Grupo de escoteiros dos EUA terá de pagar US$ 18,5 mi por acobertar pedófilo
Um tribunal de Portland, no Estado americano de Washington, decidiu nesta sexta-feira que a organização de escoteiros Boy Scouts of America (BSA) deverá pagar uma multa de US$ 18,5 milhões por acobertar abusos sexuais praticados por um de seus monitores.
Segundo a imprensa de Portland, o tribunal local condenou o BSA por ignorar denúncias de abusos sexuais contra numerosos escoteiros, meninos e adolescentes, nos anos 80.
A ação foi iniciativa de Kerry Lewis, uma das vítimas de Timur Dykes, um ex-líder dos escoteiros do Estado de Oregon, condenado três vezes por pedofilia. Hoje com 37 anos, ele pede uma indenização de US$ 29 milhões por perdas e danos.
O tribunal decidiu na semana passada que ele receberá indenização de US$ 1 milhão pelo sofrimento provocado em sua vida pelos abusos sexuais, incluindo o uso de drogas e dificuldades em manter relacionamentos.
Os escoteiros já foram levados à Justiça americana --e condenados-- em diversas oportunidades, mas este processo tem uma dimensão particular, pois ocorre no momento em que os escândalos de abusos sexuais na Igreja Católica são notícia, afirma Patrick Boyle, editor do site Youthtoday.com e autor de um livro sobre os escândalos sexuais na organização escoteira americana.
"Isso mostra ao público até que ponto os abusos sexuais atingem algumas instituições e organizações e como estas ocultaram (os fatos) durante anos", disse ele à agência de notícias France Presse.
Abertura dos arquivos
A grande novidade desse julgamento é que obrigou a organização de escoteiros, que comemora em 2010 cem anos de existência, a divulgar os arquivos nos quais há provas dos abusos sexuais registrados pela organização.
Fatos que não tinham saído dos arquivos dos escoteiros há mais de 20 anos e que afetam "milhares" de vítimas, segundo Boyle.
"Os arquivos foram criados há quase um século. Mostrando que os dirigentes escoteiros sabiam quantas crianças tinham sido abusadas, como os violadores burlaram a organização para estar em contato com as crianças, e os locais onde os abusos ocorreram", explica.
"É deprimente ver que a organização não admite que tem um problema específico com o abuso sexual", lamentou Boyle.
Ele afirmou esperar que a organização siga o exemplo da Igreja Católica e entregue as provas a um investigador. "Pelo menos a Igreja Católica pediu a um grupo de especialistas que investigasse os abusos sexuais em seus quadros", completou.
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