.

A recomendação para empresas atuarem sem risco é que funcionários usem máscaras e, se possível, óculos, porque os olhos também são uma via de contaminação, afirma Jorge Luis Ferreira, infectologista e diretor do Hospital Santo Expedito, na zona leste de São Paulo.

Luvas, segundo ele, muitas vezes transmitem uma falsa sensação de proteção porque o usuário, quando se sente seguro, deixa de prestar atenção se está levando a mão aos olhos e às vias aéreas.

Outra sugestão para se proteger contra a doença é implementar, se possível, uma barreira física (como uma placa de acrílico) entre o cliente e o funcionário que presta atendimento e fazer marcações sinalizando a distância de segurança de dois metros no
espaço da fila de pagamento.

Essa distância de segurança também deve ser observada pelos entregadores, em especial aqueles que trabalham com estabelecimentos de comida pronta.

“O ideal é que o restaurante ou cozinha fixe um cartaz pedindo que se mantenha o distanciamento e também disponibilize álcool em gel”, diz Letícia Salgueiro Otoni, nutricionista especializada em gestão da qualidade em alimentos do hospital Sírio-Libanês.

O chef Igor Witer, 37, do restaurante Vicoboim, em Higienópolis, zona central de São Paulo, havia optado por não trabalhar com delivery antes da epidemia, mas teve de mudar de ideia já que não pode atender atender fregueses no salão neste período.

Para estruturar a operação, ele pediu ajuda à empresa de nutrição que já prestava serviço para o restaurante e estabeleceu medidas de segurança.

A primeira precaução foi conversar com a equipe para reforçar a conscientização sobre cuidados, entre eles a forma segura de higienizar as mãos e a importância de evitar o contato físico.

Igor também instalou uma bancada de inox a dois metros de entrada da cozinha para fazer ali o descarte de embalagens externas e a higienização dos alimentos que serão usados nas receitas.

Quando a comida está pronta, os entregadores, que não têm acesso ao interior do restaurante, recebem o pedido por uma janela, na qual fica um frasco de álcool em gel.

O delivery, afirma o chef, é uma forma de manter em funcionamento a casa que abriu há apenas quatro meses.

“Como tinha recém-inaugurado, estava sem capital de giro e não podia parar. Com o delivery, eu não acumulo dívidas e também consigo manter o restaurante no radar dos clientes”, diz ele.


Conheça cuidados necessários no preparo de alimentos

  • Funcionários, em especial os que trabalham dentro da cozinha, devem reforçar a limpeza das mãos, importante veículo de contaminação
  • Uniformes só podem ser usados na cozinha e precisam ser lavados com mais frequência
  • A higienização de embalagens e de alimentos frescos deve ser feita antes de que eles sejam levados para a área de produção, para evitar contaminação
  • Proteções externas de produtos alimentícios devem ser descartadas quando for o caso; embalagens devem ser higienizadas com álcool 70% ou solução clorada
  • É preciso observar as recomendações de duração e uso definidas pelo fabricante de máscaras de proteção
  • Funcionários devem ser orientados a retirar a máscara da forma correta, removendo-a sempre pelas abas
  • O uso de máscara tem importância redobrada por profissionais que manipulam comida crua ou que finalizam receitas
  • Embalagens de delivery devem ser mantidas protegidas até a hora de receberem o alimento; quando o funcionário for usá-la, não deve tocar a parte interna
  • Entregadores devem fazer a limpeza constante da caixa de delivery e nunca apoiá-la no chão
  • O restaurante deve orientar entregadores para que mantenham o distanciamento de ao menos dois metros na hora de retirar o pedido; álcool em gel deve ser oferecido no espaço de retirada

Fonte: Letícia Salgueiro Otoni, nutricionista especializada em gestão da qualidade em alimentos do hospital Sírio-Libanês

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