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Busca por coworking volta a crescer com trabalho híbrido

Redução de custos e flexibilidade atraem pequenas empresas para escritórios compartilhados

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Ana Paula Pereira
São Paulo

Em busca de flexibilidade e economia, muitas pequenas e médias empresas têm optado por espaços compartilhados em vez de escritórios próprios, depois de quase dois anos de home office.

Com isso, coworkings de algumas regiões de São Paulo, como o entorno da avenida Paulista e os Jardins, já têm fila de espera. Na rede GoWork, 1.200 novas estações de trabalho foram contratadas entre setembro e outubro, com previsão de entrega para os próximos seis meses.

"O pessoal voltou com pressa porque as empresas querem recuperar o senso de organização e o contato humano", diz Fernando Bottura, 41, diretor-executivo da GoWork.

O casal Francine Mendes e Andre Gregori no escritório compartilhado por suas duas empresas, em São Paulo
O casal Andre Gregori e Francine Mendes no escritório compartilhado por suas duas empresas, em São Paulo - Gabriel Cabral/Folhapress

Segundo ele, a diferença é que, antes da pandemia, as empresas procuravam postos para 100% dos seus funcionários. Agora, como as companhias aderiram ao modelo híbrido, elas estão buscando metade das posições de trabalho.

De acordo com pesquisa do Talenses Group com a Fundação Dom Cabral, 72,7% dos profissionais preferem o regime misto. O levantamento foi realizado em setembro e ouviu 686 trabalhadores.

"As empresas estão entendendo que o maior ativo são as pessoas, não os espaços. E aí o escritório flexível vem com tudo, porque você tem um risco menor de contratação", afirma Otávio Cavalcanti, 37, vice-presidente do IWG no Brasil, rede com 62 unidades de coworking e 38 mil clientes no país.

A flexibilidade dos contratos foi a principal razão para que a GoFlux voltasse a dividir um espaço físico com outros negócios, de acordo com Pedro Azevedo, 46, sócio-fundador da startup, que atua na área de logística.

A empresa havia passado por um coworking em 2019, mas, poucos meses depois, optou por ter um escritório privado em busca de mais eficiência. Com o início da quarentena, toda a equipe migrou para o home office.

Mas o ritmo acelerado de crescimento durante a pandemia demandou mais flexibilidade da empresa, que, em 2021, resolveu dar uma segunda chance ao coworking.

"Eu comecei o ano com 19 pessoas. Hoje estou com 60, projetando 130 funcionários para abril do ano que vem. Em um escritório próprio, eu teria que fazer um contrato de locação em um espaço muito maior ou mudar depois", conta o empresário.

Pedro Azevedo, fundador da GoFlux, em coworking na zona oeste de SP
Pedro Azevedo, fundador da GoFlux, em coworking na zona oeste de SP - Jardiel Carvalho/Folhapress

Entre as facilidades de quem escolhe um coworking está a possibilidade de ampliar ou diminuir o número de estações de trabalho e salas de reunião num mesmo contrato.

A locação inclui internet, rede telefônica, energia elétrica, limpeza e cafezinho. Com isso, a economia pode variar entre 20% e 40% dos custos mensais, segundo redes de coworkings.

Antes de voltar para um espaço compartilhado em outubro deste ano, os sócios da consultoria em inovação Instituto Ahlma chegaram a buscar um escritório próprio. Com isso, eles queriam evitar problemas que enfrentaram numa experiência anterior em coworking: barulho e falta de privacidade.

Pesquisando, conseguiram encontrar um meio-termo. Alugaram uma sala privativa em outro coworking. "A rotina do trabalho remoto estava muito desgastante. Queríamos um espaço também com outras pessoas", diz Leandro Perim, 33, cofundador.

O compartilhamento de ambientes entre empresas é uma tendência já observada também fora dos coworkings. Desde abril, a startup Elas Que Lucrem passou a dividir um endereço com a Thinkseg, no Jardim Paulista, em São Paulo. A dona da primeira empresa é a economista Francine Mendes, 36, e o proprietário da segunda, Andre Gregori, 49, seu marido.

Com as duas companhias operando em regime híbrido, o compartilhamento da estrutura física permitiu o retorno gradual das equipes ao escritório em um momento de incertezas quanto aos rumos da pandemia e da economia.

O rodízio dos cerca de 60 funcionários trouxe redução de riscos e custos. Mas também surgiram desafios.

"A nossa maior missão é socializar essas pessoas, principalmente aquelas que estão voltando apenas agora para o escritório e encontram uma nova estrutura, com pessoas que nunca tinham visto antes", afirma a empresária.

Quem cogita migrar para um espaço compartilhado deve levar em conta alguns aspectos, como a localização e a proximidade para clientes e funcionários. Clareza quanto ao orçamento disponível e transparência na negociação são fatores que facilitam a escolha do lugar ideal, recomendam os especialistas.

Mas a adaptação pode incluir ainda a superação de alguns hábitos culturais, como a necessidade de abrir mão de uma mesa específica ou sala de reunião, afirma Pedro Azevedo, da GoFlux.

"Nós temos salas de reuniões contratadas, mas ainda assim precisamos nos programar para usar. Às vezes, outras empresas também podem precisar da área no mesmo horário. Então, você tem menos liberdade e privacidade em alguns momentos", afirma o empreendedor.

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