Após 9 anos no exílio, ex-premiê Benazir Bhutto volta ao Paquistão
A ex-premiê Benazir Bhutto voltou para o Paquistão nesta quinta-feira, após passar quase nove anos no exílio. O avião que a levava aterrissou hoje às 13h45 (6h45 de Brasília) na cidade de Karachi, no Paquistão, após decolar de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Bhutto, que era esperada no aeroporto por dezenas de milhares de simpatizantes, passou parte de sua temporada no exílio em Dubai, e outra em Londres.
Após chegar ao solo paquistanês, ela seguiu em um veículo blindado até o mausoléu de Mohammed Ali Jinnah --considerado o "pai da pátria" paquistanesa-- onde fará um discurso.
Lefteris Pitarakis/AP |
A ex-premiê paquistanesa Benazir Bhutto acena ao voltar ao país, após nove anos |
A ex-premiê --que governou o país entre 1988 e 1996-- deixou o Paquistão em 1999, após sofrer acusações de corrupção. Seu retorno ocorre em um período de instabilidade política.
Com eleições parlamentares marcadas para janeiro, ela espera liderar o Partido do Povo do Paquistão em uma campanha eleitoral para um terceiro mandato como premiê.
Bhutto abriu caminho para seu retorno por meio de negociações com o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, que tomou o poder em 1999 em um golpe de Estado.
Ele promete deixar o comando do Exército caso possa assegurar um novo mandato.
As conversas resultaram em uma anistia das acusações de corrupção, que fizeram com que Bhutto deixasse o país.
Antes de embarcar em Dubai, Bhutto disse à imprensa que sua volta era um "milagre".
"Espero que, com este milagre acontecendo, outro milagre possa acontecer, o de ajudar aqueles que são pobres que estão desesperados por uma mudança no Paquistão, que precisam de segurança, que querem uma oportunidade de trabalho", afirmou ela.
Segurança
Diante da chegada da líder do PPP, o governo mobilizou em Karachi e em seus arredores 20 mil membros das forças de segurança ---incluindo franco-atiradores---, dos quais cerca de 3.500 foram encarregados de escoltar Bhutto em seu percurso do aeroporto até a cidade.
A ex-governante recebeu ameaças dos líderes tribais da conflituosa região do Waziristão, além de outros grupos relacionados à rede terrorista Al Qaeda. Por isso, o Departamento do Interior de Karachi intensificou a vigilância para evitar qualquer atentado contra ela.
No entanto, as ameaças não desanimaram a multidão de partidários que foram recebê-la.
Karachi e outras cidades amanheceram cheias de cartazes com a imagem da ex-premiê.
Muitos comemoram nas ruas a volta da filha do falecido presidente Zulfikar Ali Bhutto, com as estradas cheias de pessoas e de veículos com a bandeira vermelha, branca e verde do PPP.
No entanto, a recepção de hoje é, segundo testemunhas, menor do que a de 1986, quando ela voltou de seu primeiro exílio e 1 milhão se reuniram em Lahore (leste) para recebê-la.
Durante a viagem de volta, Bhutto rejeitou as preocupações relativas às ameaças sofridas.
"Não estou com medo. Estou focada em minha missão", disse ela a repórteres no avião. "Este é um movimento pela democracia, porque estamos sob ameaça de terroristas".
Com Associated Press e Efe
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