Cristina Kirchner e Lugo celebram pleno funcionamento da usina de Yacyretá
Os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e do Paraguai, Fernando Lugo, celebraram nesta sexta-feira (25) a finalização das obras que permitiram à usina hidroelétrica de Yacyretá alcançar seu potencial máximo de geração de energia após quase 40 anos. A usina fica no rio Paraná na divisa entre os dois países.
Os líderes oficializaram o pleno funcionamento da represa, 37 anos depois de assinado o projeto para sua construção, em um ato marcado pelo caráter festivo na cidade argentina de Posadas, na fronteira com o Paraguai, a 80 quilômetros da usina.
"Inaugurar Yacyretá é algo mais que inaugurar uma obra que esteve paralisada por décadas, é inaugurar um novo período histórico, de superação de fracassos e frustrações. Porque Yacyretá, além da corrupção, foi o símbolo do fracasso e da frustração dos argentinos e dos paraguaios, que não éramos capazes de terminar uma obra de tamanha envergadura, que hoje gera energia para 5,6 milhões de pessoas", considerou Cristina.
"Hoje é um grande dia porque terminamos uma obra definitiva para ambos os países, porque nos permite produzir energia que serve para sustentar nosso crescimento econômico".
Lugo, por sua parte, celebrou durante seu discurso ter conseguido "estreitar ainda mais" as relações bilaterais com a Argentina "para construir um futuro comum de entendimento e desenvolvimento".
O presidente paraguaio, no entanto, lamentou que "muitos tenham se aproveitado para lucrar ilicitamente com os fundos destinados à construção da hidroelétrica, fazendo com que o custo da obra fosse bem superior ao orçado inicialmente e causando vários danos aos contribuintes argentinos e paraguaios".
As obras da represa, a segunda maior da América Latina, começaram em 1983, embora não tenha havido geração de energia até 1994, sendo necessários mais 16 anos para que alcançasse o potencial máximo de produção previsto no projeto original.
As obras foram paralisaram em 1998, durante o governo do ex-presidente argentino Carlos Menem (1989-1999), que em vão tentou privatizá-la, qualificando o projeto como "um monumento à corrupção".
Em 2005, a ONG Transparência Internacional incluiu a Yacyretá entre os "dez monumentos de obras públicas com maior corrupção no mundo".
A usina funcionou a 60% de sua capacidade até que em 2004 os então presidentes da Argentina, Néstor Kirchner, e do Paraguai, Nicanor Duarte, acordaram impulsionar o Plano de Terminação de Yacyretá, que começou a ser executado dois anos depois.
A energia gerada é repartida em partes iguais entre Argentina e Paraguai, embora este venda grande parte do que lhe corresponde ao sócio.
Além disso, o Paraguai tem uma dívida com o projeto que supera US$ 15,8 bilhões e tenta convencer a Argentina a permitir a venda de parte da energia que lhe corresponde a outros países.
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