Empresas levam parquinho para dentro de casa na pandemia

Fabricantes de brinquedos destinados a áreas externas adaptam seus produtos

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São Paulo

Com restrições no uso das áreas comuns de prédios e o fechamento de praças e parques durante a pandemia, a solução encontrada por muitos pais foi transformar a sacada ou a própria sala em playground.

Diante dessa nova realidade, muitas fabricantes de brinquedos destinados a áreas externas adaptaram seus produtos para a utilização dentro de casa. Assim, estão conseguindo driblar a crise.

Quando veio a pandemia, a empresária Daniela Kolb, 38, tinha acabado de fundar a Eba Brinquedos, cujo projeto inicial previa a venda para escolas, condomínios e parques.

Ela, então, mudou os produtos, feitos com madeira de reflorestamento, para versões menores e dobráveis. Em setembro, lançou sua loja virtual. “Isso acabou dando fôlego para o negócio e tirando a pressão de ter que vender os brinquedos maiores. Ficamos mais tranquilos por conseguir manter toda a equipe.”

Daniela, inclusive, já pensa em incrementar a produção. Quer contratar mais funcionários (hoje, são 15) e investir para aumentar a capacidade da fábrica, em Garopaba (SC). Ela afirma que 70% dos produtos para ambientes internos devem permanecer no catálogo no pós-pandemia.

O campeão de vendas neste período é um balanço no formato de skate que permite que as crianças girem para todos os lados. Pode ser fixado em uma parede ou em cima de uma porta e custa R$ 439.

O casal Paula, 37, e Sérgio Takahashi, 40, também precisou adaptar sua empresa ao novo contexto.

Fundada em 2016, a Tanabata Kids trabalhava essencialmente com brinquedos grandes, usados em áreas externas.

A venda era feita somente a lojistas, que enfrentaram restrições de funcionamento ao longo da pandemia. “Achamos que o negócio iria acabar”, diz Sérgio.

Os empresários resolveram, então, investir no próprio ecommerce para chegar ao consumidor final. Também ajustaram alguns produtos para que pudessem ser usados dentro de casa.

O resultado é que em 2020 houve aumento de 250% no faturamento da empresa na comparação com o ano anterior. Com isso, o casal decidiu desenhar um modelo de franquias e começou a divulgação no começo deste ano.

Para adquirir uma unidade da rede, é preciso investir R$ 85 mil. A meta dos empreendedores é fechar o ano de 2021 com dez franquias.

A Tanabata Kids também teve que dobrar a equipe, chegando a 15 funcionários, e se mudar para um galpão maior, de 500 m², em Cotia, na Grande São Paulo. Paula e Sérgio ainda investiram em um novo maquinário e esperam que isso ajude a dobrar o faturamento deste ano.

Hoje, um dos carros-chefe da fabricante é uma gangorra, com 90 cm de comprimento, feita de compensado de madeira, que pode virar balanço, túnel ou cabana, dependendo do uso feito pela criança.

O brinquedo, que custa R$ 350, não tinha muita procura antes da pandemia, diz Sérgio. Entre 2019 e 2020, as vendas aumentaram mais de 1.200%, saindo de 32 gangorras vendidas para mais de 420.

Empresas que faziam a locação de brinquedos para festas também tiveram que dar um novo rumo para o negócio. Um mês depois que os eventos foram suspensos, a Ser de Brincar passou a alugar seus itens para famílias trancafiadas em casa.

A companhia, que atua em São Paulo, disponibiliza brinquedos de madeira ou tecido, como cozinhas, fantoches, bonecos de pano, cabanas, cavalos de balanço e trens.

“Num primeiro momento, oferecíamos apenas os brinquedos avulsos, mas, com a demanda, criamos kits mais voltados à questão motora, ao imaginário infantil e à musicalização”, diz Débora Gaspariano, 39, dona.

O aluguel de itens avulsos custa a partir de R$ 50 por semana e o de kits, de R$ 85. Segundo a empreendedora, o novo modelo de locação deve continuar mesmo depois que os eventos voltarem.

A Aluga Trip, empresa de produtos para camping, também apostou nas brincadeiras em casa para sobreviver à crise. Segundo o empresário João Paulo Magno, 40, o negócio conseguiu manter em 2020 o mesmo faturamento de 2019, R$ 350 mil, alugando barracas para acampamentos na sala ou no jardim.

A ideia surgiu no início da pandemia, quando o empreendedor emprestou as barracas a clientes, para que não se esquecessem da empresa. Eles gostaram da ideia e passaram alugar os equipamentos.

A Aluga Trip tem mais de cem unidades disponíveis para a locação. O aluguel de uma barraca para duas pessoas custa R$ 35 o fim de semana. O kit, que inclui colchão, varal de luzinhas, lanterna e marshmallows para dois adultos e duas crianças sai por R$ 150.

Fundada em 2018 em São Paulo, a companhia inaugurou uma unidade em Curitiba em abril e pretende abrir outras no Rio e em Minas.

A adaptação dos negócios é fundamental sobreviver à crise, diz Gustavo Succi, sócio do Conselho Mudando o Jogo, grupo que presta mentoria a pequenas empresas. Antes de fazer qualquer mudança, porém, o empresário deve se perguntar se o seu produto ainda é relevante para o consumidor. “O próximo passo é saber como levá-lo ao cliente.”

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior do texto grafava o nome da empresa Ser de Brincar como Espaço de Brincar. O erro já foi corrigido.

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