Polícia investiga se máfia pretende matar autor de "Gomorra" até o Natal
A polícia italiana está investigando relatos de que a máfia napolitana planeja executar a ameaça de matar Roberto Saviano, 29, autor do best seller "Gomorra" --que virou filme sobre a brutalidade da máfia-- até o Natal.
Saviano vive há dois anos escondido com proteção policial 24 horas por dia, desde que a Camorra, como é conhecida a máfia em sua cidade, decidiu puni-lo pelo sucesso do livro, que é baseado em suas próprias investigações.
O livro vendeu 1,2 milhão de cópias na Itália e foi traduzido para 42 línguas. Agora que chegou aos cinemas e é candidato ao Oscar, a máfia está ainda mais irritada e quer ver Saviano e seus seguranças mortos o mais rápido possível.
"Abrimos um inquérito para verificar a veracidade desta informação", disse o coordenador do esquadrão antimáfia de Nápoles, Franco Roberto, à Reuters.
Os jornais italianos disseram que o clã mais notório da máfia local, o Casalesi --que virou manchete recentemente devido ao assassinato de seis africanos, despertando a revolta de outros imigrantes--, passou a ameaça para a fase de "operação", procurando matar o escritor até o Natal. A fonte da informação foi uma pessoa próxima a Francesco Schiavone, também conhecido como Sandokan, chefe da Camorra.
De cabeça raspada, barba, piercing na sobrancelha e camiseta preta, Saviano se tornou um símbolo da luta contra o crime organizado para a nova geração de italianos. Ele marcou dois anos vivendo escondido na segunda-feira (13), dizendo a uma rádio local sobre sua relação com os policiais que o acompanham desde que foi forçado a deixar sua casa. Segundo ele, muitos de seus dias são "terríveis".
O escritor afirmou que o que deixou a máfia preocupada foram os seus milhões de leitores. "Os leitores que ameaçaram os chefes do crime, não eu", disse Saviano.
Alguns políticos exigiram que o poder público seja solidário com a situação do escritor. "Ninguém deve tocar Saviano!", disse a ex-ministra Giovanna Melandri, denunciando a Camorra como "um dos maiores cânceres que tomam conta do nosso país".
Com Reuters
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