Setor de casa e construção é o que mais cresce no mercado de franquias

Mercado imobiliário aquecido e demanda das famílias em quarentena dão impulso ao segmento

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Cristiane Teixeira
São Paulo

Impulsionado pela pandemia, o setor de casa e construção foi o que mais cresceu dentro do mercado de franquias. O faturamento desse grupo teve uma alta de 19,6% de abril de 2020 a março de 2021 em comparação com os 12 meses anteriores.

Já o número de unidade aumentou 36,5% no primeiro trimestre deste ano em relação ao do ano passado, segundo dados da ABF (Associação Brasileira de Franchising).

O setor reúne lojas de material de construção, móveis e itens de decoração, imobiliárias e prestadoras de serviço de limpeza e manutenção. Pela primeira vez, duas redes do segmento estão entre as 50 maiores do país: a imobiliária Re/Max (35º lugar) e a Casa do Construtor (49º), de aluguel de equipamentos para obras.

Como grande impulsionador dos bons números está o decreto federal que, em maio de 2020, tornou a construção civil serviço essencial na pandemia. “Passado o susto inicial, a partir de junho os negócios de casa e construção começaram uma recuperação rápida”, afirma André Friedheim, presidente da ABF.

Durante a quarentena, muitos brasileiros migraram para um imóvel maior, enquanto outros mudaram temporariamente de cidade. Boa parte das famílias teve de reformar a casa a fim de compatibilizar as necessidades de trabalho, estudo e lazer.

Especializada no aluguel de equipamentos e no fornecimento de profissionais para obras, a Casa do Construtor registrou em 2020 alta de 18% na receita em relação a 2019. A clientela cresceu 30%.

Se um ano atrás construtoras e outras empresas respondiam por mais da metade do faturamento, hoje esse lugar foi ocupado pelas pessoas físicas, afirma Expedito Arena, cofundador da franquia.

Grande parte dos consumidores têm buscado ferramentas e aparelhos para pequenos reparos, cuidados com o jardim e limpeza doméstica, conta a franqueada Maria Luiza de Souza Silva, 60.

“As extratoras de pó para estofados são um sucesso. As pessoas estão usando muito a casa e, por isso, precisam limpar com mais frequência”, diz.

O casal Maria Luiza de Souza Silva e Marcelo Gomes da Conceição, dono de duas unidades da Casa do Construtor na Grande São Paulo 
O casal Maria Luiza de Souza Silva e Marcelo Gomes da Conceição, dono de duas unidades da Casa do Construtor na Grande São Paulo  - Jardiel Carvalho/Folhapress

Há quatro anos, ela e o marido Marcelo Gomes da Conceição, 59, são donos de uma unidade da rede em São Caetano, na Grande São Paulo. Em novembro, o casal inaugurou mais uma loja no bairro do Sacomã, zona sul da capital.

A Igui, maior fabricante global de piscinas de poliéster com fibra de vidro, faturou mais de R$ 800 milhões em 2020, uma receita 90% maior que a do ano anterior.

“Parte dos comerciantes ficou com medo e deixou as portas fechadas. Mas, com as lojas que ficaram abertas e as novas unidades, em maio nossa receita superou a do mesmo período de 2019, prosseguindo assim mês a mês”, diz Filipe Sisson, fundador e presidente da companhia.

O braço da Igui voltado à manutenção de piscinas, a TrataBem, reagiu ainda antes, em março, afirma o executivo.

Prevendo uma aceleração do mercado, a rede incentivou os franqueados que continuassem em contato com os clientes e antecipou compras, escapando do desabastecimento que desde setembro aflige a indústria nacional.

Pelo lado do marketing e da publicidade, a empresa redirecionou para a internet as verbas destinadas a feiras e catálogos. “Cerca de 80% dos negócios começavam no ponto comercial e 20% nas redes sociais. Agora essa relação se inverteu”, diz Sisson.

Dos 111 novos pontos de venda da marca, um deles pertence à arquiteta Crislaine Feitosa, 42, que investiu em uma unidade da Unlimited, divisão do grupo Igui com foco em projetos personalizados.

“Após 14 meses de funcionamento, estamos perto de recuperar o capital investido, vendendo de 28 a 35 unidades por mês”, afirma ela.

A multinacional do segmento imobiliário Re/Max ganhou 197 fraqueados no país em 2020 —no total, são 444.

Alguns desses novos parceiros até então eram donos de imobiliárias independentes. “Isso se deve, em parte, à estrutura que temos e da qual esses empresários careciam. Eles fizeram as contas e descobriram que era mais vantajoso investir em uma franquia do que continuar sozinhos”, diz Peixoto Accyoli, presidente da Re/Max no Brasil.

Segundo o executivo, o faturamento da rede cresceu 99% de janeiro de 2020 a janeiro de 2021. Um dos fatores que contribuiu para o bom desempenho foi a ampliação do uso da tecnologia pelos franqueados, com reuniões por videoconferência, assinaturas eletrônica de contatos e tours virtuais pelos imóveis.

Esses recursos foram determinantes para a captação e venda de imóveis na pandemia, afirma Rute Vieira, 48, sócia há três anos de uma imobiliária Re/Max na Vila Nova Conceição, em São Paulo. Segundo a empresária, o negócio dobrou de tamanho em 2020.

Ela também implementou uma sugestão de uma funcionária que ajudou a atrair mais clientes: a impressão de um QR Code em placas instaladas na fachada de propriedades disponíveis para a venda.

“Quem passa pela rua pode usar o celular para ler o código e ter acesso a fotos dos ambientes internos e informações. A partir disso, muita gente procurou os corretores.”

Rute Vieira, 48, sócia há três anos de uma imobiliária Re/Max na Vila Nova Conceição, em São Paulo
Rute Vieira, 48, sócia há três anos de uma imobiliária Re/Max na Vila Nova Conceição, em São Paulo - Beto Riginik/Divulgação
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