Veja dicas de como abrir um negócio em meio à crise

Especialistas explicam riscos e oportunidades de empreender em tempos de instabilidade econômica

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Juliene Moretti
São Paulo

As notícias da economia e da política no país parecem assustar qualquer um que pensa em montar um negócio, e ainda há a inflação e a ameaça de um apagão. No entanto, segundo especialistas, é em tempos assim que surgem oportunidades para o empreendedor.

“Entra o talento de perceber o nicho que não está sendo atendido e as necessidades dos consumidores”, diz José Mauro Nunes, professor do mestrado em gestão empresarial da FGV-Ebape (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas).

Apesar de retomada da economia, empreendedor deve ter cuidado ao investir agora - Gabriel Cabral/Folhapress

Veja quais são as principais tarefas a serem cumpridas antes de investir na opinião de especialistas.

OLHO NO CLIENTE

O comportamento dos consumidores mudou, e é um erro não levar em consideração o que eles estão dispostos a comprar neste momento.

“Com as incertezas da pandemia, as pessoas estão questionando o jeito de se viver, o modo de trabalho e a saúde emocional”, diz Nunes. Aqui, entram as autoindulgências como bebidas alcoólicas mais refinadas e serviços de equilíbrio mental.

Por outro lado, afirma ele, existe a maior parte dos brasileiros, que vivem dentro de uma crise que foi acelerada com a pandemia. “Consumo é confiança, e o brasileiro só vai comprar se tiver certeza de que vai conseguir pagar. Se não, ele vai cortar todos os custos”, diz.

PLANEJAMENTO

Ao descobrir o seu diferencial, é preciso colocar no papel o que agrega valor. Em seguida, o planejamento é financeiro. “Este vai envolver capital inicial, capital de giro e fluxo de caixa”, diz Wilson Poit, diretor-superintendente do Sebrae-SP.

Segundo o especialista, o montante disponível deve cobrir a abertura, suportar os primeiros meses e ter destino certo. “É de extrema importância separar o que é dinheiro pessoal do dinheiro da empresa”, afirma.

Na visão de Nunes, a taxa de mortalidade das empresas no Brasil é alta entre o primeiro e o segundo ano justamente porque os empreendedores não fazem uma reserva de capital.

PRESENÇA DIGITAL

Se antes da pandemia estar no virtual era uma opção, hoje é obrigação. É um bom momento para começar pequeno e almejar o grande, diz Nunes. De acordo com o professor, os pontos comerciais estão mais baratos, mas é importante fazer a análise de risco: qual a necessidade da loja física e qual a sua expertise de atender online? “A depender do negócio, é interessante começar no digital.”

LINHAS DE CRÉDITO

Os especialistas apontam que está mais difícil acessar linhas de crédito neste momento: as instituições financeiras reagem de acordo com o cenário econômico e político do país.

“Houve, no início da pandemia, um movimento dos bancos de auxiliarem os negócios, mas hoje existe uma série de restrições devido ao risco sistêmico brasileiro, o que dificulta a busca de dinheiro a custo barato”, afirma Nunes. Ele acrescenta que as taxas de juros estão elevadas e a necessidade de comprovar ativos para essas linhas de créditos é grande.

“Estamos entrando em um período similar ao pós-guerra, e o banco vai analisar o tempo de retorno, contribuição do empreendimento e até mesmo se a empresa está organizada”, diz Dariane Fraga, professora da FIA (Fundação Instituto de Administração).

Entre as alternativas mais citadas entre os especialistas está o Pronampe (Programa Nacional de Apoio a Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), do governo federal. “São juros mais baixos e um tempo maior para pagar”, explica Poit, do Sebrae. O crédito pode ser solicitado por meio de instituições financeiras autorizadas.

“Muita gente acha que é só preencher o cadastro e mandar um xerox, mas não. Fazer histórico do empreendimento, com o planejamento e explicações para onde vai o dinheiro, já é um diferencial”, afirma Poit.

“Às vezes, o empreendedor é muito apaixonado pelo projeto, e está certo, mas a instituição que vai emprestar o dinheiro quer saber se o plano é exequível”, diz Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de gestão financeira da FGV.

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