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Dilma trata reeleição como boa notícia
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ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O governo Dilma foi discreto durante a campanha nos EUA e tinha discursos prontos para depois do resultado, um enaltecendo as vantagens da reeleição de Barack Obama e outro, as da vitória de Mitt Romney. Sem torcida antes, sem euforia depois.
Bastou a confirmação do resultado para que assessores palacianos e diplomatas sacassem o discurso pró-Obama e passassem a tratar a reeleição como boa notícia.
A presidente Dilma Rousseff interrompeu ontem um discurso em evento e parabenizou Obama, para quem disse que ligaria mais tarde. Não ligou, segundo a versão do Palácio do Planalto, porque haveria a informação de que o americano não atenderia telefonemas ontem.
"Aproveito a oportunidade para cumprimentar Obama e o povo americano pela eleição", afirmou a presidente em ato sobre combate à corrupção, no qual falava de parcerias com os americanos.
Ao ser questionada sobre a vitória, se limitou a fazer o formato de coração com as mãos e de positivo com os dois polegares.
Com a reeleição, o Brasil prevê que os EUA irão intensificar sua influência moderadora sobre Israel, evitar ações pouco ortodoxas contra o Irã e manter relações pragmáticas e amistosas com a China. Os sinais de Mitt Romney iam em direção contrária nessas questões.
Por volta das 8h30, o chanceler Antonio Patriota telefonou para o embaixador dos EUA, Thomas Shannon, para cumprimentar "o povo norte-americano".
Shannon registrou o acerto da ida de Patriota a Washington, para encontros com a administração de Obama duas semanas antes da eleição.
O gesto foi captado como um sinal de confiança na reeleição, apesar de o Brasil não ter dado apoio formal.
Do ponto de vista das relações bilaterais, pouco mudaria de Obama para Romney, mas ainda aí há uma vantagem no continuísmo: presidentes, ministros, diplomatas e assessores já se conhecem e sabem dos programas de interesse mútuo.
As mudanças serão poucas e os três candidatos mais fortes ao lugar da secretária de Estado, Hillary Clinton, são "confiáveis" para o Itamaraty: John Kerry, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado; Susan Rice, representante dos EUA na ONU, e William Burns, vice de Hillary.
Questões cruciais nas relações bilaterais ou dependem do Congresso mais do que da Casa Branca, ou já estão bem encaminhadas.
Apesar do mantra de que os republicanos "são menos protecionistas", pendências comerciais importantes foram bem resolvidas no governo Obama, como a do etanol e a do suco de laranja.
Colaborou FERNANDA ODILLA, de Brasília
Editoria de arte/Folhapress | ||
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