Moradores de Veneza fazem funeral simbólico para a cidade
Barcas e gôndolas de Veneza participaram neste sábado de um funeral simbólico da cidade, com uma procissão pelo Grande Canal. O objetivo dos organizadores era chamar a atenção para a despovoação da cidade, que viu seu número de habitantes despencar de 120 mil, nos anos 60, para atuais 60 mil.
'Veneza está em perigo', disse à agência de notícias Efe Matteo Secchi, um dos integrantes do movimento cívico Venessia.com, organizador do "funeral".
Embora o número seja considerado por alguns o fim da viabilidade da cidade, a prefeitura diz que a preocupação é prematura. Por isso, depois do cortejo fúnebre, que reuniu cerca de 300 pessoas, os moradores deixaram um caixão rosa diante da sede da Prefeitura, onde rezaram em dialeto veneziano.
Andrea Merola /Efe | ||
Gôndola leva caixão rosa representando a cidade de Veneza em cortejo fúnebre realizado neste sábado |
"É um funeral em uma cidade viva, que ainda não morreu. E que não morrerá, mesmo que chegue a 59.999 [habitantes]", disse Mara Rumiz, funcionária da prefeitura responsável por estatísticas demográficas. Ele diz que o número não inclui moradores das ilhas de Veneza, como Murano e Lido, e nem moradores não registrados, como estudantes. Juntos, esses grupos somariam mais 120 mil, segundo ela.
"É evidente que Veneza precisa preservar seus habitantes e atrair novos, ou correremos o risco de a cidade se tornar apenas uma Meca do turismo, e esse é um destino que nós não desejamos", completou Rumiz.
O cotidiano em Veneza parece realmente difícil. Para fazer compras, por exemplo, é preciso pegar um táxi aquático para ir ao supermercado, outro para voltar e ainda carregar todas as sacolas escada acima, já que a Veneza histórica não permite o conforto de estacionar o seu carro na porta de casa.
O funeral deste sábado, no entanto, terminou em clima de esperança. Depois da oração em frente à prefeitura, os moradores tiraram, do caixão, uma bandeira com dizeres "La Fenice", "a fênix", em italiano, em referência à criatura mitológica que sai das cinzas e é um símbolo do renascimento.
Com Efe e Associated Press
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