Cerca de 80 mil civis fogem no Sri Lanka mesmo com fim da guerra
A ONU (Organização das Nações Unidas) pediu nesta quarta-feira que o governo do Sri Lanka permita a entrada de seus funcionários no nordeste do país, de onde cerca de 80 mil civis fugiram nos últimos três dias mesmo com o anúncio do Exército de vitória na guerra civil contra os rebeldes separatistas tâmeis.
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As agências da ONU dizem que, mesmo com o fim dos conflitos, que duraram 25 anos e deixaram entre 80 mil e 100 mil mortos, a situação não mudou e há civis que precisam ser retirados do local.
"A ONU não tem informação sobre civis mortos ou feridos que permanecem na zona de conflito", afirmou Elisabeth Byrs, porta-voz das operações humanitárias da ONU. Ela afirmou ainda que a ONG Cruz Vermelha precisa retirar os civis que permaneceram no local já que temem por suas vidas.
Segundo o Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas (Acnur), o número total de refugiados que fugiram dos combates no Sri Lanka já chega a 280 mil pessoas, 80 mil das quais fugiram nos últimos três dias.
A principal preocupação é quanto à aglomeração nos campos de refugiados, onde os serviços são mínimos e não abastecem todas as necessidades dos deslocados. "Os civis que chegam das zonas de conflito estão famintos, desnutridos e desidratados", disse o porta-voz do Acnur, Ron Redmon.
"As agências da ONU continuam pedindo livre acesso a todo o território para poder atender as pessoas que necessitam de atendimento", afirmou Byrs.
Vitória
Na segunda-feira passada (18), o Exército do Sri Lanka declarou vitória depois de mais de 25 anos de conflito no país, com a morte dos últimos guerrilheiros do movimento Tigres pela Libertação da Pátria Tâmil.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, visitará o Sri Lanka nesta sexta-feira e deve pressionar o governo pela liberação da entrada das agências humanitárias na zona de combate.
Ban se reuniu ontem em Genebra, na Suíça, com o ministro da Saúde do Sri Lanka, Nimal Siripala De Silva, e lhe mostrou sua preocupação com a situação.
Siripala De Silva ocupa neste ano a Presidência rotativa da Assembleia Mundial da Saúde, que acontece em Genebra esta semana.
"Um bom começo seria providenciar à ONU e suas parceiras o acesso integral e incondicional a todos os civis", afirmou Ban, que visitará o Sri Lanka na sexta-feira. "Eu continuo preocupada com a segurança e o bem-estar da população afetada. Isso é porque eu quero visitar os acampamentos para os deslocados internos".
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