Descrição de chapéu Negócios Plurais

Empreendedora faz sucesso com boneca indígena inspirada na neta

Novo episódio da série Negócios Plurais conta a história de Luakam Anambé; veja vídeo

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São Paulo

A costureira Luakam Anambé, 53, empreende para que crianças indígenas tenham suas origens representadas. Ela produz as bonecas de pano Anaty (@bonecasanaty) e afirma que seus produtos têm poder transformador para promover a diversidade e diminuir preconceitos.

"Eu acredito que uma criança branca que compra uma boneca Anaty vai ter um pensamento totalmente diferente quando crescer. Ela não vai ser mais preconceituosa, não vai mais carregar aquele racismo dentro de si", diz Luakam, que nasceu no município de Viseu, no interior do Pará.

A história é tema do décimo oitavo episódio da série Negócios Plurais, sobre empreendedorismo e diversidade, realizada pela Folha em parceria com o Instagram. Toda semana, o jornal publica em seu perfil na rede social relatos em vídeo de empreendedores de todas as regiões do país.

Luakam Anambé, criadora das bonecas Anaty
Luakam Anambé, criadora das bonecas Anaty - Gabriel Cabral/Folhapress

Foi duro o caminho que Luakam percorreu até se consolidar como empreendedora. Aos oito anos, ela foi vítima de estupro na fazenda em que morava e, por repressão, não conseguiu denunciar o crime. Aos 14, parou de estudar e foi obrigada a se casar com um homem de 38. Da união arranjada, teve um casal de filhos.

Cinco anos depois, cansada da violência doméstica que sofria, Luakam decidiu se separar e foi morar na capital Belém com a irmã, que trabalhava em uma casa de família e tinha um quartinho no fundo da residência dos patrões. Lá, teve contato com um aparelho de televisão pela primeira vez e passou a acompanhar o programa de um costureiro famoso.

"E eu me apaixonei. Naquele momento eu descobri a profissão que eu queria", diz a empreendedora.

Ela adquiriu prática costurando roupas para seus filhos usarem nas festinhas da escola. Depois, se mudou para o Rio de Janeiro e trabalhou em empresas grandes.

Quando teve o seu vínculo empregatício rompido, criou a marca Arte Papa Xibé, que significa farinha com água e, pela tradição, mata a fome do caboclo paraense.

Ela se especializou na produção de bonecas de pano e começou a vender os produtos em feiras indígenas. A Anaty teve seis protótipos antes do modelo mais procurado. Carinhosamente, a boneca recebeu o mesmo nome da neta de Luakam.

"Mas eu nunca imaginei na minha vida que o meu carro-chefe, o carro-chefe da minha família, seria a boneca Anaty", conta.

Nos últimos anos, a pandemia se mostrou mais um obstáculo que Luakam teve de superar. Sem poder ir para a rua, ficou sem dinheiro e sem comida. A necessidade a fez aprender a vender pela internet.

No novo canal de vendas, sua neta gravou um vídeo que viralizou. O conteúdo chamou a atenção de um grupo em Brasília que fez um pedido de quase 200 bonecas. As vendas deram fôlego para Luakam, que expandiu a produção e teve de contratar funcionários. Hoje, seis pessoas produzem as bonecas Anaty.

Eu criei a boneca Anaty para quebrar tabu. A gente via sempre as bonecas Barbie, loiras, com aquele padrão. Depois surgiram as bonecas negras. Nossas bonecas foram as primeiras indígenas feitas por indígenas

Luakam Anambé

Empreendedora e criadora das bonecas Anaty

Assista ao episódio:

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