Ultraconservador, Lieberman quer que Hong Kong inspire palestinos
Imigrante da ex-república soviética de Moldova, Avigdor Lieberman tem poucas chances de se tornar premiê de Israel após as eleições desta terça-feira, mas deve ser peça central para a formação de uma coalizão de governo.
Líder do ultraconservador --e controverso-- partido Yisrael Beitenu, Lieberman afirma que o modelo final de um acordo entre Israel e palestinos sobre a faixa de Gaza deve ser baseado no modelo de Hong Kong, na China. "Prosperidade financeira em um pequeno território e sem nenhuma afinidade com a Cisjordânia", resumiu Lieberman, em texto publicado no site oficial do partido.
Amir Cohen-04fev.09/Reuters |
Avigdor Lieberman, líder do partido linha-dura Yisrael Beitenu, fala durante visita a um kibutz |
Lieberman defende que a concessão de terras para os palestinos "é errada" e leva apenas ao terror. "Israel precisa explicar que a exigência por um Estado palestino independente e o direito dos refugiados de voltar é um disfarce para a tentativa de radicais islâmicos de destruir o Estado de Israel", afirma Lieberman.
A posição controversa na questão palestina fez com que Lieberman abandonasse a coalizão de outubro de 2006 com o Kadima, após a eleição do atual premiê, Ehud Olmert.
No acordo, Lieberman assumiu como vice-premiê e ministro de Assuntos Estratégicos --um cargo criado para lidar, principalmente, com a ameaça do Irã. Em janeiro de 2008, ele renunciou aos cargos em protesto contra a Convenção de Annapolis, nos Estados Unidos, que delimitou novas etapas na negociação de paz com os palestinos.
"A pressuposição de que a raiz da disputa árabe-israelense é territorial e que as consequências territoriais levariam a paz, não está de acordo com a experiência passada", escreveu Lieberman, em texto contrário à cúpula.
Com lema "Sem lealdade não há cidadania", ele conquistou parte dos israelenses de direita que se opõem aos árabes que vivem em Israel, acusados pelo Yisrael Beitenu de conspirar com os inimigos palestinos durante a recente ofensiva israelense na faixa de Gaza.
Origem
Nascido em 5 de junho de 1958, Lieberman mudou-se para Israel aos 20 anos, logo depois da completar graduação em engenharia naval. A família passou a morar em Jaffa, e Lieberman foi mandado para o kibutz Ulpan para aprender hebraico. Depois, entrou para a Universidade Hebraica de Jerusalém, onde se formou em relações internacionais e estudos eslavos. Casou com Ella, com quem tem três filhos, e prestou os serviços obrigatórios militares.
Em Jerusalém, serviu como secretário do Sindicato Nacional de Trabalhadores e integrante do Conselho de Diretores da Corporação Econômica de Jerusalém.
Política
Em 1988, Lieberman se mudou para o assentamento de Nokdim, no deserto, e foi naquela época que conheceu Binyamin Netanyahu, líder do conservador Likud. Lieberman foi um dos parceiros de Netanyahu em sua escalada rumo à liderança daquele partido e ao cargo de premiê israelense, conquistado em 1996. Com a vitória de Netanyahu, Lieberman foi indicado a diretor-geral do governo do premiê.
Tsafrir Abayov-4fev.09/AP |
Lieberman (dir.) escuta seu assessor durante campanha anti-árabes próximo à faixa de Gaza |
Já em 1999, Lieberman fundou o ultraconservador Yisrael Beitenu, também conhecido por "Israel é nossa casa". Naquele ano, nas eleições legislativas, o partido conseguiu quatro cadeiras no Parlamento, e Lieberman serviu como ministro de Infraestruturas Nacionais durante o governo de Ariel Sharon (2001-2006), que sucedeu Netanyahu.
Nas eleições de 2003, Lieberman e o Beitenu se uniram aos nanicos Moledet e Tekuma, e a coalizão conseguiu sete das 120 cadeiras no Parlamento.
Depois, Lieberman foi indicado como Ministro de Transportes, onde participou da privatização da Autoridade Portuária e o desenvolvimento da infraestrutura ferroviária do país.
Nas últimas eleições legislativas, em 2006, o Yisrael Beitenu conquistou 11 cadeiras do Knesset. As pesquisas mais recentes indicam que o resultado será ainda melhor nesta terça-feira, com estimativa de que os ultraconservadores conquistem de 14 a 20 cadeiras.
Fontes: Site oficial do partido Yisrael Beitenu, site oficial do Knesset
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