Turistas e admiradores homenageiam Che em cidade da Bolívia
Centenas de visitantes se reuniram nesta segunda-feira na cidade boliviana de La Higuera para recordar os 40 anos da morte de seu ídolo. Che foi capturado na cidade em 8 de outubro de 1967 e assassinado no dia seguinte.
Muitos camelôs montaram suas barracas à sombra do busto do guerrilheiro ou sob as imensas faixas com seu rosto. Em uma das barracas está um grupo de médicos cubanos, enviado pelo regime castrista para atender gratuitamente os bolivianos.
"Somos os filhos de Che. Ele está mais vivo do que nunca. É um exemplo para Cuba e para o mundo inteiro", afirma o boliviano Aníbal Bedento Triana, 62.
David Mercado/Reuters |
Jovens homenageiam Che Guevara em cerimônia ao redor de pôster do revolucionário |
Uma fogueira é acesa diante da escola onde Guevara foi executado e um dos três sobreviventes da aventura boliviana de Che, Leonardo Tamayo Núnez, o Urbano, convoca as pessoas a combater os americanos que se acreditam os donos do mundo, segundo ele.
Com outra postura, a francesa Jade Garguilo, 31, faz sua homenagem ao ídolo. "O mito de Che é lindo, mas não devia ser transformado num circo ou numa moda", afirma a turista.
A luta armada já não faz parte das opções de Marco Miguel González, 22, um estudante boliviano de ciências políticas, que, no entanto, faz questão de cultivar a semelhança com seu ídolo na boina com a estrela e na barba descuidada que exibe.
"As operações de guerrilha estão acabando. A luta continua agora pelas urnas", afirma ele, dando como exemplo a eleição do presidente da Bolívia, Evo Morales.
Para alguns a comunhão com o mito passa pelo esforço físico e, por isso, meia centena de corajosos fãs enfrentaram o frio da noite para marchar até a vizinha aldeia de Vallegrande, onde o corpo de Che foi exposto há 40 anos, antes de ser enterrado em segredo.
"Estamos orgulhosos por fazer a rota de Che. Ele é meu compatriota, meu ídolo", diz Daniel Castillo, 33, um agricultor argentino.
"É um ícone para a juventude", afirma a venezuelana Elidimar Machiques, 27, que apóia totalmente o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
Em Vallegrande, o fervor em torno da figura de Che Guevara começou na última sexta-feira (5), depois da abertura de um encontro mundial que reuniu militantes de esquerda e membros de movimentos sociais.
A suíça Nadine Crauzas, 47, que dirige uma associação de arte para crianças na Bolívia, defende os ideais de Che e é contrária ao monopólio dos cubanos sobre a memória do guerrilheiro.
A delegação cubana presente no local tentou proibir a venda de artesanatos feitos pelas crianças da organização alegando querer impedir a "comercialização" de Che.
"Cuba me decepciona, compreendo por que Che abandonou a ilha. As pessoas morrem de fome e não é apenas por causa do embargo americano", disse Crauzas.
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