Descrição de chapéu aeroportos

Fluxo de clientes compensa alto custo de franquias em aeroportos

Movimentação em grandes terminais supera a de shoppings tradicionais

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Luciana Alvarez
Lisboa

O aluguel é mais caro do que um ponto em shopping center e há uma burocracia complicada para conseguir a cessão do espaço e para manter o negócio. Ainda assim, aeroportos são espaços de desejo para franquias e franqueados.

Mesmo os de médio porte, que estão longe de números como os 23,6 milhões de passageiros que passaram por Guarulhos no ano passado, costumam ter um grande volume de clientes potenciais.

André Piccolotto começou a com a franquia de cookies Mr. Cheney em Viracopos, Campinas (SP). O negócio deu certo e ele decidiu ir para mais dois: hoje tem operações também em Porto Alegre (RS) e Confins (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte. Nos três locais, os negócios atravessaram momentos difíceis durante o pior período da pandemia, mas hoje têm dado retorno.

André Piccolotto tem lojas da franquia de cookies Mr. Cheney em três aeroportos do Brasil
André Piccolotto tem lojas da franquia de cookies Mr. Cheney em três aeroportos do Brasil - Jardiel Carvalho - 9.jun.22 /Folhapress

"O aluguel é alto e a gente tem que trabalhar com três turnos de funcionários. O produto acaba ficando mais caro porque os custos são maiores. Ainda assim compensa, porque nunca vi outro lugar com fluxo tão bom quanto aeroporto", diz o empresário.

Passaram no ano passado por Viracopos, Confins e Porto Alegre, respectivamente, 9,7 milhões, 6,6 milhões e 4,6 milhões de passageiros.

Picolotto ressalta que no setor de alimentação, o mais comum em aeroportos, a fiscalização sanitária por parte da Anvisa também é mais exigente do que em outros pontos de comércio.

Adriana Auriemo, fundadora da rede de franquias de castanhas Nutty Bavarian, conta que desde a criação da empresa queria marcar presença em aeroportos. Além de estar nos maiores do país, já teve franqueados em Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Ribeirão Preto (interior de SP) e Belém (PA).

Por causa da pandemia, a maioria das lojas nos aeroportos menores fechou, mas a rede está em negociação para voltar para Curitiba e Florianópolis, além de começar a operar em Foz do Iguaçu (PR) e Salvador (BA).

"Nos menores, o mais importante é ficar atento aos horários de voos. Tem muito aeroporto que concentra voos pela manhã. O meu produto, por exemplo, não vende bem de manhã. Nesse caso, talvez tenha que se pensar em café e pão de queijo", cita Auriemo.

Outra questão-chave dos aeroportos menores é a gestão dos horários dos funcionários. "A gente aconselha esse ponto para quem já tem lojas em outro lugar, porque é comum ter horários de pico, depois muito tempo sem movimento. Sabendo os horários de voos, você pode encaixar pessoas de outros pontos para irem ao aeroporto atender nos momentos mais cheios", sugere a fundadora da Nutty Bavarian.

Os aeroportos têm dois públicos distintos: quem viaja a trabalho com frequência e procura um serviço rápido e as pessoas que estão viajando a turismo, que desejam aproveitar cada momento.

"O turista vai com tempo para o aeroporto, e aquela compra faz parte da composição da experiência dele. Tem que ter jogo de cintura para satisfazer os dois perfis", afirma Patricia Turmina, da rede de trudels (doce romeno) Royal Trudel, que recentemente abriu um ponto no aeroporto de Porto Alegre.

Depois do contrato de concessão do espaço fechado, o processo de aprovação e realização do projeto levou seis meses. Além das exigências técnicas do espaço e treinamentos de segurança, cada colaborador que vai participar da montagem in loco precisa de um cadastro especial de segurança.

Vencer toda a burocracia compensa, garante Turmina, porque o espaço é ótimo para os negócios. "Dá muita exposição para a marca. A circulação diária no aeroporto de Porto Alegre é cerca de seis vezes superior à do melhor shopping da cidade", afirma.

Para além da alimentação, Leia Regina Nascimento, CEO da consultoria Múltipla Franquias, diz que nos aeroportos menores há uma demanda reprimida por serviços. "Como frequentadora de três aeroportos de menor porte (Florianópolis, Curitiba e Foz do Iguaçu), vejo a falta de serviços expressos, como manicure e massagens. Coisas que podem se encaixar nos tempos de espera", afirma.

A especialista também vê oportunidades para a venda de produtos. "As pessoas estão esperando, elas acabam olhando as lojas. A loja não é o destino, como no shopping, mas tem uma grande oportunidade de venda", afirma.

Ela aconselha que, antes de tudo, quem vai investir busque dados: movimentação diária, número e horário dos voos e números de vendas em outros aeroportos semelhantes. "A tendência é aumentar o movimento, porque muita gente se mudou para o interior nos últimos dois anos", diz, se referindo ao período de pandemia.

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