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Open banking deve ajudar a driblar desconfiança de clientes com fintechs

Como novo modelo carrega a chancela do BC, usuários terão mais segurança na hora de contratar crédito online

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Brasília

Muitas fintechs de crédito já oferecem empréstimos mais baratos que os bancos tradicionais, sem burocracia e pela internet. Essas instituições, no entanto, ainda esbarram na desconfiança do consumidor. Com o open banking, ou sistema financeiro aberto, o setor deve ganhar credibilidade.

Como o novo modelo carrega a chancela do Banco Central, clientes bancários poderão sentir mais segurança na hora de contratar um crédito online com instituições menores.

Pelas regras do BC, o consumidor passa a ser dono de seus dados e pode permitir que uma instituição —ou uma empresa que presta serviços financeiros— acesse seu histórico bancário. Isso pula algumas etapas na análise de crédito e pode proporcionar taxas ainda mais baratas aos bons pagadores.

O sistema abre espaço para que o consumidor faça cotação e contrate crédito e outros produtos financeiros por meio de uma única plataforma que pode acessar seus dados, como nos chamados agregadores, que centralizam todas as contas e dívidas do usuário.

Em outra situação, uma instituição pode oferecer em sua plataforma produtos de parceiros, por exemplo.

O cliente poderá determinar em qual banco ele quer liberar acesso aos dados e por quanto tempo. Além disso, apenas instituições autorizadas pelo BC podem integrar o sistema.

“A principal barreira de entrada no sistema financeiro é a desconfiança. Mas o fato de todos os participantes serem autorizados pelo BC reduz esse problema, porque a autoridade monetária é conhecida por ser rigorosa, especialmente em relação à segurança”, afirma Claudio Guimarães Junior, diretor-executivo da ABBC (Associação Brasileira de Bancos).

Bruno Samora, gerente de produtos da Matera, empresa de tecnologia para o mercado financeiro, afirma que o open banking amplia a concorrência no sistema financeiro. “Acredito que [a nova regulação] coloque todos os players em pé de igualdade em relação à competição e retire a vantagem de monopólio dos dados dos bancos."

Na opinião do executivo, as fintechs tendem a ofertar sistemas mais eficientes, uma vez que já elas nascem em um ambiente digital.

“Experiência do usuário é mais relevante que preço. Um dos objetivos é melhorar a eficiência do sistema, facilitando a vida do cliente”, afirma Rogério Melfi, coordenador do grupo de trabalho de open banking da ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs).

Melfi pondera que muitas fintechs já têm credibilidade no mercado e ganharão escala com a inovação. “Acho que o maior desafio, além de conquistar a confiança do consumidor, é enxergar um problema que não está sendo resolvido pelos bancos e encontrar um segmento para atuar”, diz.

A regulação do BC padroniza as tecnologias utilizadas no open banking, mas a autoridade monetária não fará a gestão das plataformas de compartilhamento de dados. O próprio mercado criará soluções e, com isso, surge uma nova oportunidade de negócios.

Adrian Cernev, professor microfinanças e inclusão financeira da FGV, destaca que, mesmo com o aval do BC, essas plataformas agregadoras e instituições menores ainda precisarão ganhar a confiança do cliente.

“A reputação da marca ainda é um fator importante. Para dar consentimento para a plataforma consultar suas informações bancárias, a pessoa deve sentir segurança naquela empresa. Quando há confiança no intermediador, aumentam as chances de utilizar produtos de parceiros”, afirma.

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