Franquias ampliam oferta de cursos para empreendedores iniciantes

Empresas reformulam treinamentos para franqueados e incluem aulas de gestão financeira

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Luciana Alvarez
São Paulo

Para ajudar franqueados a sobreviver durante a pandemia e atrair novos empreendedores, redes de franchising têm promovido ajustes em treinamentos oferecidos, dando maior ênfase à gestão financeira.

Há 11 anos, quando começou sua rede, a Casa de Bolos, Rafael Ramos oferecia um treinamento focado no produto. Os futuros empresários passavam uma semana na sede da empresa aprendendo como fazer um produto de excelência. Porém, ele percebeu que isso era pouco.

“Atraímos pessoas de diferentes profissões e perfis, muitos que só trabalharam antes como empregados. Percebemos que a maior dificuldade estava na gestão”, afirma.

Embora a necessidade de oferecer uma formação que vá além da cozinha seja antiga, o enfoque nas questões financeiras tem sido reforçado neste momento de crise. “Ensinamos a gerir os indicadores da loja, conhecer os produtos mais rentáveis, encontrar onde estão as perdas, negociar com fornecedores e liderar os funcionários”, diz Ramos.

Além da capacitação inicial, a Casa de Bolos oferece reciclagens sem custos.

Milene está sentada em uma mesa de escritório e sorri para a foto à frente de uma parede laranja
Milene Kimka Hyoda, proprietária de loja da rede de crédito Help!, em SP - Jardiel Carvalho/Folhapress


Mesmo com longa experiência em administração, Milene Kimka Hyoda, 43, passou pelo curso de capacitação da rede de crédito Help! antes de abrir sua unidade. Para ela, as aulas foram essenciais, porque, apesar de ser formada em administração, nunca tinha sido dona do próprio negócio.

“Trabalhei muitos anos na indústria farmacêutica e desconhecia toda essa parte burocrática, que envolve desde ter um CNPJ até a forma de abordar um cliente”, afirma.

Milene abriu sua primeira loja em janeiro do ano passado e, neste mês, inaugurou uma segunda unidade. Para o futuro, pretende continuar expandindo e aprendendo.

“A academia Help! está sempre oferecendo novos cursos, tanto sobre algum produto novo quanto sobre o cenário econômico. Não podemos ter preguiça de estudar”, diz ela, que já fez aulas sobre lavagem de dinheiro e sobre a LGDP (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais).

A diretora de capacitação da ABF (Associação Brasileira de Franchising), Fabiana Estrela, explica que um bom programa de educação corporativa deve ser capaz de transferir o “know-how” da rede para os novos franqueados e desenvolver neles as habilidades requeridas para o seu negócio.

“Esse processo é importante para os dois lados. Com um bom treinamento, a marca garante a padronização e a qualidade do produto ou serviço.”

Mas, segundo ela, o foco dos cursos deve variar. “Se for uma microfranquia, por exemplo, talvez a gestão de pessoas não seja um item importante”, afirma. “O empreendedor tem que se perguntar de quais conhecimentos precisa e checar se o que é oferecido no programa está de acordo.”

O negócio da CleanNew é lavar e impermeabilizar estofados, mas a capacitação oferecida pela marca inclui aulas de marketing, gestão de redes sociais e recursos humanos.

“Temos um foco grande nas pessoas. Ensinamos como se portar na casa do cliente e como se apresentar. Não adianta apenas fazer um serviço bem-feito”, afirma o diretor-executivo da rede, Fritz Paixão.

Em algumas franquias, o treinamento começa antes mesmo de o novo empreendedor fechar o contrato. É o caso da Park Education, de escolas de idiomas.

“Nosso processo de negociação já é um treinamento. Mostramos como investir, o que é um negócio em educação. São 14 sessões, cada uma com áreas diferentes da empresa, do comercial ao pedagógico”, explica Paulo Arruda, diretor-executivo.

Depois desse processo inicial, que leva entre 9 e 12 semanas, se os dois lados concordarem em assinar o contrato, o franqueado passa por mais dez dias úteis de capacitações.

Com a pandemia, as escolas da marca tiveram que transformar as aulas em conteúdos online, o que exigiu uma reciclagem tanto de professores quanto da equipe de vendas. “O treinamento para o profissional que vai atuar como coordenador pedagógico dura mais 14 dias úteis”, diz Arruda.

Em algumas redes, a oferta de formação é constante. A advogada Marcela Giani ficou dez anos fora do mercado de trabalho e decidiu voltar à atividade remunerada adquirindo uma franquia da rede de lavanderias 5àsec, que assumiu em julho do ano passado.

“Comprei a loja de outro franqueado, mas, como todo novo empreendedor, tive de passar pela formação.” Os colaboradores também fizeram aulas de reciclagem junto com Marcela. “No dia que falava de passar as roupas, quem trabalha na área participou comigo”, conta.

De acordo com ela, uma vantagem da franqueadora é que os cursos estão sempre disponíveis. “Se eu contratar um funcionário novo, ou alguém quiser trocar de função, basta inscrevê-los para os treinamentos”, afirma.

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