Sri Lanka prende líder do grupo separatista Tigres Tâmeis
O governo do Sri Lanka anunciou nesta sexta-feira a prisão de Selvarajah Pathmanathan, responsável por gerenciar as operações de tráfico e vendas de armas do grupo guerrilheiro separatista Tigres Tâmeis e nome mais procurado no país desde a bem-sucedida operação do Exército que pôs fim a 25 anos de guerra civil no norte da ilha, em maio passado.
As autoridades não disseram onde exatamente prenderam Pathmanathan, que estava refugiado. Ele é o rosto público do grupo após a guerra, quando o Exército matou o fundador e até então líder dos tâmeis, Vellupillai Prabhakaran em uma violenta batalha final, em 18 de maio passado.
Arte/Folha Online |
Embora não seja o único tigre tamil ainda foragido das forças cingalesas, Pathmanathan é um dos principais elos do grupo separatista no exterior, responsável por manter uma operação multimilionária de apoio estrangeiro à causa.
A sua prisão representa os esforços renovados das tropas cingalesas para acabar com a rede de apoio --que inclui dinheiro, propaganda e homens-- que pode ser usada para retomar o movimento.
A reação à prisão do líder foi quase automática no mercado do Sri Lanka. A Bolsa de Colombo atingiu seu mais alto nível em 14 meses e ganhou 0,7% em apenas 90 minutos de operação.
"Nós somos capazes de acabar com as atividades dos tigres tâmeis em qualquer lugar do mundo. Nós temos a capacidade e a assistência", disse o porta-voz do Ministério de Defesa, Keheliya Rambukwella.
Em um comunicado por e-mail, o grupo separatista confirmou a prisão de Pathmanathan por agentes da Malásia na quarta-feira passada (5). Autoridades do país não confirmaram a informação.
Com uma lista de paradeiros que inclui Mianmar, Malásia e Tailândia, Pathmanathan tem dúzias de passaportes e mais dinheiro do que o necessário para se manter foragido. Segundo estimativas de analistas de segurança, os Tigres Tâmeis ganham entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões anualmente.
Contudo, a presença do grupo nas listas de grupos terroristas dos Estados Unidos, União Europeia, Índia e Canadá prejudicou as operações do grupo.
Histórico
Os rebeldes lutam, desde 1983, para criar um território independente para a minoria étnica tamil, que sofreu discriminação com os sucessivos governos da maioria cingalesa. Tanto os Estados Unidos quanto a Europa consideram o grupo terrorista.
No passado, os rebeldes chegaram a controlar uma parte do norte e do leste do Sri Lanka e a formar forças próprias, uma significativa frota naval e uma ínfima frota aérea. Em janeiro deste ano, o governo do Sri Lanka decidiu iniciar a sua "ofensiva final" contra a guerrilha.
Desde então, os rebeldes perderam terreno. Nos últimos meses, ficaram confinados a uma faixa estreita de floresta e de praia na Província Oriental, que ficou anos sob controle efetivo dos rebeldes.
O presidente do Sri Lanka, Mahinda Rajapaksa, declarou a vitória das tropas do Exército sobre a guerrilha separatista dos Tigres Tâmeis pela Libertação da Pátria no último dia 19 de maio. Deste a intensificação da ofensiva, ao menos 7.000 morreram, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas).
O conflito causou ainda a fuga de cerca de 200 mil civis da zona de combate nos últimos meses.
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