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27/01/2013 - 04h00

Protecionismo atrapalha Brasil na OMC

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CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

A percepção de que o Brasil vive um momento protecionista na sua política comercial é um obstáculo para a candidatura do embaixador Roberto Azevêdo à direção-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), o xerife que monitora quase US$ 20 trilhões em trocas de bens e serviços por 159 países.

Por definição, a OMC é uma entidade voltada para a liberalização do comércio, o que tornaria incompatível a presença, em seu comando, de um representante de país protecionista.

A defesa que a diplomacia brasileira prepara para combater esse argumento é simples: o DG (como o diretor-geral é tratado) não defende a posição de um determinado país, mas do conjunto de membros.

O protecionismo, se de fato existe (o que o governo brasileiro nega sempre), será defendido pelo embaixador do país junto à OMC -ou seja, pelo substituto de Azevêdo-, se ele for eleito.

As chances de vitória são impossíveis de aferir neste momento, mas o candidato brasileiro tem um trunfo inequívoco: "Se a eleição fosse um concurso de popularidade em Genebra [sede da OMC], Azevêdo já estaria eleito", ouviu a Folha na cúpula da instituição.

O embaixador é visto como sério, bem preparado e de trato afável, qualidades que permitem prever um bom desempenho na primeira fase do processo seletivo, a realizar-se de 29 a 31 deste mês.

Martin Alipaz - 16.jan.2013/EFE
Embaixador Roberto Azevêdo em La Paz, depois de visitar o vice-chanceler Juan carlos Alurralde, no último dia 16
Embaixador Roberto Azevêdo em La Paz, depois de visitar o vice-chanceler Juan carlos Alurralde, no último dia 16

"MISS SIMPATIA"

É o que se chama internamente de "concurso de Miss Simpatia", em que os nove candidatos são ouvidos pelo Conselho Geral, a instância que gerencia a OMC.

Como o nome indica, é uma fase em que a personalidade dos candidatos pesa mais do que propostas e planos que só serão delineados ao longo do processo.

A partir de 1º de abril, é que começam as consultas para selecionar quem permanece na disputa e quem é paulatinamente eliminado.

O Brasil conta com o apoio dos demais BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul), mas será um apoio discreto, não verbalizado.

Se Azevêdo se apresentasse como candidato dos BRICS, provocaria imediata rejeição de, pelo menos, Estados Unidos e União Europeia, dois dos chamados "big five" -países que têm maior peso na OMC (além de EUA e UE, são o próprio Brasil, China e Índia).

Qualquer um que vete um candidato derruba-o no ato.

Depois do "concurso de simpatia", vem a campanha eleitoral propriamente dita.

O Itamaraty preparou para Azevêdo um roteiro de visitas às capitais de um punhado de países, para que ele possa ganhar popularidade também fora de Genebra.

Na verdade, é nas capitais, e não em Genebra, que se decide o voto de cada país.

O objetivo brasileiro é caitituar pelo menos o segundo voto de cada país. O usual é que um país africano, por exemplo, indique, como primeira preferência, o candidato da própria região.

Mas indica também uma segunda e até terceira preferências, quando começar, em abril, o processo seletivo.

Os candidatos com menos preferências (ou mais vetos) vão caindo até que sobrem dois ou três nomes para a decisão final, até 31 de maio.

Na eleição anterior, o candidato brasileiro, o embaixador Seixas Corrêa, caiu na primeira fase.

Mas o Itamaraty acredita que Azevêdo tem muito mais possibilidades, o que se começará a testar esta semana.

 

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