Sodiê cria rodízio de bolos a partir de sugestão tirada das redes sociais

Marcas devem estar atentas às discussões da internet para incorporar novas ideias

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São Paulo

Se as redes sociais são essenciais para o empresário atrair e fidelizar clientes, estar atento às discussões que inundam a internet também é importante para levar novas ideias para dentro do negócio.

Foi a partir de uma publicação que viralizou nas redes que a Sodiê Doces, franquia especializada em bolos artesanais, resolveu apostar em um novo serviço. Em um post no Twitter, o professor de geografia Luiz Otávio de Moura, 27, sugeriu a criação de um rodízio de bolos —como já ocorre com pizza e churrasco, por exemplo.

"Gente, por que nunca ninguém criou um rodízio de bolos? Imagina você poder comer várias fatias de bolos diferentes, seria tudo… Fica aí a ideia para alguma confeitaria corajosa", escreveu ele na rede social em outubro.

Dias depois, a Sodiê anunciou que tinha abraçado a ideia, para a surpresa do professor, que mora em Macaé (RJ).

Cleusa Maria da Silva, fundadora da Sodiê Doces
Cleusa Maria da Silva, fundadora da Sodiê Doces; unidades da rede oferecem rodízio de bolos - Divulgação

"O pedido do professor viralizou, e nós topamos o desafio. Tivemos um período de teste e depois lançamos o rodízio oficialmente. Vejo grande potencial do modelo se tornar cada vez maior na rede", afirma Cleusa Maria da Silva, fundadora da Sodiê.

O rodízio custa R$ 59,90 para adultos e R$ 29,95 para crianças entre 3 e 8 anos. O valor dá direito a consumir fatias de bolos, doces e salgados à vontade. Vale para os bolos de corte que estiverem disponíveis na vitrine da loja, salgadinhos de todos os sabores, além de brigadeiros, beijinhos, quindins e tortas açucaradas. Bebidas, bolos da linha zero açúcar, assim como outros produtos comercializados pela rede, não estão inclusos.

Das 340 unidades da Sodiê, 42 já trabalham com a novidade. "É algo muito recente ainda, mas que já ganhou o público. É um serviço que tem tudo para ter a adesão de todos franqueados", avalia a empresária. "As redes sociais, sem dúvida alguma, nos mostram que caminho seguir, a partir do que as pessoas esperam da nossa marca."

O professor comemorou a boa aceitação da ideia. "Lojas no Brasil inteiro adotaram o rodízio de bolos, e é uma alegria saber que estou ajudando vários franqueados neste momento difícil", diz ele.

Cleusa afirma que entender a cabeça do cliente sempre foi uma preocupação da empresa e que as redes sociais se tornaram uma ferramenta poderosa, principalmente com a pandemia. "Foi um período que os consumidores deixaram de estar na loja física. Hoje, mais do que nunca, o digital é um dos principais canais de comunicação entre loja e cliente."

O consultor de negócios Rodrigo Garcia, diretor-executivo da Petina Soluções em Negócios Digitais, concorda. "As redes sociais funcionam como um termômetro para as empresas, seja em relação à reputação da marca, seja em relação à estratégia comercial", diz.

Outra empresária que traça estratégias com base nas ideias que surgem nas redes sociais é Natalia Martins, diretora-executiva do Natalia Beauty Group, grupo que oferece produtos, serviços e cursos ligados ao ramo de beleza, com filiadas e franquias. "Nosso púbico online ajuda a criar o futuro da empresa com ideias", diz.

Ela conta que dedica de duas a três horas do seu dia para responder às demandas dos clientes nas redes sociais da marca. Foi com base nesses pedidos que a empresária definiu a abertura de três unidades na capital paulista —nos Jardins, na Vila Olímpia e no Anália Franco.

Além disso, os cursos passaram a ter duração de quatro dias (em vez de três) e os produtos, antes limitados à linha profissional, foram lançados também para consumidores finais. "Pego insights dos clientes e vou criando coisas diferentes, aprimorando produtos e serviços", diz ela.

Sugestões de clientes também foram importantes para a sobrevivência do restaurante Quinta do Olivardo, de São Roque (a 66 km de São Paulo), que ficou fechado nos meses mais críticos da pandemia. O chef e proprietário Olivardo Saqui conta que resolveu abrir um serviço de delivery na capital após pedidos da clientela.

Primeiro, ele levou toda a estrutura da cozinha de São Roque para o bairro da Vila Mariana, zona sul de São Paulo, e começou a operar no sistema de delivery e drive-thru. A ideia deu certo, e o empresário acabou abrindo, em outubro do ano passado, um restaurante no Brooklin, que passou a atender à demanda do delivery e também do salão a partir da flexibilização.

"Foi uma grande sacada e contribuiu para mantermos os empregos e o negócio de pé", afirma.

Foi também ouvindo os clientes durante a pandemia que a Cervejaria Madalena, localizada em Santo André (Grande São Paulo), encontrou uma maneira de evitar a perda de mercadorias.

"Estávamos com muito produto fresco, porque tínhamos vários eventos grandes marcados. Precisávamos vender esse produto para não perdê-los. Foi quando surgiu a ideia, vinda dos clientes, de criar um sistema de drive-thru", conta Renan Leonessa, diretor de marketing da cervejaria.

O serviço passou a ser oferecido na própria fábrica logo após o primeiro anúncio das medidas restritivas no estado. Aos poucos, a empresa foi fechando parcerias com postos de gasolina e outros locais que podiam receber o drive-thru. "Virou ala de negócios e hoje já representa 25% do faturamento da cervejaria."​

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