Arranjos de flores secas atraem quem não tem tempo para cuidar de planta

Além de buquês, empreendedoras vendem adornos de cabelo, quadros e enfeites para maternidade com plantas secas

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São Paulo

Enfeites para maternidade, buquês e adornos para cabelo estão entre os produtos criados por empreendedoras que decidiram investir em um nicho que despontou na pandemia: o de arranjos feitos com flores secas.

A movimentação também foi sentida por marcas de maior porte, como a Giuliana Flores, que neste ano já vendeu 10 mil itens do tipo.

Mulher de blusa branca e calça cáqui senta em banco; ela está rodada, à direita e à esquerda, por flores secas penduras
Marília Fialka, dona da floricultura Fialka, no bairro Santa Cecília, com plantas desidratadas - Fotos Keiny Andrade/Folhapress

Essas composições chegam a durar anos, mas sua conservação depende de cuidados, como evitar luz solar direta e lugares úmidos, diz Marília Fialka, 28, dona da floricultura Fialka. Durabilidade e manutenção simples atraem um público que não tem tempo ou experiência com jardinagem.

Formada em design de moda, Marília começou a fazer arranjos de flores frescas em maio de 2020 e, dois meses depois, incluiu as versões com plantas desidratadas (a partir de R$ 38 no tamanho míni).

Hoje, essas vendas representam 50% do total. "Sempre falo que flor seca não é uma flor morta. Ela dura muito e traz a mesma energia. Tem gente que me pede arranjo para maternidade. Sugiro fazer um mix, porque aquela mãe não vai conseguir trocar a água todo dia."

O trabalho da floricultura, que começou na lavanderia da casa de Marília e ocupou quase todo o imóvel, ganhou em agosto um espaço físico em Santa Cecília, região central de São Paulo, que ela divide com a padaria Na Fila do Pão.

Atuar em uma loja compartilhada com outros negócios pode ser uma boa solução para reduzir o tempo gasto com burocracias no caso de empreendedores segmentados, que precisam se manter atualizados sobre um tema, diz Enio Pinto, gerente de relacionamento com o cliente do Sebrae. Outras formas de simplificar a gestão, diz ele, são terceirizar a área financeira e dividir o trabalho com um sócio focado na administração.

Assim como Marília, a florista Marina Pierobon, 36, conhecida como Naná, desenvolveu técnicas de secagem e de composição de arranjos com plantas secas.

Até a pandemia chegar, Naná decorava eventos com flores frescas e, eventualmente, recebia projetos com as secas. Foi quando sentiu um aumento na demanda por esses arranjos, influenciado pela praticidade do produto e facilidade de entrega, acredita ela.

Hoje, as flores secas se transformam em lembrancinhas de maternidade, quadros, arranjos de boas-vindas e decoração para vitrines de lojas. Para ensinar a técnica, a florista criou um curso online.

"Comecei a testar e entendi, por exemplo, que o processo de secagem muda em um país como o Brasil. O clima interfere no processo e pode haver dificuldade em regiões chuvosas", diz Naná, que mantém um ateliê em Holambra (SP).

A marca tem preços a partir de R$ 20 e vende por ecommerce, lojas parceiras e encomendas por redes sociais.


A decoradora Gizele Menezes, 28, começou do zero seu trabalho com flores secas em agosto de 2020, depois que o mercado de eventos, no qual atuava, foi paralisado. "Eu já tinha feito curso de flores, mas as secas são mais difíceis de manusear, têm caimentos e cores diferentes", diz.

Para ajudar na divulgação, Gizele começou a criar conteúdo no Instagram, fez um catálogo online e fechou parceria com influenciadoras. Há três meses, lançou um curso (R$ 500) ministrado para 30 alunas.

A comunicação em redes sociais é um recurso importante para empreendedores que precisam divulgar um produto ou serviço inexistente no mercado, diz Mariana Munis, especialista em comportamento do consumidor e professora de marketing e da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.

Hoje ela produz uma média de oito a dez arranjos por semana e vende a preços que vão de R$ 89,90 a R$ 289,90. Os pedidos podem ser enviados para qualquer estado —os campeões são Rio de Janeiro, onde vive, São Paulo e Minas Gerais.

"Dou um prazo de cinco a sete dias para a criação e, quando finalizo, mando a foto, espero a aprovação do cliente e então faço o envio", diz.

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