Conheça os influenciadores que ensinam como cuidar de plantas

Paisagistas ganham seguidores e faturam com cursos online e parcerias comerciais

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Gustavo Viana
São Paulo

Durante a pandemia, "plant influencers" ganharam milhares de seguidores e aumentaram seu faturamento ao produzirem conteúdo nas redes sociais para ajudar os pais de plantas de primeira viagem que surgiram com o distanciamento social.

No Instagram, a página João Sabino Paisagismo conquistou cerca de 22 mil seguidores durante essa época, chegando hoje a 43,7 mil fãs. Com isso, o autor do perfil decidiu lançar um curso online destinado a quem busca trabalhar nessa área.

"A procura foi uma loucura, já vou abrir a terceira turma", diz o paisagista João Sabino, 50, que deixou a carreira de dentista em 2002, quando se deu conta de que estava chegando sempre ao consultório com a calça branca suja de terra. Estudou arquitetura e passou a dedicar mais tempo ao jardim do sítio em que vive em Macedônia, no interior de São Paulo.

O arquiteto e paisagista João Sabino
O arquiteto e paisagista João Sabino - Divulgação

"Tenho uma interação muito grande com meus seguidores, respondo às mensagens uma por uma", conta ele, cujo público é formado 90% por mulheres, a maioria entre 30 e 50 anos.

O rendimento do influenciador varia de R$ 10 mil a R$ 18 mil por mês e inclui o trabalho com marcas parceiras e, principalmente, consultorias online, cobradas por hora. Ele já foi dono de uma loja de plantas, mas há quatro meses resolveu fechar o estabelecimento. "O espaço físico não fazia mais sentido para mim. Continuo trabalhando com os produtos, mas só sob encomenda", diz.

A paisagista Ana Paula Lino, 49, criou suas páginas nas redes sociais há menos de dois anos e já conta com 240 mil seguidores no Instagram e 71,3 mil inscritos no YouTube. "Durante a pandemia, quem não tinha plantas em casa passou a cultivar e quem tinha aumentou a quantidade", diz ela, que vive em Pará de Minas (MG).

Hoje, ela dedica 15 horas diárias ao trabalho de influenciadora e faz parcerias com empresas. Uma delas é a editora Taxon Brasil, que divulga e vende seu livro "Verdes e Floridas", lançado em 2020. Além disso, ela é remunerada pelas visualizações de seus vídeos no YouTube e pela venda de cursos online. "Ganho o suficiente para manter o meu estilo de vida e o da minha família", afirma.

Desde o início da pandemia, o canal da paisagista Nô Figueiredo, 51, no YouTube passou de 200 mil para 500 mil inscritos —ela começou a produzir conteúdo para a plataforma em 2008. No Instagram, Nô tem 53,7 mil fãs.

Aos poucos, ela teve que diminuir o ritmo de seu trabalho com projetos de paisagismo para se dedicar à função de influenciadora, que ocupa de dois a três dias de sua semana.

"Também adoro dar palestras e estar mais perto das pessoas, o que espero que volte a acontecer logo", diz Nô, cujo rendimento médio varia de R$ 5.000 a R$ 10 mil por mês.

A paisagista Lúcia Borges, 49, mantém no YouTube o canal Vida no Jardim desde 2014, com dois vídeos semanais. Ela conta com a ajuda do marido para filmar e editar os conteúdos.

Lúcia também tem perfis no Instagram, Facebook, Pinterest e Kwai. "Gero conteúdo para todos esses canais e ainda respondo comentários dos seguidores. Em média, são de três a quatro horas por dia dedicadas a esse trabalho", diz.

De março a dezembro do ano passado, o Vida no Jardim ganhou 170 mil inscritos no YouTube (hoje são 683 mil). No Instagram, são 117 mil seguidores.

A paisagista trabalha em parceria com marcas ligadas à área de jardinagem. "Aos poucos, fui me desligando de outros trabalhos que tinha para poder gerar conteúdo para as redes sociais do canal", diz.
Ela recebe remuneração principalmente do YouTube e do Kwai. O rendimento varia, mas em geral fica entre US$ 1.000 e US$ 2.000 (em torno de R$ 5.600 a R$ 11.200 por mês).

O professor de jardinagem Randall Fidêncio, 50, iniciou seu contato profissional com o universo das plantas em 2014, quando comprou uma loja do ramo que era da irmã, em Salto, no interior de São Paulo. "Foi aí que o meu hobby virou profissão", afirma.

Desde que criou sua página no YouTube, em agosto de 2016, quando publicou um vídeo ensinando a confecção de kokedamas (técnica japonesa de arranjos suspensos), o canal tem ganhado cerca de 10 mil seguidores por mês —hoje são 763 mil no YouTube e 99,1 mil no Instagram.

Durante a pandemia, Randall percebeu o aumento do interesse das pessoas pelas plantas, tanto pelo crescimento das vendas dos seus cursos online quanto pelo fluxo maior de clientes na sua loja.
Randall tem contrato com uma marca de ferramentas de jardinagem e trabalha esporadicamente com cerca de sete empresas do setor, que têm como produtos vasos e adubos, entre outros insumos.

A maior parte da receita do influenciador vem das visualizações no YouTube e dos seus cursos online, disponíveis na plataforma Hotmart —o de jardinagem custa R$ 797, e o de kodekama, R$ 297.
Ele planeja o lançamento de novos conteúdos e o retorno dos eventos presenciais. "Eu fazia muita feira como palestrante, além de aulas de demonstração. Com a pandemia, esse trabalho ficou parado."

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