Descrição de chapéu sustentabilidade

Marcas apostam em embalagens que se decompõem em até dois meses

Materiais compostáveis começam a degradar quando entram em contato com água ou terra

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São Paulo

O conceito de embalagem sustentável já não é mais o mesmo. Se substituir o plástico pelo papel era suficiente tempos atrás, hoje o mercado busca materiais alternativos que se decomponham muito mais rápido —as chamadas embalagens compostáveis.

É o caso dos copinhos e tigelas à base de fécula de mandioca fabricados pela Oka Bioembalagens. Em contato com água ou terra, eles começam imediatamente a se decompor, processo que se encerra, no máximo, em 30 dias. Segundo a empresa, o material é comestível.

Fundada pela designer Erika Cezarini Cardoso, 50, a companhia tinha os eventos como principal mercado consumidor, mas mudou o foco em função da pandemia.

Hoje, a fábrica, localizada em Botucatu (SP), produz cerca de 500 mil embalagens por mês direcionadas ao mercado de alimentação, sobretudo delivery.

“Não usamos nenhuma matéria-prima de origem petroquímica, até os corantes para a impressão das marcas são naturais”, garante a designer Olivia Yassudo, 41, sócia da Oka.

Os preços, comparados às embalagens convencionais de plástico ou de isopor, podem ser até 80% mais caros, dependendo do produto.

“Nosso cliente não se importa de pagar mais quando descobre que um copo convencional usa 3 litros de água para ser fabricado, enquanto o nosso gasta 10 mililitros”, afirma ela.

Entre os compradores está a sorveteria Albero dei Gelati, com duas unidades em São Paulo —em Pinheiros e no Jardim Paulistano. Por mês, as duas lojas consomem 400 copinhos compostáveis.

“Meu cliente valoriza a embalagem sustentável e até se diverte. Tem gente que come o copinho e pede para a gente criar uma opção com sabor”, conta Fernanda Pamplona, 37, sócia da sorveteria.

A diferença de preço, segundo ela, compensa –o investimento é 15% maior. A única desvantagem, ela afirma, tem sido a baixa resistência do copinho.

“Se a pessoa demorar muito tempo para tomar o sorvete, o que é comum entre crianças, o copo começa a derreter na mão do cliente.”

Outro material que tem degradação rápida é o filme celulósico biodegradável e compostável da Celomax, que substitui celofane e até alguns plásticos.

Produzido a partir de celulose de eucalipto de reflorestamento, o produto, em contato com a terra, se decompõe em 60 dias.

Fundador da empresa, localizada em Araras (SP), Nelson Assumpção Filho, 69, importa os rolos de filme celulósico da japonesa Futamura e os transforma em diferentes produtos, para os mais variados fins.

Há folhas menores para embalar balas caseiras e maiores para buquês de flores, além de saquinhos para pipoca ou para coletar fezes de animais de estimação.

Todos podem ser adquiridos, mesmo em pequenas quantidades, no ecommerce da Celomax.

Saquinho compostável para embalar talheres da Celomax
Saquinho compostável para embalar talheres da Celomax - Nilo Belotto/Divulgção

Recém-lançados, os saquinhos para talheres e máscaras foram criados em função da nova demanda dos restaurantes. O pacote com 500 unidades sai por R$ 107.

“Meu mercado consumidor é bastante capilarizado e inclui até as doceiras que fazem balas em casa, porque as folhas não custam mais do que o produto convencional”, diz o empresário.

Segundo Hugo Venturelli, gestor de negócios do Sebrae-SP, embalagens do gênero são uma tendência cada vez mais forte.

Na opinião dele, consumidores que valorizam a sustentabilidade, em geral, estão concentrados nas cidades grandes, têm poder aquisitivo alto, privilegiam alimentação saudável, sobretudo orgânica, e praticam atividades ao ar livre. Assim, produtos alinhados com esse tipo de público têm tudo para fazer sucesso em embalagens compostáveis.

O que não impede que outro tipo de produto possa abraçar a tendência. “A evolução é gradual, tanto que já vemos lanchonetes para as classes C e D trocando o plástico e o isopor pelo papel. É uma questão de tempo”, avalia o consultor.

O mais importante, ele avisa, é investir na comunicação, aliando conteúdo relevante nas redes sociais e em sites ao atendimento nos pontos físicos, para que o consumidor entenda por que está pagando mais caro pela embalagem e que vantagens ela oferece.

“Adotar uma embalagem sustentável contribui bastante para a imagem da marca, mas esse gesto sozinho não resolve nada. É fundamental que ele seja coerente com as demais práticas da empresa.”

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