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04/04/2013 - 03h20

Após expansão sob Lula, Dilma segura vagas na diplomacia

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ISABEL FLECK
DE SÃO PAULO

Em contraste com a expansão recorde de representações diplomáticas brasileiras no governo Lula, a criação de quase 1.300 novas vagas no Itamaraty está congelada há mais de um ano pela presidente Dilma Rousseff.

Sancionada em março do ano passado, a lei 12.601/12, que cria 400 vagas de diplomatas e 893 de oficiais de chancelaria (analistas e gestores) ainda não saiu do papel, e não há previsão de quando serão disponibilizados os novos postos.

Editoria de arte/Folhapress
REDE DIPLOMÁTICA Número de embaixadas cresceu mais de 50% desde 2003; 400 vagas de diplomatas estão para ser criadas
REDE DIPLOMÁTICA Número de embaixadas cresceu mais de 50% desde 2003; 400 vagas de diplomatas estão para ser criadas

A liberação das vagas depende da autorização do orçamento pelo Ministério do Planejamento, segundo o qual o processo está sob "análise".

Enquanto isso, diplomatas e funcionários no exterior e na sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, se desdobram para atender às demandas geradas pela expansão realizada por Lula.

Só para as 77 novas representações --entre embaixadas, consulados e missões--, criadas nos últimos dois governos, são necessários 528 funcionários.

Hoje, das 48 embaixadas criadas desde 2003 (40 delas no governo Lula), 39 estão com um corpo diplomático abaixo do previsto.

É o caso da embaixada em Serra Leoa, onde há apenas um diplomata no posto, o embaixador. Uma portaria do ministério prevê seis funcionários para a representação.

Outro caso é Conacri, na Guiné, que também tem apenas um diplomata, quando eram previstos sete funcionários para a embaixada.

Representações mais antigas também sofrem com a falta de pessoal. O consulado-geral na Cidade do Cabo --segunda maior metrópole da África do Sul-- tem só um diplomata e dois oficiais de chancelaria, dos cinco funcionários previstos.

"As pessoas ficam sobrecarregadas. Não é raro que o chefe do posto tenha que fazer um trabalho administrativo que não era para ele fazer", disse à Folha um funcionário de uma embaixada na África.

Segundo um funcionário de outra representação, assuntos "menos urgentes", como promoção comercial e temas culturais acabam sendo deixados de lado muitas vezes por falta de pessoal.

"Sempre vai ficar alguma coisa de fora. As situações urgentíssimas continuarão sendo respondidas, mas para ter uma atuação mais eficiente, é preciso mais gente", reclama.

Atualmente, há 1.405 diplomatas no quadro ordinário do Itamaraty --somam-se a eles 300 do quadro especial--, 1.000 oficiais de chancelaria e 1.200 assistentes. São 227 as representações pelo mundo.

MÉDIO E LONGO PRAZO

Segundo o Itamaraty, era previsto que a criação das quase 1.300 vagas fosse gradual. "Há uma necessidade de lotação no exterior e também no Brasil, e por isso se solicitou uma ampliação do quadro. Mas não há um problema para o funcionamento dos postos", disse o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes.

"Se elas [vagas] não forem criadas em 2013, não vai haver um colapso", completou.

Para o secretário-geral do Sinditamaraty, Rafael de Sá, porém, a demora de um ano do governo "não é normal". "Fica claro que o governo não está priorizando o ministério."

A novas vagas custarão aos cofres públicos, no mínimo, R$ 156 milhões por ano.

 

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